Capitulo 13

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Jenna

No segundo em que Emma falou de “Introdução à Ficção”, eu sabia que ela estava na minha eletiva.

Sorrio e estico as pernas, batucando com o lápis no caderno enquanto o
professor — ou, como ele pede para ser chamado, Jon — começa a fazer a
chamada na frente da sala. Ela ainda me deu esporro por causa de atraso.

Levanto um pouco a mão quando ele chama meu nome, e uma garota de
mechas vermelhas desbotadas que se senta duas cadeiras à frente da minha se vira
um pouco para trás e me olha de cima a baixo, como faz toda aula. Desvio o rosto para nem sentir a tentação de piscar para ela, e foco o olhar na porta de madeira quando Jon chama:

— Emma Parker?

Mas Emma Parker não está em lugar nenhum.

— Tem uma Emma aí? — tenta de novo, e a maçaneta gira como se aguardasse
a deixa, revelando uma pessoa desgrenhada e conhecida.

— Presente! Desculpa — guincha Emma da porta, alisando o cabelo castanho
e ajeitando a camisa, arregalando os olhos ao me notar.

Sorrio para ela, dando um tapinha na cadeira vazia ao meu lado.
Naturalmente, ela me lança um olhar de ódio que compensa eu ter precisado
correr três lances de escada do lado oposto do prédio para chegar antes.

— Sente-se, srta. Parker — diz Jon, olhando para ela por cima dos óculos. — A aula começa às onze.

Emma murmura um pedido de desculpas, procurando outra opção de lugar na
sala antes de se largar, furiosa, na cadeira ao meu lado.

— Por que você não me mostrou o caminho, se sabia que eu estava na mesma
aula? — sibila ela, quando o professor nos dá as costas.

— Emma — digo, cruzando as pernas. — Não posso consertar sua vida
amorosa e seu GPS interno. Sou uma só.

Ela revira os olhos e pega um fichário e uma edição surrada de Noite de reis,
uma das minhas peças preferidas de Shakespeare e leitura obrigatória para as duas primeiras semanas de aula.

Jon começa a falar dos temas nas páginas que já lemos e as palavras que Emma
disse na biblioteca me voltam à mente.
Bom, obviamente você não sente a mesma intensidade pela sua namorada, senão não
ficaria flertando com a Cora na festa.
Não consigo nem aproveitar a aula sobre a porcaria da minha peça preferida
porque não supero o quanto aquilo me incomodou.

Assim, ela provavelmente nem nunca beijou ninguém! Como pode saber do
que está falando? Sacudo a cabeça e olho de relance pela janela, vendo os universitários passeando à toa do outro lado, e sinto a pele formigar quando vejo o reflexo de Emma.

— E você?

Pisco, retomando o foco quando noto o professor olhando diretamente para
mim e algumas cabeças viradas em minha direção. Ele empurrou os óculos até
quase caírem do nariz, e me olha por cima deles com aquela arrogância
professoral que é a pior coisa do mundo.
Emma levanta as sobrancelhas, amando a situação.

Pigarreio e forço um sorriso confiante.

— Quem? — pergunto, olhando para um lado e para o outro. — Eu?

— Sim — diz ele, mais esnobe impossível. — Você.

O olhar de condescendência dele é quase de pena. Como se eu não tivesse lido
essa peça cem vezes. Como se essa lésbica aqui não tivesse visto religiosamente a
adaptação cinematográfica com Helena Bonham Carter mil vezes mais.

𝐄𝐥𝐚 𝐟𝐢𝐜𝐚 𝐜𝐨𝐦 𝐠𝐚𝐫𝐨𝐭𝐚 | 𝐉𝐞𝐦𝐦𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora