Capítulo 2

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O som da música ao vivo intensificaram a dor de cabeça latejante de Heloísa. O bar estava lotado, ela suspirou, esfregando as têmporas, enquanto sua melhor amiga voltava para a bancada com mais dois copos de cerveja. Estavam esperando alguma mesa vagar, mas pelo jeito iriam passar a noite no balcão

- Amiga, por que o Marcelo está sendo tão idiota? Contratar um advogado assim... é quase como se ele estivesse tentando tornar tudo o mais difícil possível para você desistir - Maitê não estava nem de perto bêbada, mas segurar a língua quando o assunto era falar mal de Marcelo nunca foi seu forte

Heloisa pensou em não beber, mas estava cansada de ser sensata. Já fazia uma semana desde que encontrou aquele advogado de porta de cadeia e desde então não teve mais nenhum dia de paz. Stênio aparecia na sua delegacia diariamente, quando não era para se reunir com seu ex-marido ele atrapalhava alguma investigação dela representando algum de seus suspeitos, mesmo que não fosse advogado daquela área legal. Parecia que ele passava a tarde esperando na porta aguardando uma chance para entrar. Ela não aguentava mais ter Stênio Alencar 24 horas na sua cabeça, ela queria esquecer, mesmo que apenas por uma noite, por isso deixou a filha com a tia e resolveu sair com a amiga para espairecer

- Isso é exatamente o que ele está tentando fazer - Helô tomou um longo gole de sua cerveja - Ele deixou bem claro que não quer o divórcio... quer tentar novamente

Maite olhou para ela com cautela - E você?

- Ele me enganou, Maite - Ela disse com o peito apertando com as lembranças horríveis - Usou um dinheiro que era para a nossa filha. Se pelo menos eu o amasse acho que poderia tentar, mas eu não consigo fingir mais. Eu me casei apenas pela minha filha, mas nem o papel de pai ele soube fazer direito. Você sabe quantas vezes tive que confortar Drika enquanto ela chorava até dormir porque ele esqueceu a hora da escola ou porque não estava lá para dar boa noite? E olha que eu quase não saio daquela delegacia e mesmo assim sou mais presente do que ele

- Ele sempre foi um idiota - Maite disse com desdém - Sempre te disse que você não precisava ter se casado com ele quando engravidou da Drika, mas uma andorinha não faz verão

- Ai Maite, já reparei que fiz burrada - Helô reclamava, mas era verdade Maite era a única pessoa que a policial deixava ser sincera com ela, por isso foi a única pessoa contra esse casamento - Mas agora pode escrever, nunca mais vou ter um relacionamento sério que não seja com o meu trabalho

Uma risada rouca as interrompeu, Helô virou para trás para ver Stênio Alencar se aproximando, chamando o garçom

- O que você está fazendo aqui? - Heloisa resmungou quando ele não falou mais nada, na delegacia ela até entendia encontrá-lo, mas em um bar em Vila Isabel, do outro lado da cidade já parecia perseguição demais

- Aqui sua cervejinha, doutor Stênio - O garçom sorriu, entregando um copo trincando - Vai querer os bolinhos de feijoada?

- Hoje não Joel, muito obrigado - Stênio encostou o quadril ao lado livre de Heloisa enquanto o garçom ia embora - Eu venho sempre aqui, mas parece que começou a ser mal frequentado de um dia para o outro - Seu tom era provocador e brincalhão

- Se o frequentador mais fiel for um advogado que aceita qualquer suspeito como cliente, não sei como isso pode piorar - O ar estava quente, vibrando entre eles como uma coisa viva, enquanto ele a observava

- Todos somos inocentes até que prove o contrário - Stênio tomou um gole da cerveja sem tirar os olhos da morena a tensão no ar poderia se cortada com um faca

Maite limpou a garganta e desceu do banco, dando alguma desculpa sobre ter visto um velho amigo no fundo do bar, Heloisa estreitou os olhos para a amiga que a abandonava sozinha com aquele advogado, sabendo muito bem qual era a intenção dela

Sampaio X AlencarOnde histórias criam vida. Descubra agora