𝘊𝘢𝘱í𝘵𝘶𝘭𝘰 2

9 0 0
                                    

"Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos."

★𝙁𝙧𝙞𝙚𝙙𝙧𝙞𝙘𝙝 𝙉𝙞𝙚𝙩𝙯𝙨𝙘𝙝𝙚

31 de Dezembro de 1927, Goldberg Avenue, Edimburgo.

Olho impaciente para a luz da lua sob a minha janela, Benjamin já devia ter chegado á uma hora. Será que ele tinha amarelado? Ou eu estava sendo pessimista demais?

Me viro para a porta do meu quarto entreaberta e observo a escuridão do corredor. Eu já podia escutar as vozes agudas das mulheres no cômodo de baixo. Logo logo tia Adelaide iria subir as escadas para trancar a porta e então o plano iria de água á baixo.

De repente, escuto alguém batendo no vidro da janela. Ao me virar, vejo Benjamin me encarando. Abro a janela e olho ao redor enquanto o garoto entra.

- por que demorou tanto?!

- Foi só uma hora...você está tão desesperada assim?

Reviro os olhos e vou até a minha cômoda para pegar uma das minhas camisolas e uma touca de renda. Jogo as roupas no colo de Benjamin.

- Se veste. A tia Adelaide já deve estar vindo para trancar minha porta.

Benjamin virou o rosto para que eu não visse o rubor que se espalhava por suas bochechas, não adiantou de muita coisa, ele é péssimo em ser estoico.

- pode me dar...hmm...licença?
-como se eu quisesse ver você.

Me viro para a parede enquanto Benjamin se trocava, ouço passos no corredor e me viro rapidamente.

- Rápido! Ela está vindo! - Sussurro com urgência para Benjamin, que estava colocando a touca.

O garoto se deitou na cama e se cobriu com os lençóis rapidamente. Enquanto isso eu me escondi num cantinho do quarto. Tia Adelaide pôs a cabeça para dentro do cômodo e espiou para Benjamin, digo...para mim, dormindo na cama. Ela era uma senhora baixinha e um pouco magricela, de cabelos platinados e olhos penetrantes. Estava usando um coque alto e seu vestido preto mais fino. Ao sentir o cheiro de laquê que ela carregava consigo, tive que me esforçar para reprimir um espirro.

- Dorminhoca...- sussurrou Tia Adelaide com desgosto aparente na voz rouca. - A idiota ainda deixou a janela aberta, Ora menina burra! Se acontecer alguma coisa eu...

Ah, se ela soubesse que foi proposital...me daria outro sermão de uma hora. Tia Adelaide foi até a janela para fechá-la, era a oportunidade perfeita de sair do quarto.

Passei pela porta de fininho, mas tropecei levemente no tapete vermelho do corredor. corri o máximo que pude até chegar no quarto dela. Certa vez ouvi o jardineiro, o Sr. Winger, dizendo que todos os cômodos da residência Mason tinham chave e que os empregados do falecido Sr. Mason tinham apenas cópias das originais, que ficavam guardadas nos aposentos do Sr. E da Sra. Mason. Ergui as sombrancelhas ao tentar abrir a porta do quarto e tropeçar sobre a porta que se abriu com facilidade. A porta estava aberta. Então quer dizer que ela só trancava o meu quarto, todos os outros cômodos ficavam abertos? Que coisa!

O quarto era grande, quase o triplo do tamanho do meu. Tinha detalhes em dourado no rodapé e uma grande pintura de anjos no teto. As janelas eram grandes e arredondadas, mas como tudo que pertencia á Tia Adelaide, o quarto cheirava a laquê.

𝐅𝐈𝐋𝐇𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐇𝐄𝐂𝐀𝐓𝐄 |𝐋𝐔𝐀 𝐃𝐄 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄  Onde histórias criam vida. Descubra agora