𝕹ão havia muito espaço dentro do carro. Ou pelo menos era o que ele achava, já que seu rosto foi coberto por um pano fedido assim que adentrou o banco de trás. Também foi algemado. Ele e um dos caçadores estavam tão apertados um contra o outro ali que ele precisou encolher as pernas.
"É verdade que eu preciso convidar um vampiro para ele poder entrar na minha casa?" Perguntou ele descontraído, como se não tivesse com o cano da espingarda espetando a costela de Castiel.
"Não," respondeu, mesmo que falar arranhasse a sua garganta seca, especialmente agora com um humano tão perto.
Tinha vontade de dizer que, inclusive, achava esse rumor ridículo. Espaços são espaços, não pertencem a ninguém e, por isso, não precisam de permissão para entrar. É apenas uma formalidade.
O caçador estalou a língua.
"Ouviu isso, Sammy? É tudo inventado. Esses filmes são uma porcaria."
Sammy não respondeu. O restante do caminho foi repleto de perguntas como "Vocês podem comer alho?", "Vocês dormem em caixões? e "Vocês tem uma rixa com lobisomens?"
Após uns dez minutos disso, ouviu o carro roncar algumas vezes até desacelerar. Foi quando finalmente tiraram o pano podre do rosto dele. Olhou pela janela e achou que estavam em algum tipo de oficina de automóveis falida.
Era um belo lugar para descartar um corpo.
Ainda escoltado grosseiramente pelo cano da arma, ele saiu do carro e seguiu andando sem rumo pelo labirinto de lata velha. Aproveitou o silêncio para pensar no seu final terrível. Morreria naquela noite ou os caçadores planejavam torturá-lo por informações primeiro?
"Não tenho valor como refém ou informante," disse Castiel. "Morrerei com honra."
Sammy bufou, parecendo mais enfezado depois de ouvir isso. Por outro lado, o outro humano parecia tentar conter o sorriso. Os três seguiram o restante do caminho em silêncio.
Após muito caminhar, por fim, pararam de frente a uma casa de dois andares que parecia antiga e abandonada como o restante do local. Eles abriram a porta da frente e ela gemeu alto, deixando um pouco de poeira cair no topo da cabeça deles.
Quando entrou na casa e a porta se fechou atrás dele, o vampiro não pode deixar de notar o odor forte de doença preenchendo o ar. Estava misturado com uma centena de outros cheiros, mas ele tinha certeza.
Tinha cuidado de soldados doentes e feridos o suficiente para reconhecer àquele padrão.
Lá dentro, por cima de móveis e eletrodomésticos, descansavam pilhas de livros. Num canto, armas, em outros, livros. Algumas garrafas de cerveja. E mais livros. Havia tantos espalhados pela sala que Castiel precisou tomar cuidando onde pisava.
"Chegamos!" Os dois caçadores gritaram juntos.
Ficaram uns segundos parados e esperando uma resposta, mas ela não veio.
"Bobby?"
De novo o silêncio. Sammy e o outro trocaram um olhar cúmplice.
"Vou checar ele," disse o caçador antes de sumir pelo corredor.
Então restou Sammy para puxar o vampiro para outro canto da casa, descendo as escadas.
Era uma espécie de porão, exceto que estava repleto de símbolos e feitiços pintados nas paredes. O cômodo cheirava à suor, mofo e... enxofre. No centro, tinha uma única cadeira com amarras de couro nas laterais.
Devia ser o quarto da tortura. O vampiro se perguntou quantos demônios ou criaturas como ele teriam morrido ali, pelas mãos daqueles humanos. Como já esperava, foi obrigado a sentar na cadeira.
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Sombras em Lawrence • Destiel
Vampiros✞ Durante uma dessas frias noites no condado de Lawrence, Castiel é abordado por uma dupla de caçadores experientes. ✞ Destiel | Vampiro! Castiel | Caçador! Dean