Capítulo 1

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O Som das águas e dos homens no convés do navio a fez acordar, seu bocejo foi longo e preguiçoso. Repentinamente a porta de seu quarto se abre com força, a fazendo quase pular da cama.
- Tá fazendo o que ainda aí Pirralha!? Levanta logo, ficou por 1 ano descansando, é hora de voltar para a escola peixinho - Daxton fala animado, com um grande sorriso em seu rosto.
Seus cabelos grisalhos estavam bagunçados e úmidos. A garota pensou talvez que tivesse acontecido alguma tempestade na noite que o fez acordar cedo para liderar a tripulação, ou ele apenas havia finalmente tomado um banho.
- Bom dia pai... - Elisabeth fala sonolenta
- Bom dia peixinho, levanta, em menos de trinta minutos chegaremos à costa de Hortus Aureos.
- Ta bom - Em meio a bocejos ela se levanta.
Elisabeth possuía longos cabelos castanhos, com algumas mechas brancas. Seus olhos continham a coloração avermelhada, o que lhe dava um certo destaque.
Ela se apressa em se arrumar e agradece infinitamente a ela do dia passado por arrumar sua mala. Ao subir as escadas do navio, ela encontra seu pai parado na proa, observando ao longe. Seu chapéu estava pendurado em seu pescoço, os olhos esverdeados encontravam o portão principal do reino.
- Parece pensativo - Elisabeth se aproxima comendo um bolinho.
- Eu pareço? - Daxter está com os braços cruzados - Tem certeza que está tudo bem você voltar para aquele inferno de escola?
- Bom - ela pensa um pouco - Eu enfrentei alguns anos da minha infância lá, não é como se eu fosse morrer agora.
- Ou talvez vá - Embora Daxter fosse um pirata, Elisabeth é sua única família existente, perder não era uma opção.
A garota dá um sorriso confiante ao pai.
- Fica tranquilo capitão, eu volto viva e com um dragão enorme pra nossa tripulação.
- Eu sei que suas habilidades são incríveis, aqui você só não bate de frente comigo - Ele se vira para encara-la - Mas, você tá ciente do seu tamanho?
- Ah... Vai da o rabo pai!!
O Capitão dá uma gargalhada alta, ele sabe o quanto ela fica braba com suas piadas sobre seu tamanho. Elisabeth era pequena, frágil não, mas um pouco inocente quanto ao que se diz do mundo, e isso era o que mais o assustava.
Aos poucos o navio EnLobby se aproximava do portão principal. E conforme a aproximação ia se esvaindo podia se identificar a enorme Rosa Dourada, símbolo principal de Hortus Aureos.

