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O som da chuva tamborilando suavemente contra a janela preenchia o quarto com uma atmosfera quase íntima. Louis estava sentado na pequena escrivaninha, concentrado na máquina de escrever.

Seu encontro com Harry na Feira Noturna havia começado de forma tranquila, mas o clima entre eles mudara à medida que a noite avançava. O toque inconsciente de seus corpos, os olhares prolongados, as palavras ditas em meio a sorrisos hesitantes...tudo culminou em uma tensão que Tomlinson não pôde mais ignorar.

Ao voltarem para o hotel, mal conseguiram esperar até estarem no quarto. Assim que a porta se fechou atrás deles, o desejo, que vinha se acumulando há horas explodiu em uma sequência de beijos intensos e mãos ávidas.

Styles havia retribuído com uma paixão inesperada, os lábios urgentes, os dedos segurando o jornalista com uma força que contrastava com sua habitual gentileza. Contudo, quando as coisas começaram a se intensificar, ele de repente parou.

O inglês se lembrava claramente da expressão confusa, como se o rapaz estivesse assustado com a própria intensidade do que sentia. Foi um momento que exigiu mais paciência do que Louis esperava, e ele teve que puxar Harry para perto de novo, tranquilizando-o com carícias suaves, até que ambos conseguiram respirar normalmente.

Agora, o nativo vagava pelo quarto, o reflexo de sua inquietação se evidenciando conforme vasculhava o espaço. Ele examinava objetos pessoais como se procurasse algo que o distraísse, pouco se importando com o quão invasivo aquilo soasse. A chuva lá fora havia o prendido, e embora a água doce não revelasse suas escamas, ele não arriscaria molhar sua linda saia azul.

O jornalista franziu o cenho repentinamente, tirando os olhos da máquina de escrever por um momento. O ambiente estava quieto demais, e para alguém como Harry, que sempre parecia cheio de energia, aquele silêncio era incomum.

Ele virou-se lentamente na cadeira, e a cena que encontrou quase o fez rir. O garoto estava sentado no centro da cama, segurando um pequeno pacote de preservativo em uma mão e olhando-o com uma expressão curiosa. A carteira de couro estava logo ao lado, sua identidade, moedas, libras e recibos encontravam-se espalhadas. O homem normalmente rangeria os dentes e o daria um sermão, mas aquela criatura peculiar abaixava suas guardas.

— O que é isso? — Indagou, levantando o objeto para Tomlinson ver melhor.

O turista revirou os olhos, não acreditando no que ouvia. Era claramente uma brincadeira, ele estava certo disso.

— É apenas um balão. — Respondeu ele, sua voz impregnada de ironia. — Você sopra e ele fica bem grande. Ótimo para festas de aniversário.

Harry franziu as sobrancelhas, estudando o preservativo como se estivesse tentando decifrar um quebra-cabeça. O londrino, ainda achando graça na situação, retomou a escrita, tentando recuperar o foco.

O silêncio voltou a reinar, exceto pelo barulho das teclas da máquina de escrever. Louis estava começando a se concentrar novamente, suas mãos pairando sobre o papel, quando um som alto e inesperado o fez pular na cadeira. Um estrondo seco reverberou pelo quarto, seguido por uma exclamação espantada.

Tomlinson girou a cabeça rapidamente, deparando-se com Styles ainda na mesma posição, mas, desta vez, segurando os restos de látex em suas mãos. Ele havia, de fato, levado a sério a resposta do inglês e inflado o preservativo até estourar.

— Por que... — As palavras se perderam, a incredulidade em sua voz. — Por que você fez isso?

— Eu queria ver o balão cheio. — A entonação mesclava desculpas e confusão. — Ora, por que está me olhando assim? Não é como se você não tivesse outras!

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