Jennifer se espreguiçou e levantou do peito de Charles, seus olhos semicerrados e sua cara de cansada a denunciavam de ter recém acordado. Tinha um pequeno sorriso se formando em seus lábios rosados, seus movimentos eram suaves e pareciam ensaiados por semanas para um espetáculo de teatro.
— Já chegamos?
— Ainda não – ele respondeu, abraçando-a com seu braço direito. Jennifer voltou a fechar os olhos, a temperatura já estava abaixando e era possível sentir o frio ficando mais forte. – Mas estamos quase.
— Você já deve ter percebido que eu durmo pra caramba né? – Perguntou ela com um sorriso nos lábios. – É meu esporte preferido.
— Não tanto quanto eu – os dois riram.
— Se dormir fosse um esporte eu seria recordista — ela fez uma careta, uma mecha de seus cabelos laranjas caia sobre seu rosto e ela assoprou.
— Sem dúvidas.
— Você fala francês? – Perguntou ela.
— Nem uma palavra.
— Nem eu – o sorriso dela era radiante.
Logo eles estariam em paris e Charles não sabia exatamente o que estava fazendo indo para lá. Algo dentro dele dizia que algumas peças do quebra-cabeça só poderiam ser encontradas em Paris e então ele seguiu essa voz interna, não que ela já o tivesse levado para qualquer lugar bom antes, mas não custava tentar.
— Podemos ir ver a torre Eiffel? – Perguntou ela com aqueles olhos brilhantes que ninguém na terra poderia recusar.
— Claro que sim
— Que ótimo – disse radiante.
— Mas acho que vamos ter que acabar comprando casacos novos.
O trem chegou em paris não muito tempo depois. Os dois desceram na estação somente com suas poucas bagagens e suas caras de sono. A estação estava mais vazia do que haviam imaginado que estaria, saíram da plataforma e cruzaram o saguão em silêncio.
— Adoro Paris, o clima é tão gostoso – disse Jennifer assim que eles saíram para o lado de fora da estação.
— É um bom lugar – ele estava fazendo sinal para um taxi. – Vamos.
O carro parou e os dois embarcaram.
— Para onde? – Disse o homem com sotaque carregado.
— La Mansion Favart – esse era o único hotel que Charles conhecia em Paris. Seu pai havia comentado a respeito dele muitos anos antes, disse que havia se hospedado ali e o lugar era ótimo, que além de ser perto do museu do louvre, era muito acolhedor.
— Não sabia que você já tinha visitado Paris antes – disse Jennifer se acomodando no banco do taxi.
— Na verdade nunca estive aqui, mas meu pai me contava histórias de suas vindas a Paris e o único hotel que ele aceitava ficar hospedado era no Favart. Ele era um homem de costumes e rotinas.
— Entendi – disse ela sorrindo e deslumbrando a cidade pela janela do carro. Jennifer queria que estivesse nevando, ela adorava neve, mas não estava tão frio assim.
— O que você quer fazer hoje?
— Sinceramente? – Jennifer levou o dedo indicador ao lábio inferior e seus olhos encararam o teto, em uma expressão pensativa. – Eu quero comer – ela apontou para a própria barriga e fez uma careta.
— Certo – Charles riu coçando a barba. – É o que vamos fazer então.
Os dois chegaram ao hotel e adentraram o saguão cinza e minimalista. Tudo lá era branco ou cinza e extremamente limpo e organizado. Charles gostava de coisas organizadas e talvez por causa disso se sentiu tão a vontade naquele lugar. Talvez fosse o bom gosto de seu pai que passou para a próxima geração.
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As Pontes Invisíveis
Science Fiction"Se as pessoas soubessem tudo sobre você, será que você ainda teria amigos?" Esse é o drama vivido por Charles Van Galloway. O jovem que vive em Londres ficou três dias desaparecido e não se lembra de nada que aconteceu nesse período. Vivendo uma vi...