Capítulo 4

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α

O rei me aguardava em seus aposentos, ansioso para discutir o caso do sequestro da filha do primeiro-ministro da esquerda e provavelmente me repreender pelo atraso de duas horas no dia da apresentação de Jimin à corte.

Eu estava tenso, verdadeiramente tenso.

O rei do sul não é alguém facilmente enganado ou manipulável; se ele perceber uma mudança muito grande em mim, o mínimo que fará é desconfiar, criando mil teorias para justificar o motivo, passando assim a me investigar de perto até encontrar uma resposta aceitável. Por isso, tenho evitado possíveis encontros onde fico sozinho com ele, mas parece que não poderei mais evitar o inevitável.

Suspirei, tentando não deixar transparecer meus pensamentos e sentimentos em minha face, e bati na porta, apenas três batidas que foram suficientes para que um servo a abrisse e me guiasse até o escritório pessoal do monarca sulista, saindo somente quando eu já estava na frente dele.

- Bom dia, meu pai, como ordenou, estou aqui – o rei estava segurando uma pilha de papéis que analisava meticulosamente, desviando o olhar apenas brevemente dos documentos para mim, que estava imóvel no lugar

- Dessa vez não se atrasou – começou a repressão, enquanto eu preferi manter o silêncio, esperando que ele que fosse direto ao assunto – Esses documentos são memorandos que acabei de receber – explicou

- Memorandos? – questionei mais para mim mesmo do que para ele, já que não me lembrava do significado exato daquela palavra ou se era algo bom ou ruim

- São das famílias de nobres espalhadas por toda região. Pelo menos vinte famílias que possuem filhas tiveram as mesmas levadas, tudo aconteceu no mesmo dia, por pessoas diferentes, embora sejam todos rebeldes identificados devido ao brasão de caveira com bigode vermelho tatuado em seus corpos

- O que? – oh céus, não, não, não quando sou eu o responsável pelo caso, eu nem consegui achar uma única pessoa, imagina vinte e uma

Tive que me segurar para não choramingar ou deslizar com a mão pelo rosto e nuca, gestos comuns quando estou desesperado ou angustiado.

- É seu caso filho, um caso que ainda não teve resultados – disse para enfatizar a gravidade da situação

- Mas, pai, esse caso tem apenas quatro dias. Ainda estamos reunindo provas e interrogando as testemunhas, formando o rastro certeiro para encontrá-la e salvá-la

- Enquanto estava juntando todas essas informações para preencher papéis inúteis, outras vinte mulheres foram raptadas, sofrendo um sofrimento que meu filho nunca será capaz de compreender

- Eu estou fazendo tudo que posso, meu pai, estou dando o meu melhor

- O seu melhor não tem sido o suficiente, e nem o desejado – declarou, seus olhos encontrando os meus com firmeza, enquanto deixava escapar um suspiro rápido e cansado – Eu não estou criticando suas decisões sobre esse caso, meu filho, embora devesse. Você precisa entender que enquanto não tiver resultados, não terá nada. A cada dia que passa, é uma chance maior delas serem mortas ou torturadas nas mãos do inimigo. E no pior dos casos, se conseguirem informações privilegiadas da região com elas, não é somente a vida de vinte pessoas que estarão em perigo, mas de todos. Consegue entender a gravidade? – questionou, com um tom calmo, sério e totalmente composto, sua aura dominante permeando o ambiente – Eu te dou um mês. Se não conseguir encontrar as vítimas e os responsáveis, te tirarei do caso e do Ministério, além de te punir, como puniria qualquer oficial por incompetência – afirmou, jogando a bomba em cima da minha cabeça sem cerimônia

Almas de Papel  |  JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora