03. A Desobediência.

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Pac respirou fundo, olhou em volta encontrando apenas areia e construções soterradas. Olhou pra frente, faltava muito para chegarem à floresta.

O moreno passou a língua pelos lábios secos pelo ar frio da noite, o que ele estaria fazendo no Refúgio uma hora dessas? Era tarde da madrugada, quase de manhã, talvez estivesse dormindo, babando pelo travesseiro, debaixo de cobertas quentes e macias, num colchão confortável, num lugar seguro, com sua mãe.

Rio breve sozinho, desviando o olhar para onde estava agora, no meio do nada, se virou para o desconhecido que parecia concentrado em guiar o caminho, ou estava apenas seguindo seu destino, porque ele sim tinha um propósito ali fora.

Pac umideceu os lábios mais uma vez, dessa vez nervoso.

Propósito. Objetivo. Motivo.

Seu único propósito era sair do bunker até algumas horas atrás, agora ele estava à mercê do desconhecido com um desconhecido.

O garoto do esconderijo se manteve em silêncio durante boa parte do caminho, Fit vez ou outra olhava para o moreno, procurando algum sinal de perigo, pois nada daquela situação parecia somente ao acaso.

O careca quase nunca deixava-se levar por sua intuição, mas algo estava errado entre eles. Tudo indicava que "Pac" fugiu ou foi expulso de seu refúgio, e qualquer uma dessas opções não deixava brechas para confiança, afinal, os idiotas dos refúgios eram ingênuos, ou seja, não expulsavam alguém atoa, e aquele ali ao seu lado não parecia tão idiota.

Os olhos claros se viraram para verificar o acompanhante, mas não o achou ao seu lado, olhou mais para trás vendo o homem parado olhando para algo.

O mercenário seguiu seu olhar, mas não achou nada, apenas mais do mesmo que se encontrava no deserto. 

O céu estava aquarelado entre azul escuro e tons de rosa enquanto uma luz surgia entre a linha do horizonte, ainda tinha estrelas, mas elas pareciam correr daquele grande brilho que parecia ser o sol. Aquele era o nascer do sol?

– O que houve, garoto do esconderijo? – Perguntou a voz grave, o moreno piscou algumas vezes, sua atenção voou para o guia que lhe olhava confuso. Pac abaixou o olhar, estava tão encantado com algo tão natural como o nascer de um novo dia, parecia patético.

– Nada, eu. – Começou olhando do nascer do sol para o mercenário que ergueu uma sobrancelha. O moreno engoliu em seco, respirando fundo. – Acho que só bateu saudades de casa. – Mentiu abrindo um sorriso sem mostrar os dentes, continuando a caminhar até alcançar o careca.

– Só voltar. – Rebateu continuando a andar.

– Sentir saudade não quer dizer que eu quero voltar pra lá. – Pac resmungou pensando alto, Fit ouviu e preferiu não comentar mais sobre.

O silêncio se firmou entre eles, andaram por mais algumas horas, a floresta era vista melhor agora, Pac conseguiu identificar uma fumaça vindo de algum lugar dentro do matagal, talvez fosse a cidade comercial finalmente.

Fit puxou seu cantil de água de um dos bolsos improvisados de seu cinto multiuso, bebeu alguns goles de água e o guardou novamente.

Pac sentia suas panturrilhas queimarem por andar sem parar. Então ele parou, era melhor evitar ter uma câimbra ou algo do gênero.

O sol estava fresco, era início de manhã ainda. O moreno se sentou na areia, retirou sua mochila das costas e se deitou, respirando fundo por fim.

Fit ouviu quando os passos cessaram, também parou e assistiu o outro se jogar na areia. Finalmente conseguindo a "parada obrigatória por cansaço" do outro homem.

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⏰ Última atualização: May 09 ⏰

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Hideout Boy. - Hideduo.Onde histórias criam vida. Descubra agora