Capítulo 4-Deus grego ou americano?

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Após dez minutos que pareciam uma eternidade, finalmente estávamos à frente da casa de Neton. Embora ele pareça ser uma pessoa comum, ainda não saiu da minha cabeça a hipótese de ele ser um psicopata. Ao entrar dentro da casa deparei-me com duas meninas a correr e a rirem-se. Uma delas tem cabelo castanho e a outra loira. Ambas tinham olhos azuis e eram por volta da minha altura. No entanto, Neton decidiu interromper a gritaria:

-Cristine, Lina parem! - gritou ele e no mesmo instante as duas voltaram-se para nós com uma cara surpresa.

-Desculpa Neton, não sabia que a tua namorada vinha cá - disse a morena ironicamente.

-Achava que estavas a jogar em outro time - acrescentou a loira e as duas riram-se.

E eu estava lá com uma cara de batata sem saber onde me meti ou o que fazer.

— Não ligues para elas. As duas bateram com a cabeça no chão quando nasceram - informou e pegou na minha pequena mala de viagem e colocou-a no chão.

-Sabem se o Zander já chegou? - questionou Neton tirando o seu casaco e colocando-o em cima do sofá.

— Ele deve sair do trabalho agora - disse uma delas.

— Então meninas, esta é a Alika, ela vai ficar com o último quarto. Alika a loira é Cristine e a morena a Lina - explicou ele e as meninas ficaram muito animadas.

-Ah! Finalmente temos a maioria feminina nesta casa, assim em vez de ver Velozes e Furiosos, vamos ver o Diabo Veste Prada - exclamou Cristine.

-Concordo - respondi sorrindo.

Fomos até ao meu novo quarto, onde tinha apenas uma cama individual simples, uma mesa de cabeceira, um guarda-roupa e uma pequena mesa que julgo ser a secretária. Não era luxuoso, mas servia para o gasto.

— Muito obrigada a todos, gostei do quarto, mas este mês não sei se consigo pagar o valor todo, pois ainda não arranjei emprego - expliquei-me eu olhando para as minhas mãos um pouco ansiosa pela resposta deles.

— Não há problemas, quando arranjares emprego pagas o aluguel em atraso - disse Lina.

Quando estava prestes a agradecer ouvi chaves e alguém entrou pela porta, todos nós saímos do meu novo quarto e lá estava ele. Tinha a altura de um jogador de basquete, cabelo castanho escuro e olhos da mesma cor. Tinha braços musculosos e podiam encontrar-se algumas tatuagens ali e aqui. Estava com uma mala às costas e um pouco suado. Parecia que tinha saído da capa de uma revista. Quando reparou na nossa presença, mudou a sua expressão para uma de interrogação.

-Olá? - disse ele olhando-me de cima a baixo. Eu fiquei um pouco desconfortável, mas tentei manter a postura. Do nada todos ficaram em silêncio e apenas olhavam uns para os outros.

— Zander é a nossa nova colega de casa Alika. -Cristine começou.

-Olá, eu sou Alika - sai de trás de Neton e fui até ele estendendo a minha mão. Os seus olhos mais profundos do que o oceano Atlântico analisavam cada detalhe do meu rosto, senti a sua mirada nos meus lábios, mas logo desviou e estendeu a mão também.

— Zander, Zander Benson, muito prazer - as nossas mãos tocaram-se e eu pude sentir o seu calor que contrastava com as minhas mãos superfrias.

— Ela é amiga de quem? - Zander perguntou.

-Minha - disse Neton.

-Sério Net, achava que jogavas em outro time - riu-se alto seguido das meninas, vi que Neton ficou de cara fechada.

-Acho que estou a ter um dejá vu - adicionei e rimos todos.

Saímos do pé da porta e fomos para a sala de estar. Era a maior sala sem dúvida, tinha um grande sofá, uma cozinha pequena, várias estantes com coisas aleatórias e uma longa mesa.

— Então já viste o teu quarto? - perguntou Zander tirando um copo e enchendo-o logo a seguir.

-Sim, é muito lindo e aconchegante.

-Nós vamos-te ajudar a decorá-lo, mas acho que agora precisas de encontrar um emprego - disse Lina.

-Concordo, mas sinceramente não sei como se procura - confessei e todos se riram.

-Nunca trabalhaste? - interrogou Neton.

-Já na empresa do meu pai... - só me apercebi no final o que estava a dizer.

-Na empresa do teu pai, não tinhas dito que não tinham condições financeiras?

-Sim, o meu pai tinha uma pequena empresa, mas faliu devido à quarentena - menti mais uma vez, acho que isto é o meu novo talento, mas não podia revelar quem era. Fiquei feliz que ninguém me reconheceu, eles devem não ler jornais e revistas.

-Ah já entendi! Não é muito complicado procurar, difícil é aceitarem-te - acrescentou Cristine.

Depois de um momento, vi que já eram sete horas da noite e perguntei.

-Sabem algum sitio barato para jantar?

-Haha não te preocupes com isso, aqui temos um cronograma de quem cozinha quando, a partir de amanhã entras também - Lina disse.

-Hoje temos Lasanha que o Zander cozinhou ontem e alguns restos de batatas fritas do almoço.

-Parece delicioso - comentei e olhei para ele que deu um leve sorriso. Eles puseram a mesa e eu tentei ajudar ao pôr os copos na mesa enchendo os de icedtea.

— Então Net, como correu o trabalho hoje? - Cristine começou.

-Ah nem me fales tive de criar três vestidos numa hora e meia, mas pelo menos consegui acabar tudo.

-Vocês trabalham? - perguntei e todos assentiram com a cabeça.

-Eu sou professora de Inglês numa escola de crianças - disse Cristine.

-Eu sou jornalista - acrescentou Lina.

-E tu? - perguntei diretamente a Zander. Não sei explicar, mas sentia uma energia estranha perto dele. De conforto, mas ao mesmo tempo um pouco negativa.

-Trabalho com construções - disse seco e rápido.

-Cool - respondi da mesma forma.

-Como se conheceram com o Net?-perungotu Lina

Eu e ele começamos a rir-nos.

-Podemos dizer que o nosso encontro foi um poocuo estrnaho e rápido.

Todos estavam a olhar-nos com uma cara estrnaha.

-Fala mais sobre ti - Cristine exigiu. Estava um pouco nervosa, pois não queria mentir, mas era necessário, se eles soubessem a verdade poderia tornar as coisas muito complicadas, e também não queria pôr o nome da minha família no meio.

— Eu sou daqui e morava com os meus pais, mas eles expulsaram-me de casa, pois não queriam um peso como eu nas suas vidas, e também porque depois do meu pai falir ficamos sem muito dinheiro e eles culparam-me, pois os meus estudos eram caros - mentira após mentira, nem eu sabia como inventei esta história.

Todos ficaram em silêncio por um momento até alguém intervir.

-Alika vou ajudar-te a arrumar as coisas e depois podemos ver um filme ou algo do tipo - disse Lina.

Eu concordei e continuei a comer. Que dia estranho de manhã ia morrer, pois, não queria casar-me e agora estou na casa de estranhos e estou a comer lasanha feita por um deus grego, ou melhor, americano...

(Oi pessoal, tudo bem? A tensão entre Alika e Zander está a aumentar. Até que ponto ela vai mentir sobre a sua vida? Deem uma estrelinha e obrigada pelo apoio.)

-a autora Yoanna Vladimirova

O Contraste da FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora