CAPÍTULO 1

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DANILO

Vocês devem me conhecer através do Tomás, aliás acham que me conhecem pois pra falar a verdade nem eu estou me reconhecendo ultimamente.

Conheci o Tommy numa noite que ele foi em meu bar, aquele dia havia sido um dia de merda pra mim, mais uma vez havia sido chamado na delegacia pra livrar meu pai da prisão, eu ja estava farto disso e ja tinha gastado horrores com fianças e advogados, o filho da puta não aprendia, sempre metido em jogos de azar, jogos do bicho, cassino e outras porcarias ilegais. Só vivia de jogos ilícitos e estelionato. O livrei pela milésima vez da cadeia e jurei, cheguei a me ajoelhar diante dele que aquela seria a última vez e que ele nunca mais me procurasse, nem ele e nem minha mãe que tinha a mesma mentalidade ordinária dele, dei a eles de presente uma viagem para a nossa antiga cidade no interior de Minas Gerais e tenho certeza que la eles irão se virar e continuar a roubar de pessoas inocentes e desprovidas de cérebro mas realmente não me importo.

Enfim, mas voltando ao meu melhor amigo Tommy, eu o conheci nesse dia, ele foi ao meu bar e ja tinha ido outras vezes mas foi nesse dia que realmente reparei nele. Ele chegou com a mesma turma de amigos bem vestidos e fedendo a perfume caro. Sentaram em uma mesa, pediram bebidas e logo estavam na pista dançando, eu voltei aos meus afazeres afinal a casa estava cheia e eu tinha mais o que fazer. Umas horas depois fui ao meu escritório que fica no segundo andar do bar mas pra isso precisava passar pelo corredor que tem uma parte escura pra pegar a escada, me deparo com alguns casais se agarrando e vejo também o carinha que depois descobri se chamar Tomás, ele estava sendo empresado na parede por um cara alto que devorava avidamente a boca dele, solto um sorrisinho e passo por eles e subo a escada e entro em meu escritório, fico por la e consigo ver pelas câmeras e também pelo vidro a movimentação no bar que agora está mais calmo.

Vejo o rapaz (Tomás) que eu ainda não sabia o nome dançando e se agarrando aos beijos ao mesmo rapaz que estava no corredor, não sei porque mas reparo bastante nele, até quando os amigos dele se despedem dele e vão embora o deixando e penso comigo que jamais deixaria um amigo meu bebado com um estranho, então o cara deve ser namorado não um que ele tenha conhecido hoje, assim espero.

Me distraio e começo a organizar umas planilhas, mais ou menos uma hora depois me levanto, me espreguiço e volto pro fechamento do bar. Ao descer as escadas me deparo com o casal novamente, agora só eles aqui pois o bar está quase fechando, o cara alto está com a língua dentro da boca dele o beijando esfomeado e o masturbando mas ele não está receptivo pois empurra o rapaz e pede com uma voz enrolada que ele pare. Eu paro e fico olhando de longe quando ele o vira de costas e arria as calças dele.

_ Ei, ei..

O rapaz me olha assustado e sobe suas próprias calças.

_ A gente está...

_ A gente não, você está. Esse rapaz não está em condições de decidir se quer ou não ter relação sexual com você, não acha? E também aqui não é o lugar.

_ Desculpa, ele é meu namorado e a gente se empolgou um pouquinho.

_ Namorado? Tem certeza?

_ Tenho não é Tomás?

Eu olho o rapaz que nem teve condições de levantar as próprias calças pois está escorado na parede e não sei como ainda não deu com a cara no chão. O cara alto levanta as calças dele e vira ele de frente, nesse momento o rapaz parece despertar e vomita sujando todo o cara alto que grita com nojo e bastante irritado.

_ CARALHO TOMÁS... NÃO SABE BEBER PORRA?  OLHA O QUE VOCÊ FEZ, ME SUJOU TODO. QUE FEDOR!

Eu tenho vontade de dar risada mas mantenho minha seriedade diante da situação.

_ Desculpa.. eu.. me desculpa..

Chego perto me desviando do vômito.

_ Ele é seu namorado?

_ Quem?

Ele pergunta ainda bastante bêbado.

_ Eu ja disse que nós somos.

_ Irei chamar a polícia pra acompanha los em casa então, se ele é o seu namorado você sabe onde ele mora.

O cara arregala os olhos, da uma última olhada ao beberrão e sai praticamente correndo. Foi o que pensei, acho que impedi um estupro. O tal Tomás vomita denovo e eu me afasto rapidamente antes de ser atingido pelo jato fedorento. To fudido, olha onde eu me meti, mais essa merda pra fechar o meu dia com chave de ouro.

Resumindo, não teve o que fazer pois o rapaz estava praticamente em coma e os amigos foram embora, o estuprador também, o celular dele tinha senha por isso não consegui entrar em contato com ninguém pra avisar do estado dele e eu não iria larga lo sozinho na rua pra correr o risco de acontecer o que consegui evitar pois mesmo eu sendo hétero sabia reconhecer quando um cara era bonito e chamava atenção, e era o caso dele.

Chegando em minha casa foi um custo, quase me levou a noite inteira pra faze lo tomar um banho e vestir uma cueca minha, depois fiz ele engolir um engov, vesti uma camiseta minha nele e ele apagou, fiquei aliviado mas ainda com medo de ser acusado de sequestro ou algo do tipo, o que me confortava era saber que todos os funcionários viram que não tinha como eu largar aquele rapaz naquele estado na rua. Pego a roupa nojenta toda vomitada dele, coloco na minha lava e seca, tomo um banho e me deito com ele na cama, a única que tenho em casa, mentalmente agradeço por ele não roncar, dorme encolhidinho feito um bebê. Durmo e acordo horas depois com o dia ja claro e alguém me cotucando.

_ Caralho, me deixa dormir.

Digo possesso de raiva.

_ Ei. Quem é você?

Abro os olhos me lembrando do rapaz e assim como ele me sento na cama, ele me encara com lindos verdes e assustados.

_ Sou Danilo, o dono do bar onde você estava ontem a noite.

_ Não me lembro de você e nem como vim parar aqui.

_ Você estava bêbado, muito bêbado e sozinho. Te trouxe pois não quis te deixar na rua.

Ele parece pensar e olha pra si mesmo reaparando na camisa diferente e na cueca.

_ A gente transou?

Pergunta, direto e de olhos arregalados.

_ Não, você saberia se tivéssemos transado. Sou hétero e só te vesti a camisa, você se banhou sozinho e vestiu a cueca. Sua roupa está limpa e seca na máquina e você não deve estar com ressaca pois te dei remédio, se estiver com sede ou fome a cozinha é logo ali, se quiser ir embora vai com Deus. Mais alguma coisa? Eu realmente quero dormir.

Ele só balança a cabeça em negação e se levanta saindo do quarto. Ótimo, nem um muito obrigado mas desde que não atrapalhe meu sono pouco me importo. Volto a me deitar mas quando penso que ele foi embora me surpreendo com ele entrando no quarto tomando água num copo, ele toma toda água, coloca o copo na mesinha ao lado da cama e volta a se deitar, se cobrir e se encolher novamente ao meu lado. Então tá. Foi assim que conheci meu melhor amigo, meu irmão, minha única família, desde então somos inseparáveis e confidentes, apesar disso nunca contei a ele que ele estava prestes a ser estuprado quando o conheci mas sempre cuidei dele o quanto pude.

O PEÃO DA FAZENDA _ SPIN OFFOnde histórias criam vida. Descubra agora