01 ─ oi. eu sou o alex.

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até ontem, eu achava tudo tão certo. eu não passava tantas noites em claro, preocupado com o que o resto do mundo pensaria de mim.

há algum tempo, eu poderia ser a pessoa mais confiante que você já conheceu ─ ou tudo poderia ser simplesmente um disfarce, já que sempre fui bom em disfarçar.

o fato é que, agora, como alex, é tudo tão confuso..

são cinco da manhã e eu estou indo pra cama. a madrugada foi constituída por momentos constantes de tédio, aonde eu tentei ao máximo me entreter com episódios legendados de skins ou algum bom filme no drive, mas nada que funcionasse de verdade.

resultado: precisei de remédios pra tentar dormir depois de mais de três noites acordado ─ o que não era novidade.

caminho até o quarto, segurando a garrafa d'água e praticamente me jogo na cama. olho pro teto, como se ele fosse me dar respostas a alguma pergunta que fiz ─ embora não tenha feito nenhuma.

os dias eram todos cansativos. nada de diferente. passar a manhã dormindo pra mim era como evitar metade do dia ─ embora nunca funcionasse, porque às plenas sete da manhã havia alguém acordado que provavelmente me faria acordar, que meu sono nunca passou nem perto de pesado.

a tarde era algo meio imprevisível. as vezes eu tinha algum lugar pra ir, as vezes não. ou lia algum livro emprestado da biblioteca, ou ver algum amigo.. mas nem sempre. na maior parte das vezes eu também poderia muito bem ainda estar deitado na cama, apenas evitando o mundo afora.

"nossa, que depressivo.." e não é?! mas o que posso fazer? essa é a vida que levo. e não me diga que algo como mudar de vida ou escolher amizades melhores faria com que algo mudasse, porque isso é pura lorota ─ se é que posso fazer uso dessa palavra em 2024.

sexta-feira a noite. eu até que estava 'bem', considerando como as coisas aconteciam. o fato de ser ignorado constantemente, de me sentir sozinho por boa parte do tempo ou então me isolar pelo fato de não conseguir estar próximo de alguém por tanto tempo.

(obs: eu descobri ter fobia social desde que me mudei de cidade e abandonei tudo e todos que conhecia)

sair da nossa zona de conforto nunca é fácil, não é? muitas das vezes, mesmo com apoio de alguém, isso não torna a sensação menos suportável.

acho que, nos tempos de hoje, nada torna algo menos suportável. talvez afeto, mas eu não entendo muito dessa palavra e muito menos a tenho presente no meu dia-a-dia, então não posso fazer bom uso dela,

embora gostaria.

eu sou um tagarela, acho. quer dizer, eu sou introvertido, ─ também não tenho cem por cento de certeza ─ mas com certas pessoas parece tão simples. tanto que as vezes preciso de momentos de silêncio, porque penso falar demais. isso é raro, mas acontece.

18h32. peguei o ônibus e a primeira coisa que me passava pela cabeça era.. nada. havia um vazio, um oco absurdo. a única coisa que conseguia pensar nesses momentos era em como eu queria que o dia terminasse.

passava o dia insatisfeito, reclamando e exigindo querer estar em casa logo, mas quando chegava.. o silêncio continuava o mesmo. a mente cheia de pensamentos, e a insatisfação? igual.

resumo?

não sei se sou ingrato ou se a vida é injusta.

o terrível cotidiano de ser eu mesmo (NEW!)Onde histórias criam vida. Descubra agora