𝐷𝑒𝑣𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑟?

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𝒞𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 II

Acordo sentindo meu corpo pesado.
-que noite péssima- Falo pra mim mesma, olho pela janela e está tudo igual, o mesmo cenário que antes, mas com exceção de um apartamento.
Chego mais perto e vejo que acabaram de fechar a cortina.

-será que ainda tem gente normal?- me pergunto indo em direção a cozinha.
Pego meu cereal e coloco na tigela, pego o leite que eu deixei em um pote com gelo pra não estragar e começo meu café da manhã.
-certo, vamos ver se eu entendi o que tá acontecendo- pego um papel e uma caneta e começo a escrever-vamos lá, ontem foi dia 06/02 e as pessoas começaram a ficar malucas e se atacar, aposto que muitos estão em confinamento e muitos devem ter morrido...- mordo a tampa da caneta.
Suspiro.
-que merda ein, não pude nem ter um animalzinho de estimação-

Sempre foi meu sonho ter um gatinho e agora nunca vou ter, lavo minha vasilha e vou pro banheiro me lavar

Quebra de tempo

Estou sentada no sofá olhando pro teto, o tédio está começando a me dominar, nunca fui de sair nem nada, sempre fico em casa mas normalmente assistindo algum filme ou até mesmo lendo um livro.
Isso me deu uma ideia, pego um livro e meu MP3 e vou pra varanda ler. Minha varanda é coberta por aquelas grades de proteção, então fico mais tranquila.

Começo a ler meu livro enquanto tomo um gole do meu café, um tempinho se passa e já me encontro na reta final do livro quando sinto uma pressão no rosto.
Tiro meus fones e levo a mão no rosto.
-uma bolinha de papel? Merda será que fui contaminada?- corro para dentro pra lavar o rosto com tudo, medo começou a me consumir.
Volto com cautela pra sacada e vejo um cara debruçado na sacada dele, ele me olha e sorri, eu me escondo atrás da cortina com o coração acelerado.
Ele corre pra dentro do apartamento e volta com um caderno, ele começa escrever e eu coloco a cabeça pra ver oq tá escrito.
"oi, desculpa pela bolinha de papel :("
Entro e pego meu caderno e caneta.

"Por que uma bolinha de papel?"
Escrevo ainda na defensiva e o olhando atentamente.
Parado pra analisar ele é bem bonito, cabelo preto, e um bom físico.
Não consigo ver a cor dos seus olhos mas ele é bem gatinho.
Ele começa a abanar e eu saio do meu transe.

"Por que eu estava cansado de abanar pra chamar sua atenção. "
"Igual agora"

"Desculpe" escrevo me sentindo envergonhada.

"Deixa eu me apresentar"
"Me chamo Maicon e tenho 22 anos"
"E você?"

Mordo o lábio nervosa, será que devo me apresentar tbm? Até agr ele foi legal mas e se ele quiser meu mal... respiro fundo e começo a escrever.

"Me chamo Haru e tenho 20 anos"

Ele sorri e começa a escrever.

"Prazer em conhecer"
"Você mora ai a muito tempo?"

Faço sinal pra ele esperar e entro pra pegar algo pra comer, volto com um salgadinho e escrevo.

"Moro aqui desde o ano passado e você? Nunca te vi aqui"

Se bem que eu não saio de casa né, então é meio lógico eu nunca ter visto ele.

"Me mudei uma semana antes de tudo virar uma loucura"

Ouço um som de algo quebrando na casa dele e ele corre pra dentro.
Não o conheço bem mas meu coração aperta, será que um daquelas coisas entraram na casa dele? Será que ele vai ficar bem? Fico olhando preocupada e logo ele aparece.

"Oque aconteceu?"

Escrevo e ele coça a nunca soltando um suspiro.

"Foi a Lorena e a Sofia, elas pularam na mesa e quebraram um prato"

Lorena? Sofia? Será que é alguma namorada ou irmã? Mas pular na mesa...

"Minhas gatas"

Ele completa, deixo escapar uma risada frouxa e sincera. O homi já é bonito que só a peste e ainda tem gatos, é o combo perfeito.

"Me assustei pensei que pudesse ser algum deles que tivesse entrado"

Escrevo aliviada.

"Relaxa, sei me cuidar"
"E você, tem algum pet?"

Saio de trás da cortina e vou mais pra perto da sacada.

"Eu ia adotar um casal de gatos mas aí aconteceu tudo isso"
"Eu tinha até colocado essa tela pra poder adotar"

Faço bico e noto a hora, é a hora do meu remédio.

Corro pra dentro e procuro meu remédio, tomo e vejo que está escurecendo, vai ser difícil ler a placa.

Volto pra sacada e escrevo:

"Está anoitecendo, vou entrar"
"Até amanhã, se cuida"

Junto minhas canetas, caderno, livro e minha xícara.

Dou uma última olhada pra trás e dou um sorriso.

"Tá bom, até amanhã"
"Se cuida também, Haru"

Dou uma piscadela e abano com a mão cheia de coisa, coloco as coisas na mesa e fecho a sacada.

-Eta porra, tô conversando com um homi super gato- Falo tendo um mini surto.
-será que ele é confiável? Mas o que tem? Estamos longe um do outro, ele nao deve me fazer mal- pego a minha xícara e coloco na pia, Acendo uma vela e faço minha janta e me vem a mente.
Será que ele tem comida suficiente até isso tudo acabar? Ou ração pra dar pras gatas?

Mordo meu lábio pensando e termino de fazer a janta, como, e lavo as coisas.

Caminho até o meu quarto e fico observando pela minha janela o apartamento dele, não tem nenhuma luz lá, diferente da minha que tem apenas uma vela.

Deito na minha cama e mais uma vez deixo o sono me consumir e aceitando que o mundo morreu.

Não esqueça da ☆

Será que existe amor no meio do caos?Onde histórias criam vida. Descubra agora