𝘊𝘢𝘱í𝘵𝘶𝘭𝘰 3

7 0 0
                                    

"Sou uma filha da natureza: quero pegar, sentir, tocar, ser. E tudo isso já faz parte de um todo, de um mistério. Sou uma só. (...) Sou um ser. E deixo que você seja. Isso lhe assusta? Creio que sim. Mas vale a pena. Mesmo que doa. Dói só no começo."

𝐂𝐥𝐚𝐫𝐢𝐜𝐞 𝐋𝐢𝐬𝐩𝐞𝐜𝐭𝐨𝐫


1 de janeiro de 1928 Londres, Inglaterra

Abro meus olhos e bocejo. O trem tinha parado e provavelmente já teria chegado ao seu destino, já que de Edimburgo até Londres são apenas 5 horas de viagem. Olho ao redor pela cabine mal iluminada, Benjamin estava dormindo no banco da frente.

Estendo minha mão e dou uma sacudida de leve no garoto que imediatamente abriu os olhos. Ele tinha sono leve, muito leve. O ruivo me encarou confuso, olhou ao redor e coçou a cabeça de leve. Ele se espreguiçou e fez uma careta.

— Merda, não foi um sonho...

— com certeza não. Vem, acho que já chegamos.

Me levanto e abro a porta da cabine. Tínhamos chegado. Todos os outros passageiros estavam descendo do trem, as outras cabines estavam esvaziando. O som do apito do trem era alto, quase ensurdecedor. Não dava para conversar lá dentro então eu apenas ignorei as tentativas de Benjamin de iniciar uma conversa, enquanto o puxava pelo pulso, não pude deixar de notar que os outros passageiros nos encaravam atônitos.

Alguns davam risadas baixas e sutilmente se cutucavam entre si, outros apenas faziam jeito de ignorar.

De início fiquei confusa, mas foi só olhar para o rosto corado de Benjamin que pude perceber que era por causa da camisola. Revirei os olhos e continuei o arrastando enquanto saíamos do trem. Eu estava nervosa e empolgada para conhecer Londres logo e ver tudo que a ela pertencia. Estava ansiosa para ver a tão famigerada London Brigde, para ver o Great Clock, os cinemas, os parques, as ruas. Tudo.

Assim que descemos na plataforma, eu não pude conter um sorriso que crescia de orelha à orelha. Benjamin por outro lado, parecia encabulado. Suas orelhas estavam vermelhas como um tomate maduro. Eu precisava pensar numa solução rápida para isso.

Meus olhos percorreram a plataforma e eu rapidamente pensei num plano. Troquei o anel de Cornalina vermelha em um par de roupas com um garoto baixinho que parecia ter dificuldade para carregar sua mala. A roupa ficou um pouco apertada em Benjamin mas com certeza era melhor que uma camisola.

Pegamos carona para Londres com um trio de senhoras rosadas e simpáticas e fomos o caminho inteiro conversando. Descobri que uma morava em Londres, outra era viúva e estava se mudando e a terceira estava indo visitar o filho doente.
Quando chegamos na cidade eu não pude deixar de sentir como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas. Tudo lá era tão diferente de Goldberg Avenue...Era do jeito que eu imaginei. Prédios, lojas, carros...

O céu noturno engolia a cidade como um lençol negro. Eu estava abismada, curiosa e queria ver tudo. Tudo o que as ruas de Londres tinham á oferecer! Aquela noite seria perfeita!

...

Não foi.

De início, eu e Benjamin caminhamos pelas ruas. Descobrindo lojas, becos e vielas. Até então, tudo estava maravilhoso mas...uma coisa não saía da minha cabeça. O rapaz estranho da festa de ano novo. Quem era ele? Porque ele estava lá?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 21 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

𝐅𝐈𝐋𝐇𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐇𝐄𝐂𝐀𝐓𝐄 |𝐋𝐔𝐀 𝐃𝐄 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄  Onde histórias criam vida. Descubra agora