Dia quatro

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Um fato que Harry havia acabado de descobrir sobre si mesmo: ele era péssimo no jogo de vinte e um. Talvez a vida dele fosse ao contrário daquele famoso ditado – ele conseguia ter azar no amor e no jogo.

De certo modo, toda a manhã daquele quarto dia de cruzeiro, passada dentro de um cassino, acabou deixando Harry apenas deprimido. A atmosfera do local ficava bem distante da depressão, só se ouvia risadas, conversas animadas e gritos de comemoração, mas, para Harry, foi apenas perda atrás de perda – sem ironia: de dez rodadas de vinte um (ou blackjack) ele havia perdido exatamente dez.

– A gente já pode ir embora? – Harry perguntou, em pé atrás de Gemma, observando a irmã ganhar mais uma rodada (Harry havia oficialmente desistido de jogar). – Eu pensei que você quisesse conhecer mais da cidade, Gemma.

– Isso foi antes de eu começar a ganhar dinheiro. – ela respondeu, com um sorriso vitorioso no rosto.

– Sinceramente, até eu já quero sair desse lugar. – Niall comentou, parando ao lado de Harry e lhe entregando o drink que ele havia ido buscar no bar – Preciso parar de tomar essas bebidas e beber uma cerveja.

– Só mais uma rodada. – Liam disse, mesmo depois de ter perdido.

Harry revirou os olhos e deu um gole na sua bebida de cor duvidosa. Fez uma careta por conta da vodka, que estava forte e queimando, e olhou ao redor, por todo aquele ambiente de chão vermelho, decoração questionável e luzes fortes, passando os olhos pelas pessoas nas outras máquinas e ignorando a comemoração de Gemma atrás de si, que havia acabado de ganhar mais uma rodada.

Como sempre, seus olhos foram fisgados como um peixe pela isca no anzol. Só a alguns metros dali, andando por aquele mesmo piso vermelho, Louis também teve seus olhos fisgados e parou de andar subitamente quando se viu encarando Harry, só a cerca de vinte passos de distância. Dylan continuou andando, só notando que Louis não estava mais ao seu lado milésimos de segundos depois e então voltando para encontrá-lo estático naquele ponto do cassino.

– Sério, parece que a cidade é minúscula. – Dylan comentou, realmente surpreso. – Como vocês sempre dão um jeito de se encontrarem?

– Deve ser alguma piada de muito mau gosto de quem controla as nossas vidas. – Louis disse, pigarreando e dando as costas para Harry, passando a andar em outra direção, de modo que a cada passo se afastava mais.

– Você está falando de Deus? Ou de "alguém" como se fôssemos personagens de um jogo?

Louis franziu o cenho, sem entender o raciocínio de Dylan.

– Eu vou só te ignorar. – respondeu, balançando a cabeça.

Dylan deu de ombros.

– Era uma dúvida genuína. Enfim, já sabe como vai contar para o Nick que o cara para quem ele fez uma sessão de fotos e que está no mesmo navio que vocês pelos próximos 26 dias é seu ex-namorado?

– Eu não vou contar.

– Você vai se complicar...

– Eu não vou me complicar. – Louis disse, parando abruptamente, um pouco antes de eles chegarem até a máquina em que Zayn e Nick estavam jogando; ele abaixou o tom de voz para continuar falando com Dylan: – Não vou me complicar porque tudo o que Nick sabe sobre Harry é que eu tive um namoro na Universidade que durou por alguns anos e que terminou de uma maneira complicada dois anos antes de eu conhecê-lo. Ele nem sabe o nome do Harry. Nunca fomos muito explícitos sobre o nosso passado porque não existe necessidade, o que eu e o Nick temos é mais forte e significante do que qualquer outra coisa que já passou pela nossa vida. Por isso eu não vou falar e por isso não vou me complicar.

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