Admiradores da lua - Hyunjin.
Fecho os olhos, sentindo mais uma vez o álcool descer ardente pela minha garganta, enquanto meus quadris seguem o ritmo da música animada.
Minha vista já estava turva, não sabia mais que horas eram, nem sequer lembrava o dia da semana.
Mais uma vez eu estava perdida.
Perdida na noite. Perdida entre as várias bebidas que misturei. Perdida entre as mãos de homens que passeavam pelo meu corpo, perdida entre as bocas que beijei desejando desesperadamente sentir algo.
Mas a única coisa que eu consigo sentir é o vazio, um vazio que sempre me persegue e jamais me deixa sozinha.
E isso resultou em idas a casas noturnas, no álcool, nas drogas e nos beijos de desconhecidos.
E eu não sei aonde isso vai me levar.
Talvez seja melhor não saber.
Minha cabeça lateja por conta da grande quantidade de álcool e da música estourando em alto som.
Mas isso é melhor do que ter que lidar com meus pensamentos.
O cara que dança atrás de mim, agarrado ao meu corpo, passeia sua mão pelo meu lindo vestido barato, sua boca deixando um beijo molhado no meu pescoço.
Não há arrepios, não há frio na barriga, não há nada.
Essa busca nunca vai acabar, como vou encontrar algo que eu nem sei o que é?
Algo falta.
E eu não sei até onde mais eu vou me perder para tentar encontrar isso.
Me desvencilho do cara que resmunga, enquanto me direciono até os fundos da grande e lotada casa noturna.
No caminho, eu reparo nas pessoas: uns se agarrando como se não houvesse amanhã, alguns quase vomitando de tanto beber e outros simplesmente dançando com seus amigos enquanto riem na pista de dança.
Eu invejo isso.
Passo por uma parede com um vidro refletivo e encaro a mulher com vestido curto e colado, os lábios de batom vermelho borrado, cabelos bagunçados... e o olhar perdido.
Um olhar triste.
Eu era deprimente.
Dou um sorriso triste ao meu reflexo, afinal, eu sou a única coisa que eu tenho.
Continuo meu caminho até os fundos.
Dou um suspiro assim que saio pela rua vazia e silenciosa.
A noite como sempre gélida.
Sorrio vendo um Mustang estacionado no meio-fio da rua, sem ligar para o carro caro ou o quanto o dono rico vai ficar bravo e me deito no capô encarando o céu.
A lua me atraindo como sempre, mas hoje, em específico, estava mais deslumbrante do que nunca. Era lua nova.
Observo um grupo de amigas bêbadas indo embora em meio a gritarias e risadas.
Uma mais bêbada que a outra, mas todas cuidando uma da outra.
Dou mais um gole no gargalo da bebida de álcool puro.
Provavelmente, era perigoso uma mulher bêbada estar sozinha a essas horas numa rua vazia.
Mas não tinha ninguém para cuidar de mim e eu não me importo o suficiente para cuidar de mim mesma.
Talvez seja melhor eu ir para casa.
Faço uma careta só de imaginar voltar ao lugar que eu chamo de casa, uma casa minúscula e vazia, um lugar que não tem nada e ninguém esperando por mim.