Quando finalmente EnLobby atraca no porto, Elisabeth e Daxter descem, indo em direção a cidade principal Solaris, mais conhecida por seu vasto comércio em qualquer área, se você precisasse de qualquer coisa, aquela cidade com certeza em algum canto teria. Daxter estava vestido com um terno preto, sem gravata e com uma camisa branca. Apenas seu chapéu e espada na bainha se destoavam de sua vestimenta elegante, sua mão alisava seu bigode com cachinho no final. Elisabeth caminhava ao seu lado com o uniforme padrão da academia, roupas pretas com o símbolo de Hortus Aureos em seu peito esquerdo.
- Ainda da tempo de voltar - O capitão fala enquanto se aproximam da escola.
- Eu sei, mas fica de boa
- Você não está confiante demais para alguém que passou raspando no último ano?
- Eu não - Ela diz sorrindo - Eu sou excelente em combate corpo a corpo, meu único defeito é a teoria, mas com esforço eu posso superar qualquer coisa.
O homem segura a risada, ela não estava errada, mas ver sua filha falando isso, para ele era ira hilário e o deixava orgulhoso.
Conforme vão andando, os dois se deparam com algo que repudiam completamente. Comércio de escravos. Nem piratas eram tão baixos quanto aqueles que compravam pessoas como objetos. Os dois rapidamente passam por aquela afronta a humanidade e chegam na academia.
Seu portão dourado com tons em azul claro, passava um ar de elegância. Um guarda vem recebê-los na entrada e rapidamente conseguem a permissão de entrada. Nesse momento, Elisabeth sente seu coração na garganta, sua ansiedade começou a bater.
- Essa é sua última chance - Daxter diz baixinho entes de adentrar os portões.
Ela suspira fundo e sorri para ele, o que o faz desistir de convencê-la a voltar.
Passado todo o ritual de entrada, que os dois julgam ser idiota, pois era apenas o rei Kalel Pendracon Solis fazendo um baita discurso motivacional, os dois seguem rapidamente para o teste de verdade, onde se encontram vários candidatos a futuros cavaleiros. O teste é para analisar a força de cada um e colocá-los de acordo com suas habilidades em cada turma.
Olhando pra os lados, a garota vê alguns rostos conhecidos na multidão, como Kaya Aureum Accipites, sobrinha de uma das generais mais cruéis do reino. Seus cabelos parecem chamas de tão vermelhos que eram.
Kaya sempre foi forte, nunca demonstrava fraqueza sendo a primeira mulher de sua linhagem a herdar o brasão da família de forma justa. Ao longe, a garota viu também um antigo conhecido, Gael Castellani Carmezin, cabelos curtos e loiros, olhos prateados. Era filho de um chefão do submundo, para manter a seu posto com segurança e não gerar problemas futuros com o reino, seu pai precisou alista-lo para a tropa de cavaleiros de dragões.
- Certeza que ele está detestando estar aqui - A garota murmura para si.
Errada ela não está, Gael preferia mil vezes estar em algum bordel em Solaris do que aquele lugar, contudo, se ele obtivesse a chance de ter um dragão, mesmo que essa chance fosse pequena, talvez valha e a pena o seu esforço.
Estava quase chegando a vez de Elisabeth, seu nervosismo aumenta cada vez mais. O teste se trata de um mecanismo que irá medir sua forma em duas etapas, psicológica e física. A física é bem tranquila para todos, o problema é a força psicológica. Ninguém quer guerreiros fracos que não aguentam ver sangue na frente. Se não puderem aguentar o pequeno pesadelo que se os fazem enfrentar, não serão bons o suficiente para sobreviver.
Alguns nobres já tem Dragões desde seu nascimento, mas mesmo assim, precisam passar nesse teste. Não importa se é nobre ou plebeu, bom ou mal, é estritamente proibido avançar sem a aprovação.
Finalmente está se aproximando a vez de Elisabeth, antes dela prosseguir, Kaya vai primeiro. O teste físico consiste em você dar um golpe com toda a sua força em uma máquina, que irá mostrar sua forma para os avaliadores e se for media ou acima, você irá para o teste mental.
Kaya, se aproxima do mecanismo e o soca, fazendo um barulho alto, todos ficam impressionados com sua força, o sorriso de satisfação dos avaliadores deixa claro que ela passou.
Ao ir pra a segunda fase, ela entra em uma câmara quadrada, ao passar 10 minutos, aparece na tela que Kaya conseguiu passar, mas, a forma que ela sai da câmara assusta a todos. A garota forte com rosto maduro e olhar confiante está tremendo e completamente abalada. É normal ver pessoas saírem da câmara dessa forma, mas ver Kaya assim, deixa todos com um nó no estômago.
É a vez de Elisabeth, no teste de força, como esperado ela vai super bem, Daxter bufa de alegria e orgulho. Quando a garota chega na entrada da câmara ela engole em seco, da um longo suspiro, e adentra.
De início não vê nada, mas, quando estava quase desistindo e pensando que a máquina deu defeito, a sua frente se manifesta algo tão horrendo quanto as criaturas do mar que a assustam.

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