único.

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author's pov.

Mais um dia. Mais uma hora se passava e Joong não conseguia entender o porquê de ter que ser assim.

Ele estava deitado na grama, olhando os pássaros no céu desde a manhã. Já se passaram horas, e vários conjuntos de pássaros juntos já voaram por ali. Ele observava cada um com atenção.

Não era justo com ele e nem com ninguém que passasse por isso.

Se sentia triste. Como um pássaro solitário.

Bandos e bandos passavam por ele, alguns até ficavam um pouco mais do que os outros, porém sempre tornavam a voar. E ele não podia voar também.

Não sabia se suas asas estavam quebradas ou o quê, mas era desmotivante a sensação de nunca conseguir seguir com os outros pássaros.

Porém...

Um dia, um pássaro se desviou de seu bando. Ele sentiu empatia por Joong. Ele o cumprimentou, se apresentou. Seu nome era Dunk.

"O que você faz aqui sozinho?", perguntou Dunk para Joong, notando seu semblante triste, carregado visivelmente de dor.

"Eu.. Não consigo voar. Não consigo seguir em frente com aqueles que chegam até mim."

"Poxa... Eu sinto muito. Isso não é justo."

Dunk sentiu a solidão que acompanhava o outro e sentiu empatia pelo mesmo. Não merecia ser tratado assim pela vida. Por que ninguém ficava com ele? As pessoas não permaneciam para cuidar dele de jeito algum?

"Mas é a vida. Não tem muito o que fazer a não ser permanecer aqui, esperando o próximo bando vir e assisti-lo partir novamente, assim como todos os outros..." assim respondeu Joong.

E o outro então, "É mentira!", estatou.

Deixou o pássaro solitário com um olhar confuso em sua direção.

"Eu posso permanecer aqui com você. Assim você não precisa mais olhar eles virem e irem completamente sozinho. Eu vou olhar eles chegarem e partirem aqui, com você."

"Você... Faria isso por mim? Mas a gente mal se conhece."

Dunk ponderou por um instante, mas logo tornou a atenção ao outro novamente.

"Não tem problema. Eu nunca vi tantos bandos e revoadas assim, como você menciona. Então, não é como se fosse tão diferente de estar sozinho como você."

"Então a gente pode conhecer novos pássaros que por aqui passarem, sem você sair do meu lado?"

Dunk sorriu, vendo a animação de Joong, que claramente nunca havia vivido isso antes alguma vez.

"É. Tipo isso."

E assim foi. Eles passaram muito tempo juntos, vendo pássaros diferentes e novos, alguns que permaneciam por mais e outros por menos tempo. Mas no final de tudo, sempre restavam apenas os dois no final do dia, lidando com as despedidas juntos.

Construíram um ninho, falavam sobre seu futuro, sobre quando Joong conseguisse voar algum dia, sobre quantas aventuras enfrentariam juntos. E sempre juntos.

As estações iam e vinham, mas eles nunca se separavam.

Podiam ocorrer desentendimentos, porém Dunk sempre voltava, e Joong sempre estava ali no ninho, o esperando.

Mas, depois de um tempo...

"Joong?", indagou Dunk ao outro pássaro.

"Oi, meu bem?"

Um olhar preocupado fez-se mister na face de Joong, que percebia o seu parceiro apreensivo em sua frente.

"Você... Já consegue voar, né?"

Joong se surpreendeu. Ele não estava esperando por esse questionamento repentino.

"Do que você está falando? Eu estou aqui com você, meu bem. Não vou à lugar algum."

"Eu sei, Joong... Mas você já consegue voar. Eu percebo isso em você já faz um tempinho.", estatou com certeza.

"...Aonde você quer chegar com isso, meu bem?"

Dunk respirou fundo, segurando suas lágrimas.

"Eu sinto que estou te prendendo. Isso não é justo com você.", ele continuou falando, porém sem olhar nos olhos de Joong. "Você já pode voar, e seguir em bandos com outros pássaros. Ver o mundo. Mas você está aqui comigo, mesmo podendo voar. Você permanece aqui."

"É claro que sim! Eu te amo, Dunk. Eu quero permanecer aqui."

Não, isso estava errado. Isso estava equivocado para Dunk.

"Joong, não... Eu não quero te prender aqui comigo. Você merece viver a vida de um pássaro normal, feliz e livre por aí."

"Mas eu não quero ser livre. Eu quero você."

Isso era difícil para ambos, e Joong não entendia o porquê disso estar acontecendo. Não justo agora. Ele havia escondido tão bem que já conseguia voar, tudo pra não deixar o lado de Dunk.

"Me desculpa, Joong. Eu te amo, tá? Não sei explicar... Mas só saiba que eu te amo muito. Você merece viver livre e feliz também."

Dunk se aconchegou ao lado de Joong, que estava confuso, por uma última vez.

Quando Joong acordou, seu companheiro não estava mais ao seu lado.

Dunk partiu. Assim como os outros bandos fizeram.

A diferença foi que Dunk conseguiu curar suas asas quebradas, e agora Joong poderia viver como os outros pássaros aí afora, mas ele não queria isso. Ele queria Dunk.

Infelizmente ele sabia que ele não podia fazer nada a respeito disso mais, e não entendia o motivo da vida estar sendo tão cruel consigo desse jeito.

Ele queria ser livre, mas ele queria Dunk, por que não poderia ter ambos ao mesmo tempo? Era pedir demais?

Aparentemente, sim.

E enquanto pensava sobre isso, voltava a perceber a realidade que comparava com os pássaros que voavam no céu.

Piscou algumas vezes, voltando a visão ao seu celular, que descansava em sua barriga enquanto estava deitado ali na grama.

Já eram quase duas horas da tarde, precisava almoçar e dar segmento ao seu dia.

Levantou daquela grama, pegando seu celular e levando junto consigo. Abriu seu aplicativo de mensagens, antes de entrar em casa.

Lá estava, mensagens de uma semana atrás de um contato nomeado como "dunk :)", e após isso, nenhuma outra mensagem até agora.

A última mensagem que podia ver era...

"Obrigado por estar aqui, obrigado por entender, obrigado por ser você, no final, e tentar sempre o melhor"

Desligou a tela, sentindo uma lágrima escorrer por seu rosto ao ler aquela mensagem pela décima vez novamente apenas naquele dia.

Acabou. Mas Joong precisava voar em frente, e ele sabia disso.

Só era muito difícil ter que fazer isso, o que tanto pensou por muitos anos, sem a presença do seu amor ao seu lado.

Estava doendo. E ia continuar doendo pra vida inteira, mas ele precisava lidar com isso.

E isso não quer dizer que ele precisava esquecer Dunk, afinal, nem se quisesse ele conseguiria. Porém, viver com a memória de uma asa amiga que não estava mais ali ia ser difícil.

No final de tudo, Dunk realmente lhe fez companhia, mas ele esqueceu de um detalhe muito importante:

Alguma hora, todo mundo voa. E sempre em direções diferentes, apesar de sempre querer voar ao seu lado.

a flock of birds 🕊️ [joongdunk]Onde histórias criam vida. Descubra agora