PROLOGUE

900 113 185
                                    

Louis observava a paisagem em constante mudança pela janela à medida que o trem deslizava suavemente pelos trilhos. A primavera estava no auge, pintando as colinas circundantes com uma paleta de verdes vibrantes e flores silvestres coloridas. Os campos estavam pontilhados com o amarelo brilhante dos narcisos e o lilás suave das violetas, enquanto as árvores exibiam seus primeiros brotos de folhas novas.

Conforme os vagões se aproximavam da costa de Brighton, a paisagem se transformava gradualmente. O verde exuberante das áreas rurais dava lugar à vastidão azul do mar, que se estendia até o horizonte distante. O sol da tarde banhava as águas cintilantes com uma luz dourada, fazendo com que as ondas brilhassem como diamantes sob seus raios. Gaivotas pairavam no céu, seus grasnidos estridentes cortavam o ar e adicionavam uma trilha sonora natural ao cenário costeiro. O píer se destacava ao longe, uma estrutura icônica que se estendia sobre o oceano e convidava os visitantes a explorar suas atrações e desfrutar do sopro da maresia.

O jornalista desembarcou no porto e seguiu em direção ao centro da cidade, as malas pesadas tensionando seus músculos. As ruas de paralelepípedos desgastadas pelo tempo e pelo uso constante testemunhavam o vaivém de pessoas de todas as idades e origens; já as lojas coloridas exibiam suas mercadorias nas vitrines, convidando os transeuntes a explorarem seus tesouros. Os cafés eram pontos de encontro populares para os habitantes locais e visitantes, onde o cheiro de café recém-torrado se misturava com o som de conversas animadas e risadas contagiantes. Mesas e cadeiras de ferro forjado preenchiam os espaços ao ar livre, oferecendo refúgio para aqueles que desejavam apreciar um momento de tranquilidade enquanto observavam o mundo passar.

Tomlinson se viu cercado por uma mistura eclética de cidadãos, desde artistas de rua exibindo suas habilidades em pintura e música até trabalhadores portuários apressados que se misturavam com turistas curiosos, criando uma atmosfera dinâmica e multifacetada. Era uma época de mudanças e efervescência, onde os valores tradicionais se encontravam com as influências modernas e resultavam numa cidade que pulsava com vida e diversidade.

Após uma breve caminhada, o inglês avistou o hotel onde planejava se hospedar durante sua estadia. Era um edifício elegante de três andares, com uma fachada de tijolos vermelhos e janelas ornamentadas. Uma placa de madeira na entrada anunciava o nome do estabelecimento: The Seaside Inn.

Louis adentrou o saguão do hotel, sendo recebido por uma decoração clássica e um aroma reconfortante de flores frescas. O balcão de recepção estava adornado com vasos de plantas, e embora o ambiente estivesse banhado por uma aura acolhedora, os sorrisos calorosos dos funcionários não foram suficientes para que o turista movesse os lábios para emitir uma saudação ou aceitasse auxílio para acomodar sua bagagem.

Depois de realizar o check-in e receber a chave do quarto, o londrino subiu as escadas até o segundo andar e procurou pela numeração indicada pela recepcionista. Ao abrir a porta, deparou-se com um recinto decorado com móveis de madeira polida e cortinas brancas que deixavam a luz do sol filtrar suavemente. Uma cama confortável ocupava o centro do cômodo, com lençóis macios e travesseiros fofos convidando-o a relaxar.

O homem deixou as malas no chão e caminhou até a janela, abrindo-a para permitir que a brisa entrasse. Apesar da beleza da cidade costeira ao seu redor, ele não conseguia se livrar da sensação de deslocamento.

Praia e mar não era exatamente o seu ambiente preferido, e ele preferia manter uma distância segura de qualquer coisa relacionada ao oceano.

Tomlinson odiava a praia.

Odiava o mar.

Mas mais do que tudo, ele odiava estar ali, em Brighton, preso num local que parecia ser feito para pessoas que não tinham medo de se aventurar além da costa segura.

SEASHELLSOnde histórias criam vida. Descubra agora