Desço as escadas como se fosse algum tipo de maratona, mas como que por milagre corriqueiro, não ouço minha mãe, ou minha avó, reclamar. Sigo rápido para a cozinha, onde percebo que o rádio está ligado, sintonizado em algum programa chato do ministério da comunicação. Seu som é límpido: "Ontem à noite tivemos uma tentativa de arrombamento na fabricantes de revólveres 'Ferrum bullet', felizmente a polícia foi acionada devido uma denúncia anônima, e o assalto não foi concretizado. Os assaltantes fugiram. Suspeita-se que a tentativa do crime tenha sido orquestrado pelo grupo terrorista 'Órfãos de Sargão', porém nada ainda foi confirmado pelo chefe de polícia Miller... ". Sob o som de um estalo de dedos, o rádio apagou-se, o que fez a Srta. Maria, a nossa cozinheira, reclamar comigo, o único no ambiente.
- Diego, eu estava ouvindo. Não é educado desligar o rádio assim de surpresa. - seu tom era irritadiço. Eu iria responder, alegando inocência, porém fui interrompido por meu tio Carlos, o provável autor do desligamento radiofônico.
- Desculpe-me, Maria, mas você sabe que não gostamos de nada sobre esses terroristas, faz mal até mesmo para você ouvir algo sobre essa gentalha. vai encher sua cabeça de ideias comunistas. - sua voz era grave, o que fez a nossa cozinheira corar de vergonha. - Maria, pode ir pegar um bolo de leite na padaria, mamãe estava com vontade de comer ontem pela noite, e quando ela descer quero que ela tenha.
- Estou indo imediatamente, Senhor Carlos.
Maria era uma mulher de pele morena, cabelos cacheados e bastante magra. Tinha uns 40 anos e trabalha conosco desde antes de eu nascer. Pelo que sei, sua bisavó já trabalhava para nós. Pela boca de todos, ela é como se fosse da família. Na verdade, toda sua família trabalha em nossa casa, seu filho é nosso jardineiro, e o seu filho nosso motorista. Ela também possui uma filha, mas esta casou e agora trabalha na casa da família Miller, cujo uma integrante desta casa, Brenda, é uma querida amiga minha desde os tempos de infância.
Após a cozinheira sair do ambiente, apressada para comprar o tal bolo para minha avó, meu tio sentou-se e logo postou-se a falar:
- Diego, gosto muito de Maria, todos sabem que ela é como se fosse da família, mas aqui há uma hierarquia. Você é um Vulpes, poderá ser até mesmo o próximo patriarca da família, não pode deixar que um sem-clã te reprenda, quanto mais por algo que você não fez.
- Entendi, tio. Eu iria me defender, mas o senhor chegou antes. - respondi, ao servir-me na xícara de café com leite.
- Só o fato dela achar que pode falar assim contigo já diz muito. Somos uma das famílias mais influentes de toda Veranasi, e isso não foi conseguido deixando que falassem conosco em qualquer tom, entendido, meu sobrinho? - o jeito que meu tio falava comigo, se assemelhava com de um professor com seu pupilo.
- Entendi, Tio. Não vai se repetir.
- Veio comer algo antes do café? - ele indagou, em tom simpático.
- Eu só queria tomar um café para despertar. - respondi ao sorver goles do café.
- Bem, então vamos a sala de jantar, já está na hora do café.
Carlos Vulpes era um homem de meia idade, seus cabelos loiros, já se tornando grisalhos, e seus olhos da cor de mel, evidenciavam que ele pertencia a casa Vulpes, representada pela Raposa.
Fomos os primeiros a entrar na sala de jantar. Era um ambiente amplo, como muitas janelas que davam para o jardim. Ele era centrado em uma imensa mesa com nada menos que quatorze cadeiras, feita em madeira mogno, apenas com alguns detalhes em metal. Esta mesa já deveria ter uns duzentos anos, e as anteriores a esta sempre foram feitas de material semelhante, pois em discussões e momentos de euforia, não teria perigo de danificar a mesa, sendo a a prova de amassados. Porém, os detalhes em metal eram colocados estrategicamente para ainda ter um grau de vulnerabilidade, em caso de alguma invasão poderíamos atirar trezentos quilos de madeira no invasor. Na verdade, tudo em nossa casa possuía detalhes, tiras ou quinas em metal, de janelas à roupas e pratos. Poderíamos derrubar ela inteira, se quiséssemos.
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Herdeiros de Acádio
FantasyDescendentes diretos de Acádio e Esmérdis, possuidores de habilidades extraordinárias, vivem em dois estados politicamente conflitantes. Dentre os herdeiros de Abel há Diego, um jovem aristocrata, que ao conhecer Yanka, uma trabalhadora de casta inf...