Dois

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Sempre que pensava em Zee, via-o como um pássaro livre. Daqueles deslumbrantes que a gente tira um momento para observar e só o mero pensamento de vê-lo preso, por si só, era angustiante.

A primeira vez que o viu, foi na universidade. Ele não era um aluno, ou um professor, apenas alguém que havia resolvido invadir o campus universitário simplesmente porque ouviu sobre uma parte da propriedade que era linda e gostaria de fotografar.

— É mesmo muito bonito, phi — o mais novo admitiu, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, ao ser abordado pelo desconhecido que queria pedir uma informação. — Ás vezes eu vou até lá, quando quero inspiração.

— Hmm, um artista então? Que interessante — Zee sorriu como o canalha que era, como de costume. — Mas sabe, acho que eu acabei encontrando algo muito mais bonito... O que acha de posar para mim?

— Mas... oi? — Nunew o encarou com estranhamento. — Eu nem te conheço.

— Não seja por isso, nong — ainda sorrindo bonito, Zee descansou a alça da câmera em seu ombro, estendendo a mão direita em um cumprimento, em seguida. — Prazer, Pruk ou Zee, se preferir. Fotógrafo. Especialidade, nu artístico.

— C-como? — Engasgou.

— Isso mesmo — ele ainda sorria. — Gosto de mostrar a beleza e a toda a delicadeza da nudez. Claro que muita gente não sabe apreciar e parte logo pra sacanagem — deu de ombros —, mas, né? Ócios do ofício.

Nunew permaneceu em um silêncio chocado, antes de respirar fundo e perguntar.

— Você pretendia...?

— Principalmente.





Com o tempo, as visitas "sem pretensão" de Zee tornavam-se cada vez mais constantes. Constantes o suficiente para questionar a falta de pretensão delas.

Eles iam a parques, cafés e, às vezes, não iam para lugar algum, apenas saíam pela cidade em busca de lugares perfeitos para estarem juntos.

Zee não desistiu da ideia de fotógrafa-lo nu, mas Nunew parecia irredutível em não aceitar, acreditava não ser capaz de fazer algo como aquilo em momento algum, embora estivesse começando a reconhecer sua beleza.

Até que um dia, sua curiosidade venceu a timidez.

Em uma tarde em um parque, enquanto apreciava a vista e Zee editava um ensaio fotográfico, Nunew se encontrou apreciando as tais fotos. O modelo era um rapaz que conhecia, já o tinha visto antes em uma das festas que o fotógrafo costumava levá-lo, o apresentando como seu Nuh. Ele parecia tão sensual, mesmo que nenhuma parte reveladora de seu corpo estivesse à mostra. Eram apenas curvas, ombros, ângulos, olhos e sorrisos.

— Você deveria parecer tão feliz enquanto olha para isso? — Provocou olhando o menino de lado.

— Não tem nada a ver com felicidade hia — corou —, é apenas... é diferente do que eu imaginei.

Fazia alguns dias que Zee não externava seu desejo, apesar de ser algo que ele queria desesperadamente fazer. Nunew, antes de qualquer coisa, precisava se sentir confortável sobre o assunto e isso não aconteceria se continuasse sendo insistente.

— Diferente como?

— Pensei que se pareceria com aquelas revistas masculinas de mau gosto — confessou.

— Isso não é pornografia Nuh, é sobre sensualidade, não é sobre sexo.

— É lindo...

— Você deveria tentar. — Disse como quem não quer nada, voltando a suas edições.

Prukdestiny | ZNN • SUBMERSOOnde histórias criam vida. Descubra agora