Capítulo 7

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CAPÍTULO VII

Na segunda-feira, Andrea começou sua jornada de recuperação física com determinação, seguindo à risca o plano delineado por seu fisioterapeuta. Cada alongamento, cada exercício, era um passo em direção à restauração de sua saúde, e ela se empenhava nisso com uma disciplina admirável.

Entretanto, por mais que seu corpo estivesse se recuperando, sua mente ainda enfrentava uma batalha interna. Desde o incidente que a deixou emocionalmente abalada, Andrea se via lutando para lidar com seus sentimentos tumultuados. Sua alimentação diminuiu drasticamente, cada refeição se tornando um desafio, com poucas garfadas e palavras monossilábicas escapando de seus lábios.

As lágrimas, antes contidas, agora se mostravam mais frequentes, escorrendo pelo seu rosto em momentos de fragilidade. Era como se a dor que ela tentava esconder por trás de sua determinação em se recuperar finalmente estivesse encontrando uma brecha para emergir.

Apesar de aceitar a presença reconfortante de Nigel, Andrea evitava qualquer menção a Miranda. A simples menção do nome da sua ex-chefe era o suficiente para desencadear uma série de emoções que ela não estava pronta para enfrentar. Mesmo assim, a presença silenciosa e solidária de Nigel era um conforto constante em meio ao turbilhão emocional que ela enfrentava.

A interação de Andrea com Nigel era mínima, limitada a agradecimentos e respostas curtas. Por mais que apreciasse sua presença, ela ainda se encontrava mergulhada em sua própria dor, incapaz de se abrir completamente, mesmo para alguém tão próximo.

A ânsia de voltar para casa se tornava mais forte a cada dia que passava. Andrea ansiava pela segurança e familiaridade de seu próprio espaço, onde poderia se recolher em seu quarto e enfrentar seus demônios internos longe de olhares curiosos.

À medida que a semana avançava, Andrea continuava sua jornada de recuperação física, cada vez mais forte e confiante em seu progresso. No entanto, o mesmo não podia ser dito de sua batalha emocional. As cicatrizes deixadas pelo trauma ainda estavam frescas, e ela sabia que a estrada para a cura emocional seria longa e difícil.

Mesmo rejeitando a presença de Miranda, ela sabia que a editora estava movendo céus e terras para que ficasse bem, além de estar se mantendo implacável no processo de investigação do ataque que sofreu, porém era muita coisa a se pensar, sentimentos tão antagônicos a sufocando e o ambiente em que se encontrava parecia não favorecer em nada e por mais que estivesse se esforçando na recuperação de seu corpo físico, sabia que quando voltasse para casa ainda teria limitações e a Dra. Bailey havia lhe dito que receberia alta naquela semana, pois não era viável mantê-la mais tempo no hospital, por conta dos riscos significativos de uma infecção hospitalar, porém em sua cabeça tão confusa, aceitar a presença da editora seria o mesmo que expor ainda mais a sua vulnerabilidade, pois não conseguia enxergar o amor que a outra sentia por ela. Acreditava que sua atitude era apenas culpa e o cumprimento de uma responsabilidade trabalhista e seu coração estava quebrado demais, ela já havia sido rejeitada demais e com certeza não sobreviveria se Priestly também a rejeitasse.

Enquanto Andrea lutava com suas próprias batalhas emocionais, Miranda enfrentava uma semana infernal, atolada em demandas exaustivas que pareciam não dar trégua. Seu telefone não parava de tocar, sua caixa de entrada estava transbordando de e-mails urgentes e sua agenda parecia mais lotada do que nunca.

Cada minuto de seu dia era consumido por reuniões intermináveis, negociações complicadas e decisões cruciais que exigiam sua atenção imediata. Mesmo com toda a sua determinação e habilidade para lidar com a pressão, até mesmo Miranda sentia os efeitos do estresse acumulado.

Contudo, mesmo em meio ao caos de sua vida profissional, havia uma preocupação constante que pesava em sua mente: Andrea. A recusa da ex-assistente em se aproximar dela, em compartilhar suas dores e angústias, era uma ferida aberta que Miranda não conseguia ignorar.

Por mais que tentasse se concentrar em seu trabalho, a ausência de Andrea deixava um vazio palpável em sua vida. Era como se uma parte dela estivesse faltando, uma sombra que pairava sobre suas conquistas profissionais.

Inúmeras vezes se viu olhando para a mesa vazia de sua segunda assistente, se lembrando do quanto sentia falta daquele sorriso tão marcante, que muitas vezes, embora nunca admitisse, era seu alento em meio ao caos. De quanto se viu rindo internamente ao ouvir Andy confidenciar à Nigel ou Emily, suas peripécias pelas ruas de Nova York, ao atender suas demandas. Sentia falta também da sua doçura, de seu brilhantismo e lhe doía saber que sua ausência afetava suas filhas também.

Cada vez que tentava se aproximar de Andrea, era recebida com uma frieza que a deixava desconcertada. Suas tentativas de reconciliação eram recebidas com resistência, e sua oferta de apoio era ignorada com indiferença.

A frustração de Miranda crescia a cada dia que passava, sua incapacidade de romper as barreiras emocionais que Andrea erguera ao seu redor era uma ferida em seu orgulho. Ela não estava acostumada a encontrar resistência em suas relações profissionais, e a recusa da mais nova em aceitar sua ajuda era um golpe em sua autoconfiança.

No entanto, mesmo diante dessa rejeição aparente, Miranda não desistia, acreditando que sua determinação e perseverança poderiam ser as chaves para abrir as portas que Andrea havia fechado tão firmemente.

ECOS DO CORAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora