1 | Handcuffs

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Ofegante, viro a terceira esquina apressadamente e não deixo de olhar para trás, para conferir se ainda estou sendo perseguido. Resmungo alto e fecho os olhos enquanto ainda corro, já me sentindo cansado.

Merda! Esse babaca é muito rápido, e todas as vezes está por perto quando pretendo assaltar alguma loja.

Que cisma ele tem comigo, afinal?! Não posso nem fazer meu trabalho em paz!

— Parado! Renda-se logo! — ele grita de longe, não demonstrando nenhum sinal de cansaço em sua voz, aparentemente. Por isso odeio policiais: esses cuzões parecem que tomam alguma droga que os faz demorar a se cansar, e isso só atrapalha meu serviço totalmente honesto.

— Tenta me alcançar, otário! — respondo num riso ao olhar para trás e lhe dar o dedo do meio. Simplesmente adoro provocá-lo, e hoje não seria diferente.

Mas isso me custou um preço. Infelizmente.

Ao não me dar conta do que está à minha frente, tudo acontece rápido demais quando me viro, não tendo tempo suficiente para raciocinar. Quando me dou conta, minha cara já bateu com força contra o poste filho da puta que estava no caminho e caio com tudo ao chão, gemendo de dor.

Quando não é um policial me incomodando, são objetos inúteis em meio ao escuro da noite.

Eu devo ser uma piada, só pode.

— M-Merda... — Tampo meu rosto enquanto ainda dói e me contorço no chão. Não consigo me recuperar para continuar fugindo, então Vegas logo me alcança.

Ele me puxa pela camisa e me arrasta até o muro mais próximo da rua, que é na entrada de um dos vários becos que têm por aqui. Resmungo baixo de dor ao ser prensado agressivamente contra a parede suja e áspera, tendo meus pulsos agarrados para trás do corpo.

Como já é madrugada, quase todos os estabelecimentos estão fechados e só é possível ouvir nossas vozes na rua. Por estarmos na entrada do beco, tudo o que é dito ecoa mais alto. Mas de nada adianta, pois não há quase nenhuma casa por perto para ouvirem meus gritos.

Mas a quem quero enganar? Mesmo se dezenas de pessoas ouvissem e aparecessem aqui, o que poderiam fazer? Chamar a polícia? Óbvio que não! Então, é inútil fazer um escândalo agora.

Bom, a única coisa que poderia acontecer era acabar hitando nas redes sociais em forma de meme. Até que não seria uma ideia ruim, mas não estou afim agora.

— Eu não aguento mais todos os dias ter que encontrar você e fazer isso, sinceramente — ele resmunga conforme pressiona ainda mais meu corpo, fazendo de tudo para eu não conseguir me desvencilhar e tentar fugir.

Sua mão é grande e consegue envolver meus pulsos com uma facilidade que, no fundo, me assusta. Me enforcar com essa mão ele não quer, né? Cuzão idiota. Só quer me prender praticamente todos os dias a troco de nada.

— Se não quer esbarrar comigo, é só me deixar quieto onde estou. Simples. Você que gosta de complicar as coisas.

— Ah, claro, porque eu devo te deixar assaltar lojas e bancos, né? — pergunta após tirar as algemas de alguma parte de sua roupa e prendê-las sem dó algum em meus pulsos.

— Mas é claro! Cada um faz o seu trabalho. — Dou de ombros, pois são apenas os fatos óbvios que saem da minha boca.

Por algum acaso menti? Não, eu sei! Agradeço por concordarem (vou fingir que todos aceitaram a minha verdade e que estão do meu lado, assim me encoraja ainda mais).

— Você é realmente sem noção, Pete.

— Uh, já até gravou meu nome. Pelo visto devo ser o único te dando trabalho esses dias — provoco-o e olho para trás, encarando-o de forma descontraída. — Por que você faz isso, cara? Podia ficar que nem os outros: sentado na viatura e coçando o saco. Ainda assim eles ganham o mesmo que você, tá?

PUNISH ME || VEGASPETE [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora