Prólogo

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Ophelia esticou suas grandes asas brancas após ter ficado dias sem usa-las na terra, o alívio estava estampado em seu sorriso que Pietro não via a dias.
-Deus, como é bom se sentir livre novamente!-ela pegou impulso com o vento e rodopiou no ar.
-Quanta felicidade, parece que faz anos que você não faz isso-mesmo dizendo aquilo, Pietro também se sentia livre deixando suas grandes asas a mostra novamente.
-Vai me dizer que não se sente assim também-Ophelia pousou em sua frente e o observou.
-Claro que me sinto, só não demonstro-o anjo deu de ombros e bateu de leve suas asas.-Mas não nego que isso é bom demais!
-Eu sei!
Os dois anjos riram de suas felicidades fúteis, mas logo Pietro ouviu um baixo choro vindo com o vento da terra e parou para prestar atenção.
-Você está ouvindo isso?-ele perguntou quase em um sussurro.
Ophelia se concentrou por um instante mas logo desistiu de ouvir o que o amigo dissera.
-Parece ser um choro...-o anjo olhou para sua amiga que o observava confusa.-Já volto-disse, batendo as asas em direção à terra.

O choro vinha de uma casa simples, as janelas estavam fechadas porém as luzes acesas, Pietro espiou pela janela da sala e não se preocupou em ser visto na rua pois seria no momento duas horas da manhã.
Dentro da casa havia um sofá de couro preto em frente a tv, o rádio estava ligado porém só se ouvia um ruído vindo do mesmo, da janela dava para ver a porta da cozinha, onde o anjo avistou uma poça de sangue cobrindo o piso de cerâmica branco.
Ele sentiu um frio na espinha ao ver aquela cena, então se concentrou em achar de onde vinha o choro.
Deu a volta na casa e achou uma janela que estava aberta, o quarto era o único que estava escuro e o vento que batia fazia a cortina lilás ir longe, o anjo fechou suas asas e pulou a janela, tentando não fazer barulho quando chegou ao chão.
O quarto estava pouco iluminado pela luz da lua, mas Pietro conseguia ver um pequeno berço no meio do quarto.
-Então é você que está chorando!-ele se aproximou do berço e olhou o bebê. Pietro pegou a menina no colo e aninhou em seus braços.-Vou cuidar de você-sorriu e saiu do quarto quando as sirenes começaram a se aproximar.

-O que é isso?-Ophelia perguntou quando o amigo chegou com um embrulho nos braços.
Pietro franziu o cenho.
-É...Um bebê?
-Como assim um bebê!?-ela se aproximou e observou a menina, que chupava o dedo não entendendo o que estava acontecendo.
-Aconteceu alguma coisa com os pais dela e eu não queria deixar ela lá...
-Ta, mas você não pode ficar com ela!
-Eu sei...-ele disse com uma voz quase sussurrando.
-O que vai fazer?
A menina tirou o dedão da boca e começou a dar risada, contagiando ambos.
-Acho que vou deixa-lá com um velho casal de amigo...-Pietro disse, se recuperando da gargalhada.
-Margo e Parker?
O anjo assentiu com a cabeça, e os dois se entre olharam, já sabiam o certo a fazer.

Naquela mesma manhã, um casal de idosos recebeu o que disseram ser uma bênção, uma linda criança embrulhada e colocada em uma cesta de bambu, nela jazia um bilhete com uma linda letra de mão, arredondada e graciosa, o nome da criança seria: Leavy.
E lá de longe o anjo acompanhava tudo, Pietro se sentia destinado a cuidar daquela criança pelo resto de sua vida.

Querido Anjo,Onde histórias criam vida. Descubra agora