Você está me deixando?

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- É, eu tô te deixando.

- Lily, por favor, vamos pensar melhor.

- Acabou, James. Por favor, não faça isso doer mais. - Lily derramava algumas lágrimas e parecia muito triste, apesar do rosto sério.

- Lily, eu te amo. - Os olhos cor de mel ameaçavam chorar.

A ruiva soltou a mão de James que a segurava e se virou para ele.

- Eu também te amo, James. Mas só isso não é o suficiente. - James começou a chorar silenciosamente escutando a agora ex namorada falar, e ela o segurou no rosto o olhando nos olhos. - Eu te amo, James. E por isso eu quero te ver feliz. Mas eu e você já sabiamos a muito tempo que não fomos feitos pra ser. Não posso abrir mão dos meus sonhos e você dos seus, e tá tudo bem, mas eu tenho que ir.

A noite fria mandou uma brisa suave, que se seguiu pela chuva logo depois. Lily largou o rosto de James e saiu apressada pela rua, na chuva recém começada. James a olhou por um tempo, mas teve que entrar no bar mais uma vez.

James Potter estava comprometido com sua banda. Os Marotos finalmente chegaram a um alto índice de sucesso, as rádios e os canais de tv diriam que isso se devia as músicas viciantes e o jeito jovem e conquistador dos membros. Havia um certo respeito conquistado com os fãs, vida pessoal diferente da vida artística, mas a realidade não era bem assim pra James.

Ele entrou no bar de Snape, o cara com um rosto cansado o entregou um copo de bebida do outro lado do bar e o olhou compreensivo, sabendo de toda situação. James o olhou com raiva, mas não retrucou. Sabia que Snape dava em cima de Lily mesmo sabendo que eles estavam juntos. Bem, agora não estavam mais.

Engoliu o goto no momento em que se lembrou dela, nem queria beber, mas talvez a tristeza o fizesse sentir ainda pior. Chegou na mesa em que estavam os amigos e membros da banda, eles o receberam animados, Sirius o abraçou de lado sorrindo um pouco bêbado, Remus fumava no canto mas o deu um sorriso amigo. Peter, o último integrante da banda estava quase apagando de tanto beber, provavelmente por influência de Sirius.

Haviam alguns outros colegas conversado em paralelo na enorme mesa, Marlene a produtora, Dorcas, a namorada dela, e Alice, que estava namorando Peter, mas estava sóbria conversando com as amigas. James se sentiu mal, não queria que os amigos soubessem do que havia acontecido. Aquele era praticamente o único lugar no mundo onde se sentia seguro, as únicas pessoas que o apoiariam sempre, mas também apoiariam Lily e ele estava com medo. Com medo de ser o errado nessa história.

- Lily terminou comigo. - Disse baixo, mas alto o suficiente para que todos que estavam um pouco sóbrios entendessem. - Ela disse que me ama, mas vai embora pra sempre.

Sirius que antes irradiava felicidade agora fez força no braço que cercava o amigo e o abraçou forte. James não falou muito mais aquela noite. Ele chorou em silêncio, ou pelo menos tentou, e todos o tentaram confortar com bebidas, tapinhas nas costas e muito karaokê.

Em algum ponto da noite James se deu conta que estava em um outro bar com uma música muito alta, algumas pessoas o reconheceram como o cantor da Marotos, mas tiraram fotos e foram embora. James bebeu, vomitou e lembrava de subir num palco um pouco cambaleante. Ele se agarrou em algumas pessoas, beijou algumas e provavelmente tomou alguma bebida com morangos porque era o gosto que se lembrava, ele odiava morangos, tinha alguns traumas com eles.

E então ele acordou com dor, com muita dor mesmo, e entendeu o porquê não se deve abusar de bebidas alcoólicas. Tudo girou e ele caiu da cama. A cabeça latejava e adormeceu mais algumas vezes, mas quando a dor estava quase impossível de aguentar ele foi até a cozinha do seu apartamento beber água e percebeu que só estava usando uma camisa social, que estava aberta e não era sua. Ele tentou lembrar de algo, mas as memórias não lhe viam.

Dipirona, água e todas as janelas fechadas, ele se deitou no sofá, ainda desorientado e na esperança de que Lily mudasse de idéia e aparecesse a qualquer momento.

