˚₊‧꒰ა A Teoria Do Guarda-Chuva Amarelo ໒꒱ ‧₊˚

40 7 1
                                    

❝Agora que está chovendo mais do que nunca

Saiba que ainda teremos um ao outro

Você pode ficar debaixo do meu guarda-chuva❞

Umbrella - Rihanna


Você acredita em teorias?

Acredito em algumas.

Nunca confiei em nenhuma teoria, ou acreditei que todas fossem fielmente realistas.

Mas me recordo exatamente do dia em que uma se provou verídica.

Estava chovendo muito naquele dia e como sempre eu resolvi desobedecer às instruções de minha mãe e não levei um guarda-chuva para a escola. O dia nublado me deixava desanimado, sempre preferi dias coloridos e vívidos. O desânimo em andar para casa era visível em meu olhar, sem mencionar o mau jeito em que fiquei sentado o dia todo, o que fazia minhas costas doerem.

Esperando matar um pouco do tempo, me encostei no pilar da saída da escola e enrosquei meus fios de cabelo em meus dedos. Não demorou muito para que eu começasse a ficar entediado. E ao contrário do que eu pensava, a chuva parecia piorar aos poucos.

No momento em que me preparei para correr até em casa, fui interrompido por uma voz fria e ao mesmo tempo aconchegante que chamou por mim.

— Sunoo? — Soou calmamente e cheio de curiosidade. Para a minha surpresa, Nishimura Riki estava parado ao meu lado, com uma expressão indecifrável em seu rosto e segurando o que eu julgo ser um guarda-chuva em suas mãos

— Ah! Niki... — Pronunciei surpreso e envergonhado.

Niki era minha paixonite desde a primeira série, quase nunca nos falávamos então foi uma surpresa ver ele dirigir uma palavra a mim. O outro me analisou de cabo a rabo e me encolhi no meu lugar.

— Não vai embora? — Perguntou um pouco preocupado e eu desviei o olhar para a chuva.

— Esqueci meu guarda-chuva... — Brinquei com uma mecha de meu cabelo e vi o maior abrir seu guarda-chuva de cor amarelada.

— Quer me acompanhar? — Sugeriu, em outras circunstâncias eu recusaria, pois me sinto envergonhado ao ficar ao redor dele, porém eu necessitava ir embora.

— Se você não se importar....

Abaixei a cabeça e me aproximei lentamente dele, assim ele envolveu seu braço em mim e me puxou para que eu me aproximasse, afinal o guarda-chuva era muito pequeno. O único motivo era esse.

Tentei colocar isso em minha cabeça, mas meu coração não me permitia e batia como um louco à medida que caminhávamos. Nós andamos por mais ou menos 5 minutos, mas foi o suficiente para que todo tipo de pensamento cruzasse minha mente. Nem por um momento Niki me soltou.

E durante todo o caminho, o pensamento que sempre me voltava à mente era a maldita teoria que eu havia visto na internet. Por que caralhos ele tinha que levar justamente um guarda-chuva amarelo?

Só me fazia imaginar cenários impossíveis, já que Niki era claramente hétero e eu um gay não assumido que adorava ouvir música e assistir séries.

E mesmo que ele fosse Bissexual ou algo do tipo, ele nunca me olharia.

Foi o que pensei.

O único momento em que o japonês me soltou foi quando paramos no ponto de ônibus.

— Vai de ônibus? — Perguntou olhando ao redor e eu assenti com minha cabeça. — Eu não me importo em te levar até em casa, você não é um incômodo.

— Não se preocupe, eu posso me virar. Até mais.

Me despedi e me virei de costas para ir esperar meu ônibus, mas antes que eu pudesse ir embora a mão áspera dele segurou meu braço com um pouco de força. Franzi o cenho e me virei para ele, que soltou meu braço ao perceber que apertava com muita força.

— Na verdade... — Suspirou e eu voltei a me aproximei. — Eu queria te dizer algo... — Sinalizei para que ele prosseguisse mas ele parecia não querer. — Pode me acompanhar? — Insistiu.

Acabei cedendo e caminhamos até minha casa, a chuva cessava aos poucos e meu coração parecia bater cada vez mais forte, ansiando por algo mais do que as conversas bobas que tivemos durante o caminho e ansiando cada vez mais por uma confirmação de que os meus sentimentos eram mútuos, algo improvável.

Não muitos minutos depois, paramos em frente a porta da minha casa, ali passei a me sentir deprimido por Niki ainda não ter me dito o que queria falar e também por estar na hora de dizer "até amanhã".

— Eu.... — Bufou. — Acho que não consigo dizer isso.

Mal tive tempo para ficar confuso, pois o maior soltou o seu guarda-chuva amarelo e em um movimento rápido, seus lábios já estavam colados nos meus. Pude ouvir o som do guarda-chuva caindo no chão, como a chuva não havia cessado completamente, começamos a ficar molhados.

Seus lábios envolveram os meus e eu não sabia se ficava surpreso por conta do beijo repentino ou sobre o quão bem Niki beijava. Seus lábios eram macios e não pude deixar de me perguntar onde ele havia aprendido a beijar daquela forma.

Retribui o beijo ainda confuso, meu coração batia tanto que pensei que iria ter um ataque cardíaco. Quando nos separamos, o maior me deu um leve selinho.

— Então.... — Pareceu esperançoso para que eu retribuísse seus sentimentos.

Meu rosto estava completamente vermelho, pude ver Niki lamber os lábios e tirar o cabelo encharcado de seu rosto Porém não tive tempo para responder e ouvi minha mãe me gritar.

— Kim Sun-Woo!!! Tá louco? Querendo ficar gripado? Sai dessa chuva agora! — Minha mãe abriu o portão e saiu, olhei para ela e ela intercalou o olhar entre mim e Niki. — Oh, Niki! O que vocês estão fazendo na chuva? Entrem logo, antes que fiquem doentes.

Minha mãe tentou convencer Niki a passar a noite lá em casa, mas o outro recusou e foi para sua respectiva casa. No dia seguinte o evitei na escola, mas por acaso nos encontramos fora da escola e fiquei sem escapatória.

Eu estava sentado no banco da praça com um sorvete de baunilha em mãos, o tempo estava meio louco ultimamente então estava muito quente naquele dia. Eu havia encontrado Niki por acaso e decidimos tomar um sorvete.

— Pode olhar para mim? — Pediu, já que desde que o encontrei não olhava em seu rosto diretamente. O olhei envergonhado por conta do dia anterior. — Peço desculpas por ter lhe beijado subitamente, mas eu queria te dizer de alguma forma como eu me sinto. — Suspirou olhando para o além. — Eu gosto de você Sunoo.... Há muito tempo. E sinto muito se em algum momento agi friamente ou fiz parecer que não me importava com você, mas meu coração parecia pular para fora de minha boca toda vez que via você. Vou entender se você não se sente da mesma forma, afinal a gente nunca conversou muito, de qualquer forma.

Meu sorriso parecia aumentar cada vez mais, à medida que ele falava.

— Eu também gosto de você.

Não precisei dizer muito, não precisei elaborar uma confissão, apenas aquelas palavras pareciam o suficiente.

Entretanto, apenas uma coisa passou em minha mente, o maldito guarda-chuva amarelo.

Como disse, não acredito em muitas teorias. Mas tenho quase certeza de que a teoria do guarda-chuva amarelo foi a causadora de tudo isso. E a ela sou muito grato.

A teoria do guarda-chuva amarelo | SunkiWhere stories live. Discover now