Capítulo 11

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Helô chegou em casa se sentindo mais culpada do que nunca. Stênio havia prometido a ela e à filha que não se separariam e cumpriu essa promessa. Ele falou com Marcelo e o fez ver o bom senso, foi o grande motivo, para Drika estar com ela, dormindo em seu quarto agora

A policial desbloqueou o telefone e começou a digitar

Obrigada, Stenio

A resposta surpreendentemente veio antes mesmo que ela continuasse o que queria dizer

Não foi nada. Estou feliz que você conseguiu o que queria

Ela franziu a testa, o advogado deveria estar mais bravo do que ela imaginava, afinal não perderia uma oportunidade como aquela de se gabar. Helô esperava que ele se deleitasse absolutamente com o sucesso do caso, que recebesse todo o crédito por isso. Quase quis que ele fizesse isso. Seria melhor que isso, que essa frieza, que essa indiferença

Você quer vir? Drika está dormindo

Ela arriscou mais uma mensagem. Quando ele não respondeu imediatamente, ela revirou o lábio inferior entre os dentes e tentou uma abordagem diferente

Eu prometo que vou ficar bem quietinha. Você pode até me amordaçar se quiser

Suas bochechas queimaram. Ela lutou contra a vontade de jogar o telefone do outro lado da sala, meio descrente de ter dito isso. Mas o relacionamento deles foi construído com base no sexo. Desde aquele primeiro dia em seu escritório, foi assim que eles se conectaram. Foi a base deles, era a maneira perfeita de tentar reconstruir alguma coisa

Stenio adorava sexo e ele nunca recusou

E ainda assim, o celular dela não tocou mais

Não tinha certeza como continuar, se deveria mandar mais alguma coisa ou esperar. Ficou tanto tempo casada que não fazia mais ideia de como era ter que correr atrás de alguém, muito menos como abordar alguém que ela havia machucado. Não que algum dia soubesse como fazer isso, seu maior problema na vida sempre foi o ego e não saber expressar os seus sentimentos. A única pessoa que tinha escutado um Eu te amo vindo dela era a própria filha, e mesmo assim sentia que não o dizia o suficiente. Ainda estava pensando em como prosseguir quando a campainha tocou

Ela colocou o celular sobre a mesa com um suspiro de derrota e foi abrir a porta. Seus lábios se abriram de surpresa quando viu Marcelo do outro lado. Ele parecia envergonhado, mudando o peso de um pé para o outro

- Posso entrar? - Perguntou após alguns momentos de silêncio constrangedor - Por favor?

Helô considerou dizer não, mas então pensou em Drika. Ela sabia que precisava chegar a algum tipo de acordo com Marcelo, mesmo que fosse nada mais do que uma convivência civilizada. Ela tinha que salvar alguma coisa das ruínas do relacionamento deles, mesmo que fosse apenas um olá educado ao passar a mochila de Drika para ele quando ele vinha buscá-la aos finais de semana - Tá meio tarde né, mas entra

Ele assentiu com gratidão e passou por ela

- A Drika tá dormindo - Explicou enquanto fechava a porta depois que ele passou

Ele se sentou à mesa da cozinha, os dedos tamborilando de forma irregular na superfície. Ela sabia que isso significava que ele estava nervoso. Havia uma distância entre eles agora, mas em um certo tempo ela sabia tudo sobre ele. Antes dessa indiferença que nem poderia ser chamada de ódio... ela se importava com ele

- Você quer uma água? - Perguntou como uma boa anfitriã

Marcelo balançou sua cabeça - Não, obrigado

Sampaio X AlencarOnde histórias criam vida. Descubra agora