De repente a porta se abriu, o que o deu um ar de esperança quando olhou para ver quem era, ainda com a cabeça latejando. Mas era Sirius, suspirou e deitou de novo. Ele sentiu que o amigo não deveria poder entrar na hora que quisesse na sua casa, mas agora era uma hora um pouco ruim para reclamar.

- Que suspiro foi esse? Ninguém no mundo fica decepcionado com minha presença além dos meus pais, não esperava isso de você, Prongs.

- Foi mal.

- Caralho, Prongs. Eu sei que seu amigo aí é grande, mas você podia ao menos vestir uma cueca, cara. - Sirius falou assustado, quando viu o estado ridículo em que James se encontrava.

James escutou, mas preferiu fingir que não. Ele estava um pouco constrangido por isso, não era algo que faria normalmente, mas ele não estava bem o suficiente para ligar pra isso.

- James, eu sei que tudo aquilo ontem foi tipo, horrível, mas agora já é quase noite de novo, cara. Você não pode ficar meio morto por aí, jogado pela casa. É um estado meio deplorável, mano.

James o olhou incrédulo.

- Ela me largou depois de três anos juntos e foi pra a Nova Zelândia pra nunca mais voltar! - Ele falou com cara de "eu mereço me sentir mal".

- Porra, é... Isso foi horrível. - Sirius olhou pro chão com as mãos na cintura, sua jaqueta vermelha e cabelo com caimento perfeito não estavam condizentes com a situação de James naquele momento.

James jogou um dos travesseiros do sofá no amigo, depois outro.

- Aí, aí! Porque você tá jogando esses travesseiros pomposos pra cima de mim. Ei, epa. - Falou desviando.

- Cai fora daqui com seu cabelo perfeito e cara de quem não bebe nada a anos, seu... Descendente de genética boa! - James falou chateado, levantando do sofá e atirando todas as almofadas no amigo. Somente uma ele não atirou, a que usava pra cobrir o pênis, já que estava sem cueca.

- Aí mano, eu tô mó normal. E já falei que esse negócio de genética boa é um péssimo jeito de falar sobre meus ancestrais. Principalmente dos capitalistas. - Sirius falou fugindo até o quarto de James que estava com as portas abertas e cama completamente bagunçada. - Puta merda eihn, com quem você dormiu aqui ontem, aí!!

Falou de maneira julgadora, o que fez James, que agora o acompanhou para o quarto, ficar chateado com ele e jogar a almofada que cobria as suas partes íntimas nele. Foi um momento chocante. Tinha um espelho de lado no quarto de James, bem comum e que ele quase nunca lembrava a existência. Mas naquele momento a blusa se agitou um pouco e ele viu uma marca roxa, meio azulada, no lado do seu abdômen, bem onde acabava sua cintura. Seu coração errou uma batida e ele correu até o espelho o segurando desesperado.

- Ué, o que foi? Oh Prongs, qual foi? - Sirius se aproximou, mas o amigo monopolizava o espelho. - Tá se admirando? Isso é um pouco estranho eihn... O que? - Ele falou baixinho vendo o amigo com um rosto sério.

James se virou para Sirius, olhando com os próprios olhos pra aquela marca enorme na lateral do seu corpo. Ele olhou pra a marca e pro amigo e de repente Sirius estava um pouco pálido também.

- PUTA MERDA! - Sirius praguejou.

- Puta merda! - James respondeu. - Cacete, mas que porra é essa? Eu acho que vou desmaiar.

James sentiu a dor de cabeça gritar "eu estou aqui". Aquela situação tinha poucos jeitos de ficar pior.

A porta estava aberta e Remus entrou. Preocupado, nervoso e com uma cara de "Cade vocês? Fudeu muito".

- Cacete, gente. - Ele disse os achando no quarto. - FUDEU MUITO! Eu vim correndo porque vi esse vídeo de James num palco dizendo que ia se casar e... - Remus olhou pra a marca na cintura do amigo, uma que Sirius estava apontando desesperadamente. - AAAA POORRA!

Remus colocou as mãos na cabeça e girou. Remus nunca tinha colocado a mão na cabeça e girado, ele era muito controlado. Ou seja, aquela era uma situação nível desastre colossal com poder de destruir vidas.

James queria desmaiar, queria poder escolher desmaiar, apenas pra fugir da ansiedade daquele momento e quem sabe dormir e acordar e tudo seria um sonho. E a única coisa que conseguiu dizer foi:

- Acho que vou precisar de um calmante.

Since I Married You // Starchaser Onde histórias criam vida. Descubra agora