- Alcançamos nosso destino - proclamou Greg, o líder da patrulha noturna, ao desembarcar acompanhado de seus guerreiros.
Recebeu-se um relato sobre tropas do império negro que estabeleceram acampamento no pântano dos sapos-bois. Ao tomar conhecimento dessa informação, o Rei do império branco prontamente mobilizou a guarda noturna.
Greg mergulhava os pés na lama malcheirosa e viscosa do pântano.
- Que inferno - resmungava -, sempre detestei este local. O cheiro é capaz de derrubar até o mais resistente dos guerreiros.
Os sete guerreiros avançam em direção a Greg, suas armaduras alvas brilhando ao luar. Vestindo capas delgadas e púrpuras, destacavam-se como integrantes da escuridão. Cada passo os fazia mergulhar no barro viscoso, agarrando firmemente suas espadas para evitar que ficassem presas naquela massa aderente.
Will, o guerreiro mais experiente do pelotão, aproxima-se de Greg.
- Você realmente acredita que essa acusação tem fundamento? - indagou.
- Precisamos agir, a soberana do reino sombrio está mais descontrolada do que o usual - falou Greg, esforçando-se para mover sua perna rapidamente pelo ambiente.
O pântano não era nada favorável. À medida que avançavam pelo território, a claridade lunar mal conseguia tocá-los; as árvores se torciam de maneira anormal. Alguns soldados juraram enxergar faces de pessoas em pranto nos troncos escuros e deteriorados que jaziam no solo. Melodias de rãs ressoavam pela mata pegajosa, enquanto raros vaga-lumes tentavam conferir alguma beleza ao lugar quase desprovido de luz.
Um soldado franzino e baixo se aproxima para dialogar com os mais experientes.
- S-Senhor, é possível empregar feitiços neste local? - indagou o esguio militar.
- De jeito nenhum, calouro! - Will retruca de forma áspera. - Eles nos perceberiam a metros de distância, perderíamos o fator surpresa.
- Não precisa ser tão severo com ele, é normal que tenha dúvidas - falou Greg. - E quanto a vocês... - Virou-se para chamar a atenção dos outros membros da sua equipe que estavam mais atrás. Contudo, percebeu que seus soldados desapareceram. - Soldados?! Onde estão?!
- Cuidado, comandante, atrás de nós... - Alertou o recruta, elevando a voz antes de um grande impacto erguer as águas viscosas do pântano sobre eles.
Greg aparece entre os salpicos, empunhando um imenso escudo metálico.- Estão todos em segurança? - perguntou Greg a Will e ao novato. - Há algum ferido?
- Estou inteiro - responde Will com firmeza.
O novato estava imobilizado pelo medo.
- O que... o que é isso? - perguntou ele, com a voz oscilando pelo medo.
Diante deles, eleva-se uma imensa figura humanoide, soltando um bramido que gelava o sangue. Sua forma era envolta em trevas, mas sua cabeça lembrava o crânio de um bode, adornado por chifres que se entrelaçam com flores púrpuras reluzentes.
Will desembainha sua longa espada.
- Cobre-me, Greg! - exclama Will, enquanto a lâmina de sua espada se alonga. Com um movimento ágil, ele aproveita o alcance ampliado da arma para desferir um corte lateral no monstro, arremessando-o para o interior da mata.
Greg posiciona-se ao lado de Will.
- Novato! Mantenha-se à nossa retaguarda - ordenou o Comandante dos guerreiros.
Os três prosseguem em direção ao coração da mata. Greg considerou que a estratégia mais sensata seria se aproximar da entidade, já que a rapidez da besta era absurdamente maior. Os guerreiros, que haviam se posicionado a uma distância maior, desapareceram silenciosamente, sem deixar vestígios. "Por que a criatura não nos eliminou de uma só vez?..", refletiu o Líder.
Eles avançavam cautelosamente, alertas em meio à escuridão, guiando-se pelas árvores caídas. Will formulou uma indagação.
- Aquele ser... é um..
- ...Irregular - prosseguiu Greg. - Criaturas nascidas do acúmulo de magia corrompida. Mas este não é um Irregular da noite comum...
O novato puxa o manto de Greg três vezes.
- Esse Irregular... por que ele é tão diferente? - indagou.
- Ainda estou incerto - replicou Greg.
Uma luz púrpura emerge das profundezas da floresta.
- Provavelmente ele está se restabelecendo - declara Will. - Vou lançar um encantamento de alcance extenso. - Will empunha sua lâmina comprida. - Feitiço do Met...
"Ziiin"
Um som agudo e estrondoso preenche a vasta escuridão da noite, acompanhado de um intenso fulgor violeta.
Sons de fissuras ecoam ao redor do trio. Greg posiciona seu vasto escudo na tentativa de resguardar seus guerreiros. Ele se levanta entre inúmeras árvores fraturadas ao meio, com as copas ao solo e os troncos cravados no chão. Uma visão inimaginável. Greg jamais presenciara tal devastação, sequer em confrontos anteriores com outros Irregulares. A claridade lunar tomava o lugar onde antes havia trevas. O pântano estava completamente alterado.
Greg ouviu tosses vindas debaixo de uma árvore partida.
- Will! - Era seu soldado mais experiente. Ele estava sem suas mãos, provavelmente cortadas com aquele último ataque. Seu dorso estava esmagado pelo tronco. Will já não conseguia mais falar, apenas tossir e expelir muito sangue pela boca até que não reagisse mais. - Droga... descanse em paz, meu amigo. Que os deuses te guiam para um lugar melhor.
Algo encosta em seu ombro.
- Senhor... só nos resta lutar.
Greg ergue-se, assumindo o controle da espada que pertencia ao seu companheiro caído.
- Novato, preste atenção - proferiu com convicção. - A vitória não será nossa. Compreendo agora a natureza do ente com o qual nos deparamos: um Irregular do Pesadelo, cuja derrota demanda um exército inteiro para abater um só. Sua missão é escapar e alertar a todos.
- Mas senhor..
- Basta! - Greg o afasta com um empurrão. - Parta sem demora. Essa criatura pode se libertar e devastar os castelos por onde passar. Vá imediatamente!
O novato se dirige ao barco de origem.
A criatura surge devagar diante de Greg, fixando o olhar no caminho tomado pelo novato. Greg, buscando progredir, posiciona-se à frente do monstro, golpeando o rosto dele com seu escudo metálico.
- Eu sou o seu adversário! - ele exclamava. O líder da guarda noturna estava pronto para sacrificar sua própria existência pelo bem de seu guerreiro e de todo o Território Branco. Ele invoca o poder de sua magia para potencializar sua lâmina e escudo. - Enfrente-me!
No entanto, com um gesto solitário do monstro, Greg vê suas armas serem destruídas e seu torso quase dividido em dois.
- Então é o fim, certo? - Greg jazia ferido no solo. A escuridão tomava conta de sua visão, e a dor dos ferimentos se intensificava enquanto seu corpo perdia calor. - No final das contas, eu não fui capaz de detê-lo para evitar que ele matasse o novato... me desculpe.
"Uh Uh Uh"
Um suave trinado de ave ecoava sobre ele. Uma coruja encantadora, ou assim parecia. "Fique longe do monstro, bela criatura...", refletia Greg.
Os raios lunares acariciavam delicadamente sua pele. A sombra daquela criatura Irregular se esvaiu, assim como sua figura.
- Desapareceu... você o derrotou, nobre pássaro... - murmurou Greg, com voz fraca e trêmula. O sangue continuava a fluir de seus ferimentos. - Seria obra dos Deuses?.. Não, deve ser apenas uma miragem...
Seus olhos se fecham.
- Pobre Humano. - Uma linda voz surge antes de sua morte. - É culpa nossa...
CRÔNICAS DA GUERRA
LIVRO 1: REVOLTA POR SANGUE
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As Crônicas Da Guerra [Livro 1] Revolta por Sangue.
FantasíaOs Sangues Dragão são temidos até hoje, na Era Avançada, por serem as casas que invadiram o continente da glória, matando milhares de pessoas e dominando terras em nome de Artrox. Porém, depois das mortes dos ditos "Últimos dragões", vários reinos d...