Olá individuo
Não sei se de fato tenho um nome, nem lembranças de um passado distante, mas sei que tenho consciência, então existo.
Posso ter um corpo físico, consigo ver, enxergar, escutar, cheirar e sentir a textura das coisas com as mãos, então existo.
Existo, ou pelo menos tenho consciência a algum tempo, pois, a coisa mais antiga que me lembro, foi quando acordei flutuando no cosmo, de um coma que não me lembro de quando comecei, eu flutuava em meio ao espaço, com roupas sujas e velhas, meu cabelo bagunçado, e cicatrizes em meus braços e pernas.
Eu não me lembrei do que aconteceu e nem do porque estava fisicamente tão babélica, mas sabia, de alguma forma, do que eu era capaz.
Algo dentro da minha mente, em meu subconsciente, me fez ter uma repulsa pelo meu estado físico, uma vontade me alterar, me transformar, para um ideal impecável, perfeito.
E com as minhas próprias mãos, pude fazer um tecido, utilizando o espaço ao meu redor para fazer um vestido, usando estrelas, poeira, plasma, neutrinos, radiação, simplesmente tudo que componha os meu arredores, formando um vestido cintilante e denso.
Naquele momento, era como se eu fizesse parte do espaço, perdendo o meu físico e me juntando ao amontoado de estrelas.
Porem, em algum momento, pude sentir que me tornei algo físico outra vez, o vestido tinha um tecido que brilhava, colar e um par de brincos brancos que se pareciam com perolas, e um par de coturnos que tinham a sola dura como rocha.
Eu pude olhar para meus braços, e percebi que as cicatrizes agora estavam secas, deixando apenas marcas, marcas de um passado que eu não consigo me lembrar.
A partir daquele momento algo despertou dentro de mim, eu pude ter a mínima noção do que era capaz, eu aprendi que poderia manipular oque eu quisesse para fazer oque eu quisesse, eu tinha a capacidade de modelar os meus arredores com minhas próprias mãos.
Enquanto estivesse no espaço, poderia estar na minha forma física apenas flutuando, ou poderia me juntar ao amontoado de estrelas, conseguia fazer parte do ambiente, conseguia ser o ambiente.
E depois de descobrir isso, também aprendi que posso ir para onde eu quiser e quando eu quiser, podendo mudar de realidades, galáxias, planetas, independente do que fosse, eu poderia vagar pela imensidão do espaço apenas como uma recreação.
Após esta descoberta fantástica, comecei a vagar pelas dimensões, deslocando de planeta em planeta, observando todos os lugares possíveis, até que um questionamento me veio em mente, uma ideia que invadiu a minha mente, me trazendo pela primeira vez um proposito.
"E se em algum lugar, em alguma realidade, eu tive um proposito, eu fui alguém?"
Essa ideia me atingiu, até mesmo me desequilibrou mentalmente.
Em algum momento daquele meu devaneio, eu senti uma dor, uma ardência forte em meu braço esquerdo, olhei e percebi que uma cicatriz especifica que antes eram apenas cinco manchas alinhadas, agora tinha escurecido e até mesmo marcando as veias, era um tom escuro, nada natural.
aquilo foi como uma resposta para a minha percepção, talvez a resposta de que realmente tinha algo a ser procurado.
Eu sei o quão esplêndido possa parecer você ter todo o poder que você quer na palma da sua mão, porém, oque adianta tudo isso se você não tem um objetivo?
Antes dessa ideia surgir em minha mente, eu me sentia semiplena, era como se algo estivesse faltando, e só percebi isso quando tive minha revelação, talvez eu tenha sido algo, então, finalmente tenho uma causa, para vagar pela imensidão do nosso universo.
Eu vou encontrar o meu proposito, e descobrir quem eu fui.
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Ternura cósmica
RomanceUma viajante de realidade e dimensões, por um acaso, conhece uma nebulosa