Capítulo 4

7 5 0
                                    


04-As estrelas vermelhas.

Sirius Black parecia ainda ter mais pessoas a sua volta do que eu imaginava.

Agora mesmo ele havia me arrastado até um bordel. Repito: um bordel.

A imagem pública dele já deve estar na lama visto que todas as moças e moços do bordel já sabiam seu nome, e ainda sorriam ao dizê-lo. Há mais falta de decência no mundo?

Eu tentava espiar entre as prateleiras o garoto de cabelos longos conversando com uma loira de cabelos repicados. De onde eu via, ela se debruçava no balcão para falar perto de seu ouvido, os seios quase pulando para fora daquelas roupas claramente dois tamanhos a menos do que o dela.

"Ela parece tão amostrada, aquela..."

"Posso ajudar?" Uma segunda voz tocou meus ouvidos como uma assombração, me fazendo virar em um pulo.

Havia uma garota ali, dois palmos a menos que eu e seu cabelo escuro enrolado dentro de uma longa trança. No seu crachá brilhava o nome "Dorcas" seguindo de uma pequena estrela vermelha.

"Não,obrigado."

Por mais que meu tom fosse firme, Dorcas continuou me analisando de cima a baixo.

"É novo criado de sua alteza real, não é? Como é mesmo que se chama..." Ela franziu a testa, tentando lembrar. "Remus Lupin, não é?"

Concordei com a cabeça, observando os dois que agora riam igual loucos.

"O que tem de tanta graça?" Disse entre dentes.

"Então, a quanto tempo gosta de sua alteza real?"

"Como é? Não gosto daquele metido a mimado!" Bradei rápido para a garota que agora balançava os ombros.

"Perdão,engano meu." Um riso escapou dela,me dando uma boa olhada que parecia que a mulher via minha alma.

Sei que sou orgulhoso demais para perguntar, mas já montei nas costas da humilhação a muito tempo e pedi cavalinho.

"Sabe se aqueles dois" Apontei até onde Sirius e a mulher loira conversavam. "tem alguma coisa?"

Dorcas instantaneamente arregalou os olhos e começou a gargalhar tão alto que imaginava que todos do bordel pararam tudo que estavam fazendo para ouvi-lá rir desesperada pelo ar que saía de seus pulmões.

"O que é tão engraçado?" Uma voz veio de trás de mim, me fazendo desviar os olhos da garota que agora tinha o rosto enterrado na madeira das prateleiras ainda rindo um pouco.

A voz pertencia a um homem tão alto quanto eu, mas cujo os olhos eram tão pretos quanto um poço que não tem fim. "Simon" era o nome que estava escrito no crachá pendurado na sua roupa.

"Ele me perguntou se a Lene e sua alteza real tem alguma coisa." Ela ditou com a voz ainda risonha.

O moreno e ela explodiram em risadas de novo.

"Nossa, eu tô arrasando com essa hoje." Comentei.

Dorcas balançou a cabeça, saindo de seu estado anterior mais ainda carregando um sorriso nos lábios.

"Te respondendo,Remus" Começou "não acho que há algo entre eles, visto que Marlene é minha esposa."

Acho que nunca quis bater tanto na minha própria cabeça tanto quanto eu queria agora.

"Eu não fazia ideia." Balancei a cabeça como se fosse um contra ataque pela vergonha que eu sentia.

"Não é tua culpa, eles ficam agindo assim desde que se conheceram. É só questão de se acostumar." Simon disse, uma mão no meu ombro, se aproveitando do seu tamanho para chegar perto do meu rosto.

Um pigarrinho veio de nossas costas.

"Sua alteza real! É um prazer revelá-lo." Simon se curvou minimamente para Sirius, pouco se importando se isso fazia com que seu rosto chegasse mais perto do meu.

Se fosse possível, o rosto de Siriús se contorceu em uma carranca ainda maior quando agarrou meu braço, me puxando para saída.

"Pirou foi? Quase bati minha cabeça na parede." Reclamei quando saí do aperto dele, caminhando a seu lado até a carruagem.

"Não sei se a tua memória é falha, mas temos um trato." Seu corpo se desequilibrou quando a carruagem pulou por causa de uma pedra. "Só eu tenho permissão de te olhar assim, de perto."

"Só acho que é muito possessivo com uma coisa tão boba."

Os olhos nublados se perderam mais uma vez no meu rosto, divagando novamente por um dilema que só ele parecia saber.

"Achei que já soubesse do porquê me deixei te ajudar em primeiro lugar."

Não,eu não sabia.

"Tudo bem, eu posso esperar até você se dar conta disso."

Seu sorriso costumeiro abriu espaço no seu rosto, deixando um sorriso tão puro quanto os raios de Sol.

Por um milésimo de segundo, pensei-me ter brilhado igual e do Astro Rei. A, então era assim que sentíamos algo no mais leve sentido?

★ ★

Pela manhã havia uma visita para toda família real e por algum motivo que só dei, todo poderoso, sabe, Sirius insistiu que eu fosse com ele. Como se eu fosse seu guarda real.

Mas meus ossos congelaram quando o frio que emanou dos homens que estavam na frente de todos passou por mim.

Eram Lord Voldemort e Fenrir Greyback.

Há muitas luas que meu cérebro em um movimento de alto defesa, bloqueou todas as memórias que se relacionavam a aqueles dois homens. Eles eram horríveis, mas pelo jeito eu teria que os ver sendo idolatrados como uma parte produtiva da sociedade.

"Como deve se lembrar Lord, esse é Sirius, nosso filho mais velho." O homem de aparência severa proclamou.

É estranho que memórias de um passado distante ainda vivam depois de você as mata-las?

Assim quando pisquei atordoado, já havia se passado toda reunião e visto que todos os criados que estavam ali se curvaram quando Voldemort e Greyback iam em direção a saída coberta de ouro, me forcei a me curvar também.

De repente, Fenrir parou abruptamente e virou o seu rosto completamente por cicatrizes até mim. Seu nariz se mexeu como se pudesse sentir meu cheiro de medo.

"Já nos conhecemos, criança?"

Sua voz ainda soava amarga e angustiante.

Balancei a cabeça, ainda baixa, em discordância.

"Creio que não, senhor."

O homem se deu por vencido quando se virou para frente, mas não antes de eu ver aquilo.

Aquele sorriso.

Ele ainda tinha aquele sorriso.

Shadow assassin -Wolfstar Onde histórias criam vida. Descubra agora