𝐍𝐚𝐫𝐫𝐚𝐭𝐨𝐫'𝐬 𝐏𝐨𝐢𝐧𝐭 𝐨𝐟 𝐕𝐢𝐞𝐰
Na visão de Lorraine, ela desceu a escada para algum lugar, que logo identificou ser um porão. O lugar era cheio de coisas cobertas por lençóis brancos e empoeirados. A mulher caminhou lentamente por alí, olhando tudo o que estava ao seu redor.
De repente o garotinho passou em sua frente gargalhando, e logo correu para algum canto no porão. Lorraine se assustou um pouco, mas seguiu o garotinho.
Ela chegou ao centro do porão, mas não viu nada além das tralhas, então se virou para trás, e deu de cara com a família morta na casa. A mulher olha para o lado, e algo coberto chama a sua atenção, quando volta seu olhar para frente, a família já havia sumido.
Andou em direção ao objeto coberto, e retirou o lençol de cima dele, dando de cara com um espelho antigo, mas muito bem conservado. Sentiu uma presença atrás de si, e se virou rapidamente, mas nada achou. Se virou para o espelho novamente, e viu a imagem de uma freira atrás dela. Virou-se para trás e não achou nada.
Rapidamente virou seu olhar para frente novamente, e deu de cara com a freira assombrosa. A entidade segurou Lorraine pelo pescoço, enquanto a olhava com seus olhos amarelados. A mulher estava em choque, com medo, e ainda mais desesperada.
De repente não era mais a freira que sufocava a mulher com suas mãos, e sim a própria Lorraine. Ela retirou as mãos de seu pescoço, e olhou confusa.
Atrás de si, um monte de tralhas foram jogadas no chão do porão, e a mulher se virou assustada com o barulho. Com uma pouca luz iluminando o lugar, a mulher viu uma pessoa alí parada com olhar triste.
A mulher olhou apreensiva para a imagem a sua frente, e de repente um tronco afiado atravessou o peito da pessoa. Lorraine abriu a boca em choque, e gritou em extrema agonia.
Fora do transe, Eva chamava desesperada por sua esposa, enquanto via a mulher gritar, e se mexer inquieta na cadeira.
— Lorraine! — Tocou em sua mão, enquanto tentava trazê-la de volta a realidade. Drew logo levantou de sua cadeira e abriu a cortina, iluminando o local novamente.
— Oh, meu Deus! — Lorraine exclamou com voz pesada, enquanto soluçava alto.
— Amor...— Eva a chamou preocupada.
A mulher finalmente abriu os olhos, e voltou seu olhar para Eva. Ela olhou para o rosto de sua amada por breves segundos, e logo voltou a chorar. Eva a puxou para seus braços, e a abraçou forte.
— Tudo bem, querida. Já passou — Ela sussurrava enquanto ouvia o choro doloroso de sua esposa — Tá tudo bem.
Lorraine respirou fundo, e separou-se dos braços de Eva, olhando bem no fundo de seus olhos.
— Eva...— Sussurou — Eu não quero chegar mais perto do inferno do que isso.
(...)
Em uma manhã, Lorraine levantou-se da cama um pouco diferente. Logo quando Eva encontrou sua esposa pela manhã, sentiu seu desconforto e logo perguntou a mulher se estava tudo bem. Lorraine disse apenas ter algumas dores de cabeça, mas nada fora do comum. Eva estranhou, pois raramente Lorraine ficava doente. Ela decidiu dar espaço a sua esposa, e esperou que a mulher viesse lhe contar sobre o que tanto a incomodava.
Então assim seguiu o dia. Lorraine permaneceu em seu quarto lendo um livro, enquanto Eva arrumava uma coisa ou outra na casa. Ela sabia que sua esposa precisava de espaço, e mesmo com a necessidade que sentia em pelo menos lhe abraçar, ainda sim não incomodou a mulher.
Já no final da tarde, Eva se encontrava do quintal da casa, observando o pôr do sol. Ela fechou os olhos e respirou fundo, sentindo a sensação do vento bater contra sua pele. Em certo momento sentiu-se observada, e sabia muito bem quem era. Não disse nada, apenas permaneceu em silêncio, enquanto ouvia os passos se aproximando.
Mãos delicadas seguraram as suas. Beijos carinhosos foram deixados em sua bochecha, e então, Lorraine a abraçou enquanto descansava a cabeça no ombro de Eva. Suspirou ao sentir o contato de seus corpos, e a abraçou mais forte. Eva passou seus braços ao redor de Lorraine a puxando para mais perto de si.
— Está melhor? — Eva perguntou com voz suave.
Lorraine respirou fundo, e escondeu o rosto na curvatura do pescoço de sua amada.
— Sim. Estou bem melhor — Sussurrou — Eu apenas...
Hesitou.
— Teve pesadelos, não é? — Perguntou mais uma vez.
Lorraine murmurou confirmando.
— Quer me contar como foi? Talvez isso ajude.
Levantou a cabeça, e olhou nos olhos de Eva.
— Está tudo bem agora — Sorriu pequeno — Não se preocupe tanto, querida.
Viu a mulher afirmar com a cabeça meio relutante, então deixou um beijo delicado em seus lábios doces.
Lorraine se separou do abraço, e entrelaçou seus dedos aos de Eva, em seguida a puxou para dentro de casa.