06. Não me solte

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- O que você está fazendo aqui? - a pergunta de Kenma saiu mais como uma ameaça para o mais velho.

Assim que Nozumi deixa Kuroo na porta do quarto, a mesma se retira rapidamente e desce as escadas em direção a cozinha, deixando-os a sós.

- Eu preciso- Kuroo é cortado.

- Conversar comigo? Não, pode ir embora, não quero mais... - os olhos de Kozume tomaram a direção da janela.

As palavras atravessaram o peito de Tetsuro como uma reclusa quase que imediata, ele não queria desistir ali naquele momento, não agora.

Ele fechou a porta do quarto, e então foi dando alguns passos em direção a Kenma, que ao observar o mais alto se aproximando, pulou da cadeira gamer e foi dando passos para trás.

- Não se aproxime...eu não quero você perto de mim... - a voz falha de choro recente de Kenma o fazia parecer vulnerável, um gatinho perdido.

Kuroo se perguntava sobre o porquê de tanto ódio e dor vindo de Kenma, ele que sempre foi tão seco e frio. Imaginou que, partindo, Kenma não ligaria.

Ele parou de andar assim que Kenma disse suas palavras rudes.

- Certo... - Kuroo dá um passo atrás e olha para o menor. - Eu só quero dizer que eu fui um idiota- Kenma o corta.

- E muito! - diz Kozume cabisbaixo.

- E que eu sinto muito. Minha intenção não era de causar dor Kenma...eu só não queria que a gente ficasse assim. - o maior quase gagueja na última palavra.

- Assim como? Estranhos? Incompletos, com dor, ansiedade, falta de ar e choros rotineiros, porque eu não sei você mas eu estou assim. - Kenma diz colocando as mãos em volta do braço.

- Me desculpa te causar tanta dor, eu não queria que você- e pela terceira vez Kenma o interrompe.

- É só isso que sabe falar? Que não tinha intenção, não queria, é essa sua insegurança e falta de coragem que fez com que tudo isso acontecesse. - o menor diz vendo que suas palavras sempre são como uma faca no pulmão.

- Eu não queria que você soubesse sobre...sobre... - Kuroo tenta procurar alguma palavra sólida.

- Sobre você gostar de mim?

...

...

Um silêncio ecoou pelo quarto, Kuroo manteu os olhos fitados em Kenma enquanto tentava formular alguma frase para responder sua suposição, mas nada surgia em sua mente, somente o alívio de Kenma já saber, e a tortura de ter causado dor ao mesmo por isso.

- Eu não sinto mais nada Kenma, foi só uma paixão passageira. - Kuroo diz olhando para baixo, e então Kenma ri meio sínico.

- Você olha para baixo quando mente, pelo menos isso eu sei... - o olhar de Kenma vai até o encontro do de Kuroo, percebendo que estavam se encarando, Kenma olha para baixo. - Eu senti sua falta, Kuroo...

O coração de Kuroo se ascendeu, mais para uma lareira explodindo do que para uma fogueira. Tetsuro deixou um sorriso bobo escapar dos lábios sem exitar.

- Eu também senti a sua, Kozume. - e finalmente o ar entre eles estava mais leve, mas a situação estava longe de ter acabado, havia mais, muito mais...

Kuroo encarou Kenma como nunca havia feito antes, sabia que o mesmo já estava ciente de seus sentimentos, então porque estava tão calado e receoso, porque não rejeitou Kuroo de uma vez, geralmente Kenma dá respostas, mas pela primeira vez, não havia nenhuma.

Tetsuro se aproximou do menor, vendo que ele ainda andava para trás com um certo medo. Então Kuroo para na frente do mesmo tocando embaixo de seu olho com o dedo indicador direito.

- Tem chorado, e não tem dormido novamente, não é? - o tom preocupado de Kuroo soou pelos ouvidos de Kenma.

- Insônia sempre foi o meu defeito, e os choros já estão parando. - ele desvia o olhar para o chão e dá um passo atrás ficando contra a parede, então suspira.

Kuroo o encara novamente, então respira fundo após uns segundos.

- Eu ficava me perguntando se iria doer tanto você não sentir o mesmo por mim, mas até que não me doeu tanto. - diz Kuroo forçando um sorriso, ganhando a atenção de Kenma. - Desde que pus os olhos em você, não deixei de notar e admirar nenhuma característica, desde sua estranha semelhança com gatos, aos fios de cabelos soltos. - ele solta uma risada baixa, e beija a testa de Kenma.

"Está tudo bem Kenma, eu não ligo que você não sinta o mesmo". Assim Kuroo vai andando para a porta do quarto.

Porém, Kenma agarra sua mão e puxa de leve, não ousando sequer olhar para os olhos de Kuroo, e assim que Kuroo tenta soltar sua mão, Kenma diz :

- Não me solte! - ele fecha os olhos e somente quando Tetsuro pareceu surpreso, Kenma o solta. - Eu quis dizer... não suma novamente...

Kuroo forçou um riso.

- Tá bem. - Ele saiu do quarto, fechando a porta logo em seguida.

Kenma tosse e cobre o a boca com a mão, e assim que abaixa, sua mão está coberta por sangue, o assustando.

- Eu me machuquei? - ele diz baixo, mas apenas limpa sua mão e fingi que nada havia acontecido.

Decalcomania - KurokenOnde histórias criam vida. Descubra agora