Um Conto

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Não é capítulo novo. Minha criatividade está super travada e eu não consigo escrever. Agradeço por todo o amor de vocês por Estrada da Fama e peço que tenham paciência comigo, pois arte não é algo que se pode apressar quando se quer entregar algo bem feito.
No momento, minha criatividade me levou para um lado diferente, o futuro da família Vargas entrelaçada com Hernandez, e eu senti vontade de compartilhar com vocês.
Boa leitura!
XOXO, M

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Dois anos atrás

Eu realmente nunca entendi porque as latinas fazem tanta questão de ter uma festa de debutante. Gastar o preço de um carro em uma única noite com comida, bebida, um vestido e mais quantas outras extravagâncias o coração de uma garota pode desejar, e que seu pai coruja ha de dar, é algo que realmente não fazia nenhum sentido para mim. A minha mãe tentou me explicar dizendo algo como "É pela magia da noite." mas eu realmente não consegui conceber.

Até hoje.

Até ela.

É como se todo o ar de repente fora roubado dos meus pulmões e não há mais luz no mundo além da luz que emana dela. Maria Vargas, a irmã do meu melhor amigo, filha dos meus padrinhos, afilhada do meu pai e provavelmente a garota mais linda que já coloquei meus olhos.

Nunca havia percebido como seus lábios são perfeitamente desenhados e que lindos ombros ela tem, com um pescoço delicado emoldurado pela cascata longa de cachos castanhos que tenho vontade repentinamente de deslizar meus dedos. O sorriso dela quando enxerga seu pai, que lhe sorri mostrando as finas rugas na lateral dos olhos antes de beijar sua testa e caminhar com ela pelo salão, a apresentando para os presentes, seria capaz de iluminar cada canto escuro desse planeta. Amigos, familiares, colegas de escola e do trabalho de nossos pais estão dispostos cada um em seus lugares previamente escolhidos de acordo com grau de importância, mas eu honestamente não vejo mais ninguém. Apenas ela.

Maria está tímida, seu pai diz algo em seu ouvido e ela ri, desfazendo por um breve instante a tensão em seus ombros, que se transforma em uma risada contida pela mão sobre os lábios em forma de coração. Nunca havia notado o formato de sua boca, nem como seus olhos fecham quando ela ri, ou como ela tem olhos grandes e brilhantes que correm pelo salão, com certa apreensão, que se desfaz conforme ela chega mais perto de sua mãe e irmão mais velho. Ela é recebida com um abraço da mãe e um beijo na mão de seu irmão, que até onde eu sei não faz isso, mas sempre a tratou como uma princesa a ser protegida. Não o julgo porque eu também agiria assim, ou até pior, se tivesse uma irmã - ainda mais uma irmã tão bonita quanto a Maria.

Homenagens são feitas, joias da família entregues nas mãos dela por sua mãe e seu pai, quem se ajoelha diante dela ao colocar um anel em seu dedo, o que a leva às lágrimas. Maria e tio Leon vão até o centro da pista de dança e a música inicia, é uma valsa de "O Quebra Nozes" e não deixo de sorrir com a escolha. Eles dançam uma valsa lenta, conversando algo entre eles, rindo juntos e logo é a vez de Antônio, filho mais velho da família Vargas. Eles estão confortáveis na presença um do outro, mas percebo que Antônio não está completamente relaxado, e eu só sei disso porque o conheço mais que ele se conhece. O pai do tio Leon tira a garota para dançar e logo depois vem o pai da tia Violetta com o mesmo objetivo.

Tio Leon não tem irmãos, mas tem primos, muitos primos, e cada primo tem pelo menos dois filhos cada, e pelo menos a metade deles são homens, que vão dos oito aos cinquenta anos, todos eles tendo sua vez de dançar com a garota na pista usando um vestido rosa longo que lhe da uma aparência etérea.

Finalmente chega a minha vez e eu me aproximo, aparecendo atrás de meu pai que havia tido a sua vez com sua afilhada. Antes de passar por mim, ele me dá um olhar que eu conheço bem, o olhar de quando me repreende. Já vi muito disso.

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