Louis caminhava calmamente, planejando voltar para casa usando o mesmo caminho que havia feito para chegar até ali. A cesta que carregava em um dos braços batia contra sua cintura por conta dos movimentos que fazia ao andar. Mas ele não se importava com esse pequeno detalhe. Estava ocupado demais mantendo seu livro favorito a altura de seus olhos, para ser capaz de degustar e aproveitar cada palavra dele, mesmo que já lida e decorada.
Foi agindo dessa forma que não percebeu diferentes movimentações ao seu redor, nem quando Zayn parou a sua frente, mesmo que em uma distância quase mínima.
Louis só notou a presença do homem, quando este abriu a boca.
— Olá Louis. – cruzou os braços, arqueando uma sobrancelha. O garoto a sua frente parou de andar, consequentemente deixando de esconder seu rosto atrás do livro e sorrindo para Zayn.
— Bom dia, Zayn. – Louis continuaria sorrindo, mas mudou de planos ao que Zayn, em um único e certeiro movimento, pegou o livro que antes estava em suas mãos e começou a folheá-lo, como se realmente estivesse interessado em entender o conteúdo daquelas páginas. – Zayn... – suspirou, sabendo que aquele ato era típico do homem, que demonstrava esbanjar superioridade. – Me devolva o livro.
— Como você consegue ler isso? – o homem comentou, ignorando o fato de que Louis o rodeava, desesperado para ter seu livro de volta. – Não tem figuras.
Louis cruzou os braços, revirando os olhos.
— Você só precisa usar a imaginação.
— Louis... – Zayn começou, parecendo estar indignado. – Já é tempo de você afastar a cabeça desses livros e dar atenção para coisas mais importantes... – disse, fechando o livro e chacoalhando-o um pouco em uma de suas mãos antes de arremessa-lo para um canto qualquer no chão empoeirado. – Como eu. – arqueou uma sobrancelha, assistindo o garoto correr em direção ao livro jogado. – A aldeia inteira fala disso... Como um menino pode ler tanto?
O garoto, já com o livro em mãos, observava os movimentos do homem. Mantinha uma carranca no rosto, ainda sentindo-se irritado pela atitude de Zayn, que continuou não se importando e colocando suas opiniões para fora.
— Logo você vai começar a ter ideias... A pensar. – fez uma careta, como se aquela fosse a hipótese mais absurda que pudesse existir,
Louis não conteve o sorriso.
— Zayn, você é um homem primitivo. – comentou, colocando o livro de volta na cesta.
A risada do homem fora clara, assim como sua aproximação.
— Ora, obrigado Louis. – olhou para baixo, a fim de encarar o rosto do garoto com mais facilidade. Com uma das mãos, pegou o braço livre de Louis, puxando-o para mais perto de si. – O que me acha de darmos uma volta, uh? Podemos ir até a taverna, quero te mostrar alguns troféus...
— Talvez... – Louis começou, torcendo o nariz. – Em outra ocasião. – desvencilhou-se rapidamente do toque do homem, começando a se afastar.
Um grupo de garotas observava aquela cena, indignadas pela atitude do menino dos olhos azuis.
— Perdão Zayn, mas eu não posso. – encarou-o com o cenho franzido, agarrando ainda mais a cesta que carregava. – Eu tenho que ir ajudar a minha mãe. – começou a dar curtos passos em direção a estrada que iria leva-lo até sua casa, virando-se para encarar Zayn uma última vez. – Até logo.
O homem permaneceu estático em seu lugar, momentos depois percebendo a presença de Shahid ao seu lado. O ajudante começou a gargalhar repentinamente, chamando a atenção de Zayn, que o encarou confuso.
— Aquela velha maluca está precisando de muita ajuda. – comentou, continuando a rir de forma alta e escandalosa. Zayn o imitou, ajudando na formação de sons histéricos e exagerados.
— Não falem da minha mãe desse jeito. – a voz de Louis fora ouvida. O homem e o ajudante pararam no mesmo instante, encarando o garoto de braços apoiados na cintura e expressão séria, além de bater um de seus pés constantemente contra o chão.
Zayn mudou sua postura de forma repentina, enrugando a testa e dando uma cotovelada em Shahid, que se assustou com a revolta do homem.
— É. – afirmou, cheio de razão. – Não fale da mãe dele desse jeito.
— Minha mãe... Ela não é louca. – Louis afirmou, suspirando em seguida.
Zayn e Shahid mantinham as bocas fechadas, tremiam os ombros, e se seguravam para não rir.
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beastly // larry stylinson
Teen FictionFrança, 1891. Louis vive em uma aldeia centralizada num interior quase inexplorado em algum lugar da região francesa. É um jovem inteligente e totalmente estranho aos olhos dos moradores locais, assim como a própria mãe, que é vista como alguém que...