Cap 5- Orgulho E Vingança

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Luke.
Era 06:00 da manhã, e do meu quarto dava para escutar o barulho do despertador de Zara.

Me levanto já irritado e vou ao banheiro tomar banho. Quando saio, seu despertador não tinha parado de tocar ainda, então resolvi bater na porta pra acordar ela.

*Batidas na porta*
"Ô, garota sem noção! Acorda e desliga a m•rda desse despertador!"

Ouço passos, e finalmente Zara abre a porta.
"Precisa gritar assim?"

"Precisa pôr o seu despertador para tocar ás 06:00 da manhã, sendo que nem serviu pra nada, já que você não acordou?"

Zara revira os olhos.
"Que horas são, ein?"

"07:30. Se eu fosse você, me arrumava logo para a faculdade."
Disse isso e fui para a faculdade.
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18:00.
Chego da faculdade finalmente. Eu estava muito cansado e com fome. Decido fazer uma pipoca e aproveitar que eu estava sozinho no apartamento.

As horas foram passando e Zara não chegava em casa. Eu não me importava, então decidi continuar assistindo My Little  Pony.
O tempo passou, e eu percebi que havia adormecido no sofá, então saio pela casa procurando Zara.

E mais uma vez, ela não tinha chegado ainda. Já é 00:00, e eu não faço ideia de onde ela possa estar.
Decido ligar para ela, mas estava dando como desligado. Liguei uma, duas, três, sete vezes e nada.

Não que eu tenha ficado preocupado, mas é que se eu não fosse procurá-la e ela estivesse em perigo, eu teria que pagar o apartamento sozinho, sabe? Não tenho recursos o suficiente.

E lá vai eu. Procuro, procuro procuro por ela e nada novamente. Até que eu lembro que construíram um bar perto de um karaokê. Ela poderia estar lá.

Fui para o bar, e olha só, eu a achei. Toda descabelada dormindo em uma mesa sozinha do bar. Eu já estava indo em sua direção, quando um cara qualquer se aproximou.

Antes que ele pudesse falar ou fazer alguma coisa com aquela tonta que estava dormindo em um bar, em plena madrugada, eu o abordei.

"Ei, cara! Não mexa com ela, não vai pegar bem para você."
Coloco os braços de Zara em volta de meu pescoço e a levo nas costas.

Fui para casa a pé mesmo, já que tinha deixado a moto no estacionamento do apartamento.
"Caramba, garota. Você é pesada. Sorte a sua que eu não te derrubo no chão e te deixo aqui mesmo. Bem que eu deveria."

Na metade do caminho para a casa, Zara acordou.
"Luke? O que aconteceu?"

"Aconteceu que você é uma irresponsável e simplesmente dormiu em um bar cheio de caras com segundas intenções. Você é louca?"

"Dormi? Bom... Como você me achou?"

"Com os olhos. Agora desça das minhas costas, você já acordou, então pode andar sozinha."

A coloco no chão e fomos andando até em casa. Depois da minha fala, tudo ficou em silêncio. Mas decido quebra-lo.

"Por que você decidiu ir pra um bar sozinha?"

"Para comer. Eu estava com fome e aproveitei que estava com um dinheiro na conta."

"Você é louca?! Gastando dinheiro em bar? Garota, te falta noção. Você sabe o que significa economizar? Mais tarde, você vai precisar desse dinheiro que você depositou em comidas ou seja lá o que for."

"Acalme-se. Não quero discutir com você. Já é madrugada, e você gritando no meio da rua. Quem é louco é vo-"

Zara foi interrompida por um cara de capuz. Ele estava com a mão dentro da blusa, como se estivesse portando uma arma.

"PASSA TUDO, PASSA TUDO!"
Eu não quis nem saber. No impulso, peguei seu pulso e o girei, até ele implorar para parar.
"Desculpa! Deixe-me ir, por favor!"
Estava saindo lágrimas.

Zara parecia um pouco assustada, e pediu para que eu soltasse o pulso do ladrão. Então, eu soltei.

"Uh! Muito obrigado."
Ele saiu correndo. Zara me olhava surpresa e foi o caminho inteiro assim. Ela me fez algumas perguntas, mas eu decidi não respondê-las.

"Pare de fazer perguntas, garota. Você sabe que eu não irei respondê-las. Odeio perguntas."
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Sábado, 03:10h.
Acordei com passos na cozinha. Eu tinha o sono muito leve, então eu acordava com qualquer barulho.

Saio do quarto e vou pra cozinha. É ai que vejo Zara comendo o MEU pudim que eu deixei guardado para comer domingo.

"O que você está fazendo? Esse é o meu pudim!"

"Como assim SEU? Não vejo seu nome aqui."

"Não importa. Se você sabe que não foi você que comprou, significa que não é seu. Você quebrou uma regra. Não comer meu lanche na geladeira. Quem você pensa que é?"

Zara largou o pudim e se virou para mim.

"Olha aqui garoto, tudo bem eu ter sido uma baita idiota quando nós éramos crianças. Eu já pedi perdão, já tenho minha consciência limpa. Mas não é por causa dos acontecimentos que houveram em nossa infância que você pode me tratar como alguém inferior. Eu também sou uma pessoa, eu também pago esse apartamento. Não é só você que tem o direito de formular regras na nossa moradia. Eu já aguentei muitos xingamentos, mas já estou de saco cheio de você reclamando com tudo. Nada o agrada. Eu também tenho meus traumas assim como você, mas não fico o maltratando direto. Se você tem traumas, trate-os, porque ficar descontando eles em mim não os melhorarão e nem fará de você uma pessoa superior."

Zara foi para o quarto irritada, enquanto eu fico em pé processando o que ela disse por alguns segundos. Me sento no sofá ainda em estado de choque. Eu só queria entender como alguém pode ser tão tonta a ponto de não perceber que eu sempre gostei dela.

Em toda a minha infância, eu sempre fui perdidamente apaixonado por Zara. Ela era a pessoa mais importante para mim. Porém, ela começou a me maltratar, e isso me feriu muito mais do que se uma pessoa qualquer me maltratasse do mesmo jeito.

Eu sempre a amei. E ainda a amo. Porém, é um amor disfarçado de mágoas e ódio por tudo o que ela me fez.

Mas desde que começamos a morar juntos por um incidente, eu tentei cuidar dela. Do meu jeito, mas tentei. Não foi só hoje. Alguns anos, também a salvei de um atropelamento... Do meu jeito, mas salvei.

Eu só espero que, assim como eu superei meus traumas-mesmo não demonstrando isso- quero que ela supere os dela também. Seja quais forem. E quero que ela saiba que eu sempre estarei aqui para cuidar dela. Do meu jeito, mas sempre estarei.

Mas meu orgulho fala mais forte. Eu nunca consegui assumir minha paixão por Zara. Por orgulho e vingança. Eu odeio ser uma pessoa orgulhosa. Meu orgulho me impossibilita de ser uma pessoa livre. Ele me prende.

Se algum dia, eu tiver coragem de olhar nos olhos de Zara e falar que a perdoo, já é um grande avanço. Mas eu espero que algum dia eu também tenha a coragem de olhar em seus olhos e falar "eu te amo", sem nenhuma mágoa ou orgulho.

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