3. Aberração

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– Quem aquela garota pensa que é? – A Sardenta iniciou um diálogo cheio de raiva consigo mesma, talvez tivesse sido grossa demais, mas não conseguia tirar sua credibilidade ao dizer tais palavras. – Falando balbúrdias, inventando calúnias... a senhora não seria capaz disso, seria? – E então o flash daquele "corpo" passou em sua cabeça, aquele sonho tinha ficado em sua memória, talvez porque não podia imaginar que sequer era capaz de projetar imagens tão terríveis em sua mente. – Idiota. – Ela chutou uma pedrinha em sua frente, e um vento frio passou por perto de si, suficiente para o cabelo solto alcançar sua face e deixa-la com a visão um tanto limitada, entretanto ela enxergou a distância um homem, alto e magro entre as árvores, era capaz apenas de ver sua silhueta pela quantidade de fios em seu rosto . Ela tirou com rapidez os cabelos ruivos de sua face, e ele tinha desaparecido, desaparecido como fumaça. – Olá. – Ela saltou de susto, se afastando o mais rápido que conseguia da pessoa então desconhecida, Laura tinha ótimo senso de perigo, e conseguia sentir a aproximação de outras pessoas, mas aquele homem estava distante daquilo. Ele era pálido, mas não um pálido comum de se ver, cabelos loiros, cílios loiros, sobrancelhas loiras, ela nunca tinha visto este tipo de pessoa na vida, sem contar os olhos tão vermelhos quanto os de sua senhora que brilhavam como preciosos rubis, só pelos olhos dele podia pensar que era um parente distante. Detalhe, aquele homem era albino, Laura só nao tinha noção de que existiam e de como eram propriamente chamados – Quem é você? O que faz nas terras de minha senhora? – Ah, me perdoe por ser tão invasivo, sou o duque Hakon Alighieri d'Bertrand. Vim apenas visitar Milady. – Laura arqueou a sobrancelha, não estava convencida daquela história. – A Pé? Você pode até ter belas roupas, talvez de tecidos caros e se auto denominar um duque mas não pense que irei permitir sua entrada com tanta facilidade. Sou a Guarda Pessoal de Milady, e devo afirmar que no momento ela não está disposta para receber visitas. – O homem fechou a feição e Laura desceu a mão disfarçadamente para o bolso onde se encontrava seu punhal, esperando qualquer movimento brusco. – Escute aqui, Plebeia... – Ele iria iniciar algum discurso no mínimo hierárquico, se não houvesse sido interrompido. – Ora, Hakon, acho melhor lavar sua boca antes de falar qualquer coisa para Laura. – Eram passos calmos, inaudíveis, talvez sua senhora ainda estivesse com suas vestes de dormir, talvez não estivesse com seus luxuosos saltos, ela parou atrás da ruiva, esta que virou-se e fez uma breve reverência, já o homem, audacioso permaneceu erguido. – Lady Lilith, é um Prazer revê-la. – Ele apanhou a mão direita, curvou-se e selou as costas da mão de Milady, e a mulher pôde rir soprado. – Eu é quem fico surpresa, você agora gosta de entrar pelas portas de trás? Faz sentido minha guarda lhe tratar como um ladrão. – Sorriu irônica, e o homem riu sutilmente. – Apenas gostaria de tratar sobre alguns simples negócios, não achei necessário fazer alardes. – Lilith olhou para Laura, os olhos vermelhos brilhantes, orgulhosa do modo como a Ruiva tinha agido perante a aparição repentina do Duque. – Pois bem, vamos a sala de Reunião. Laura... Pode se dirigir a seus aposentos está dispensada por hoje – A Ruiva olhou para Milady e para Hakon, curvou-se e assentiu. – Sim senhora, como quiser. – e seguiu seu caminho em passos sutis, rumo a seu quarto.

Ao chegar no local, a ruiva sentiu-se inapta, havia algo de muito errado naquele suposto Lorde, ele não era um homem comum, o modo como havia chegado de fininho sem ela perceber era perigoso, ele era rudemente treinado, ou então uma anormalidade. Recordou-se então do momento em que seus cabelos despropositalmente atrapalharam sua visão, e ela não gostou das coisas que imaginou, ele talvez tenha aproveitado essa brecha, e outros se aproveitariam caso entrasse num embate, pensou na coisa mais lógica possível e segurou os fios acobreados com a mão direita, resmungando – Não posso deixar isso me atrapalhar. – Suspirou, e foi até o espelho velhinho de seu quarto, não era grande, mas era suficiente para poder enxergar sua face e os cabelos ruivos. Retirou da pequena mesinha uma tesoura e cortou a primeira mecha...

Lady LilithOnde histórias criam vida. Descubra agora