Acredita em "Milagres"?

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Meu coração congela por um segundo. Tento respirar, mas sinto como se todo o ar tivesse sumido da sala. É ela. A diretora da entrevista. Eu sabia que esse momento ia chegar, mas isso não me impede de sentir o pânico subindo.

— Ahn… Olá, sim! Sou eu. — Tento soar calma, mas minha voz vacila.

Do outro lado da linha, a diretora Park continua com sua voz séria e profissional, como uma pessoa que já fez isso milhares de vezes.

— Senhorita Kim, estamos entrando em contato para informar que, após revisar todos os candidatos, tomamos nossa decisão. — Há uma pausa que parece durar uma eternidade, e eu sinto o coração martelando no peito.

— E gostaríamos de oferecer a você o cargo na Rioko Entertainment.

Por um momento, tudo para. As palavras não fazem sentido na minha cabeça. Cargo... oferecer... eu fui... escolhida? Minha boca se abre, mas nenhum som sai. Será que entendi direito?

— Senhorita Kim? — a diretora Park pergunta, provavelmente achando que a ligação caiu ou que eu fui de arrasta pra cima.

— Eu... eu consegui? — minha voz finalmente sai, fraca, mas cheia de incredulidade.

— Sim, você foi escolhida. Parabéns. Gostaríamos que você viesse ao escritório na próxima segunda-feira para discutir os detalhes do contrato e o início de suas atividades.

Eu sinto uma explosão de felicidade percorrendo todo o meu corpo. O esforço, o nervosismo, todas aquelas noites em claro... valeram a pena! Mas, antes que eu possa começar a gritar e dançar pela casa, tento manter alguma dignidade que me resta.

— Muito obrigada! Eu... estou tão feliz, de verdade! Obrigada pela oportunidade! — Minha voz é uma mistura de alívio e pura euforia.

— Ficamos felizes por você fazer parte da nossa equipe, senhorita Kim. Vejo você na segunda-feira. — E com isso, a ligação é encerrada.

Por um segundo, fico parada, segurando o telefone, tentando assimilar o que acabou de acontecer. Então, o grito sai.

— EU CONSEGUIIIIIIIIIIII!!!! — Pulo da cama e começo a correr pela casa, agitando os braços como uma desmiolada. Essa é a melhor notícia da minha vida. Eu consegui o emprego dos meus sonhos!

Corro para ligar novamente para Soo-min, a primeira pessoa que precisa saber disso. Quando ela atende, não me deixa nem falar.

— Deu certo, não deu? — A voz dela já está cheia de expectativa.

— Sim, deu! Eu consegui, Soo-min! Eu vou trabalhar na Rioko!

Ela solta um grito ainda mais alto que o meu.

— Eu sabia! Sabia que você ia conseguir, Hyo-jin! Eu tô tão orgulhosa de você! — Ela parece quase tão animada quanto eu, e logo começamos a rir e a falar sem parar, compartilhando o momento.

— Aigoo, eu não sei como vou sobreviver até segunda-feira! — digo, sentindo a adrenalina ainda correr no meu corpo.

— Relaxa, você vai arrasar. Mas já sabe o que isso significa, né? — Ela pergunta com um tom misterioso.

— O que significa? — pergunto, desconfiada.

— Significa que vamos comemorar! Hoje à noite, você, eu, e uma garrafa de soju! Nada de ficar em casa pensando demais. Hoje é dia de festa!

Eu hesito por um segundo, pensando na semana intensa que tenho pela frente, mas então me dou conta de que essa é uma conquista que merece ser celebrada. Preciso aproveitar o momento.

— Você está certa. Vamos comemorar! — respondo com um sorriso.

****

Mais tarde naquela noite, estou em um bar com Soo-min, brindando nossa amizade e minha vitória. As luzes de neon de Seul brilham lá fora, enquanto a música suave toca ao fundo. Estamos sentadas em uma mesa perto da janela, e enquanto ela despeja mais soju nos nossos copos, sinto uma leveza que não sentia há tempos.

— Ao novo capítulo da sua vida! — Soo-min levanta o copo, e eu faço o mesmo, sorrindo.

— Ao futuro! — respondo, e brindamos.

Enquanto bebemos e conversamos, Soo-min me faz perguntas sobre o "Deus Grego" da entrevista. Tento desviar do assunto, mas ela é persistente.

— Vai, Hyo-jin, me diz! Ele vai ser seu chefe? Você vai trabalhar com ele? — Ela pergunta, com os olhos brilhando de curiosidade.

— Eu não sei! Talvez? — digo, dando de ombros. — Ele parecia ser importante, mas ninguém me disse quem ele era. Só sei que ele estava na entrevista, e... ele era... bom, ele era...

— Um Deus Grego! — Soo-min completa, rindo.

— Exato. — Suspiro, lembrando de como ele me olhou durante a entrevista. Aquele sorriso... Por que ainda estou pensando nisso?

— Bom, se ele for seu chefe, talvez você tenha mais do que apenas um emprego novo. — Soo-min pisca para mim, com um sorriso travesso.

Reviro os olhos, mas sorrio. Por enquanto, só quero focar no trabalho e fazer o meu melhor. Mas não posso negar que aquele olhar vai ficar comigo por mais um tempo.

****

O fim de semana passa voando, e logo chega a segunda-feira. Estou na frente do espelho, ajustando minha roupa e tentando acalmar os nervos. O primeiro dia na Rioko finalmente chegou. Um misto de animação e ansiedade toma conta de mim. Eu não faço ideia do que me espera, mas uma coisa é certa: esta é a chance que eu esperei por toda a minha vida.

Com um último suspiro, pego minha bolsa, dou uma última olhada no espelho e saio de casa. Hoje, um novo capítulo começa.

Com a confiança nas alturas e sentindo como se o universo finalmente estivesse a meu favor, começo a andar pela rua movimentada de Seul. O sol está brilhando, o céu está limpo... Quase limpo, aliás.

De repente, ouço o som de asas batendo acima de mim. Antes que eu possa reagir, sinto algo cair bem no topo da minha cabeça. Algo... úmido. E quente.

— Não, não pode ser... — murmuro para mim mesma, com os olhos arregalados.

Eu, Kim Hyo-jin, acabo de ser... cagada por um pombo. Em pleno centro de Seul! Tento segurar o riso de puro desespero, mas uma mistura de horror e incredulidade toma conta de mim. Corro para um canto para tentar limpar o que der com a mão, sem querer chamar mais atenção, mas é claro que o destino tinha mais uma surpresa para mim justo no meu primeiro dia.

Dou um passo em falso na calçada irregular, e — para piorar ainda mais o meu dia que até agora estava perfeito — meu salto se quebra.

— Não acredito! — exclamo, me desequilibrando enquanto tento me apoiar no poste mais próximo. Minha bolsa cai no chão, papéis voam por todos os lados. Agora, além de estar com o cabelo adornado por cocô de pombo, também estou mancando com um salto quebrado. Um louco de bicicleta passa na velocidade do vento me dando um empurrão na barriga e me deixando como uma cega em tiroteio

Por sorte, antes que eu caísse de cara no chão, uma mão forte me segura pelo cabelo. Quando viro a cabeça para ver quem foi o salvador da minha vida e arruinador da minha chapinha, meus divertidamentes dão piruetas.

CON-TI-NUA

Missão: MARRY MEOnde histórias criam vida. Descubra agora