O tilintar das espadas ecoava por todo o pátio, o suor escorria das têmporas de Laura, a jovem estava preocupada em proteger sua retaguarda naquele momento, Eldwin avançava em sua direção, atacando nos pontos mais estratégicos possíveis, tentando desequilibra-la, até o momento que sua espada escorregou suavemente das mãos calejadas do mais velho fazendo um pequeno corte na lateral do braço da garota, esta que saltou para trás e resmungou. - Droga, você deveria ter mais cuidado. - E foi então que ela a viu, no alto do casa, foi a primeira vez que realmente pôde vê-la com clareza depois de tanto tempo, os olhos vermelhos como Rubi a pele negra brilhante como Onix e os lábios avermelhados do que parecia vinho ou batom? não saberia, os cabelos cacheados negros como turmalina, balançavam com perfeição na brisa da manhã, e ela olhava para a Ruiva como se tudo naquele momento tivesse parado, até que Eldwin derrubou a garota no chão como um saco de batatas e encostou a espada em seu pescoço. - Não se distraia no campo de batalha, ou seus inimigos irão trucida-la. Nunca será capaz de proteger a duquesa se continuar assim. - Estendeu a mão e a Sardenta se ergueu, olhou para a Janela e ela já não estava mais lá, trouxe o olhar para Eldwin, estralou o pescoço, e chamou-o com o indicador. - Mais uma vez... - Ele sorriu orgulhoso - É assim que eu gosto - Ele empunhou a espada e grunhiu correndo em sua direção e a ruiva se defendeu...
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Ela se jogou sobre a cama pouco confortável com uma pedrinha lisa em suas mãos a qual tinha achado em meio ao pátio, o treino havia sido puxado, mas ao menos ela tinha ganhado maioria das vezes. Laura encarou o machucado aberto, este que basicamente estava um pouco mais fundo que o comum, ela passou a atirar a pedra para cima recordando-se da beleza da Senhora, mal podia imaginar o dia que estaria próxima a ela, isso a fazia se recordar dos olhos vermelhos brilhantes lhe encarando, praticamente despindo sua alma, todo o ser da garota implorava para que um dia pudesse ter apenas o prazer de estar ao lado da mesma, sentir o cheiro de seus caros perfumes, apreciar cada centimetro da pele bonita, aqueles pensamentos, por mais obscenos que poderiam parecer para uma jovem, era o motivo de ela ainda permanecer ali.
Laura lembrava-se agora de seus pais, de quando usaram-na como um produto barato, quando a venderam para as terras da senhora como um simples objeto, eles precisavam de dinheiro e não precisavam de mais gastos, talvez fosse só um pretexto pra finalmente abandona-la, afinal eram pessoas ruins, mas não eram monstros. A ruiva sabia que tinha o privilégio de ter sido escolhida a dedo para ser a próxima cavalheira pessoal de sua Senhora, mas aquilo parecia tão distante naquele momento. - Aaah, aquele dia. - Foi a primeira vez que a viu, o olhar gelado sobre seu corpo, os cochichos ao seu redor o momento em que ela lhe tirou da lavoura era inesquecível para si, e tudo que mais sonhava era poder retribuir tudo que ela fez por si apartir daquele dia.
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O barulho era costumeiro, ferro e aço batendo contra pedras e arando a terra, o ruído das carroças se arrastando pela superfície ingrime e das sementes atingindo o chão, Laura utilizava naquele dia uma foice, ceifava e colhia os trigos, debaixo de um sol praticamente escaldante que contribuía com o suor a escorrer de sua pele, ela estava cansada, mal podia julgar exatamente que horas eram naquele momento, até que ela pôde ouvir o som distante de cavalos galopando e relinchando, ela olhou para trás, talvez 5 a 6 pessoas rodeando uma única em seu centro, numa perfeita sincronia entre os animais, o cavalo do centro, preto como uma linda turmalina, possuia uma crina elegante que voava conforme se aproximava de onde estava, ele carregava uma mulher igualmente intrigante mesmo que não fosse capaz de vê-la perfeitamente. Infelizmente a distração momentânea a fez ceifar de forma errada, ela cortou o trigo e no mesmo instante levou a mão para pegá-lo acabando por acertar profundamente sua mão, o sangue pingou sobre a terra e ela conteu o grito que teria soltado naquele momento, o agricultor Erasto esbravejou - Você é burra? Vai estragar a colheita!! Limpe agora, porra. - A menina rolou os olhos ao virar-se, levantando o braço, estava acostumada com aquele tipo de dor, talvez fosse a terceira vez que se cortava com uma foice. - Reúnam-se!! - Gritou seu atual senhor, o máximo que Laura pôde fazer foi rasgar uma das longas mangas de sua roupa imunda e envolver na mão que pingava sangue, apertando o tecido com força para estancar a região, o homem a olhou com desprezo e ele foi retribuído da mesma forma, enquanto isso a mulher desceu graciosamente do cavalo, encaminhando-se em passos lentos para a fila de pirralhos e pirralhas. Ela armou a sombrinha vermelha e caminhou frente os jovens, observando cada um com atenção. Enquanto isto, Laura focava-se em terminar de enrolar a palma com o pano sujo, apertando a mão e suspirando com a dor do corte profundo, a atenção estava tão ligada a ferida que nem sequer percebeu o momento em que a mulher havia parado a sua frente. Ergueu os olhos esverdeados que se encontraram com os então cinzentos da mulher, apreciando a beleza estonteante daquela Lady, ela era de outro mundo, os lábios voluptosos, maçãs do rosto pouco saltadas olhos afiados e orbes cinzas chamativas, o cabelo longo e encaracolado pousando com gentileza em seu corpo, ela era digna dos contos de fadas que seus pais contavam para si quando criança. A mulher observou lentamente o braço nú da Ruiva, este que era suavemente torneado, vidrou os mesmos no sangue que envolvia o pano pouco higiênico, aquilo havia chamado sua atenção. - Eu quero ela. - O Homem arregalou os olhos surpreso. - Como assim MiLady? Ela é fraca e burra como uma mula, já se cortou três vezes com uma foice. Deveria levar Louise, essa sim é boa no que faz, ela sabe usar uma foice como ninguém e empunhara uma espada com destreza. - A Garota de longe estufou o peito convencida, a mulher soltou uma risada suave e breve e olhou com nojo para o Agricultor em seguida se dirigiu até ele em passos lentos e elegantes, retirou as luvas delicadamente dos dedos esguios e estapeou a face do homem com uma força nada moderada, ele cambaleou e colocou a mão em sua face, Laura abriu a boca surpresa e no mesmo instante abaixou a cabeça, com medo de faltar com respeito, Milady não aceitava um mero homem do campo querendo ordenar quem ela escolheria. - Eu. quero. ela. Não preciso que me diga quem escolher... Afinal você só está nesse posto pela amizade que teve com meu falecido esposo, mas saiba Erasto que eu não simpatizo nenhum pouco com você. - Após aquelas palavras, ela encaixou a luva em sua mão novamente, voltando a atenção para a menina. - Qual o seu nome, garota? - Perguntou, o tom da voz cheia de poder, suficiente para que a menina sentisse seu âmago se revirar. - Laura... Senhora, Laura Atkinson - Ela sorriu, e a Sardenta sentiu sua bochecha corar, Milady tinha presas adoráveis. - Vamos - E passou a caminhar novamente em direção ao seu cavalo, a partir dali a vida de Laura teria mudado para melhor e ela pôde finalmente rir da cara do homem que praticamente a escravizou todo esse tempo, embora o seu próximo lar não fosse um mar de rosas, ela sabia que era melhor que continuar dormindo na lavoura.
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Lady Lilith
VampireA Pele dela era negra como uma reluzente obsidiana, mas em si residia uma frieza, por vezes pálida, sem cor, em outras viva como se fosse inteiramente pincelada pelos mais caros pincéis já comprados. A Senhora, peculiarmente obtinha olhos por vezes...