Capítulo 5

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Ao chegar em casa, Emily abriu a porta, jogou o saco de lado e foi saltitando em direção da sua amiga, mas o entusiasmo era tanto que ela quase não percebeu que Odete havia adormecido na mesa enquanto desenhava. A euforia acabou diminuindo aos poucos, a jovem gentilmente tirou o carvão da mão de Odete e também retirou o desenho que ela estava deitada em cima cuidadosamente e por curiosidade ela analisou o desenho, era o desenho de uma mulher do período rococó se maquiando, o desenho ainda não estava pronto, pois esse era muito mais complexo do que os outros.

Emily admirava os desenhos de sua amiga, ela achava incrível o que Odete podia fazer apenas com carvão e um pedaço de papelão, Emily prometia a si mesma que daria materiais de desenhos decentes para ela no natal, ela merecia depois de anos de bondade e gentileza. Apesar de não terem o mesmo desejo de estar a vista dos holofotes Emily achava muito injusto alguém tão talentosa ficar escondida nas sombras, ela até poderia aceitar ficar invisível para sempre, mas não aceitaria que Odete fosse invisível, ela prometeu a si mesma que iria achar uma forma de expor o talento da amiga, mas não sabia como.

— Odete... Odete... acorda! — ela balançou-a gentilmente.

— Emily? Que horas são?

— Acho que são dez em ponto. — a mulher bocejou. — Vem, vamos lavar o rosto e essas mãos, estão sujas de carvão. Vou guardar seu desenho.

Odete se dirigiu ao banheiro para limpar-se, enquanto isso Emily arrumou a cama bem rapidinho e ao terminar Odete apenas se deitou, Emily a cobriu com o lençol e lhe deu um abraço de boa noite.

— Durma bem, Odete!

— Hum... boa amiga! — Odete retribuiu o abraço de Emily com um cafuné na cabeça, ao se afastarem ela foi para a sala. — Não vai se deitar?

— Vou fazer algumas coisas antes, já já me deito! — a garota apagou as luzes do quarto e da sala, depois se dirigiu ao banheiro, precisava de um banho, estava fedendo.

Com um banho tomado Emily não foi dormir, silenciosamente ela se sentou na sala e acendeu uma vela, ela tinha um hobby secreto, escrever cartas para Bruno, cartas escritas em papéis também achados no lixo, ela pegou um velho lápis apontado com estilete e começou a escrever.

"Meu querido Bruno, essa é a 41ª carta que eu te escrevo, provavelmente você nunca vai ler, mas essas cartas são a única forma de eu aliviar todo esse amor acumulado em meu peito, as vezes eu me sinto como um vulcão com lava acumulada em seu interior que precisa expelir tudo para fora, destruindo tudo que aparece pelo caminho, porque é isso que meu amor é, destrutivo, ele me destrói de dentro para fora. Todas as vezes que eu acordo penso no seu rosto, só penso em quando poderei te ver novamente, toda vez que te observo silenciosamente naquela cafeteria sem que você perceba faz com que meu amor por você aumente cada dia mais, sempre que estou na sua casa e te vejo meu coração bate tão forte que parece que vou ter um infarto. Consigo sentir o seu cheiro doce de longe, o seu olhar me faz derreter, tudo o que quero é ficar para sempre com você, mas acho que sou muito covarde para confessar os meus sentimentos, posso suprir a sua falta cheirando as suas roupas e fingindo que você está comigo, tenho muito medo de contar o que sinto e você ficar com medo de mim achar que sou louca, mas isso não é loucura, é só amor, apenas amor! Espero que um dia você me entenda, com carinho, Emily."

Com o término da escrita ela pegou outro papel velho e começou a dobrá-lo fazendo um envelope, pôs a carta lá dentro e fechou o envelope com uma fitinha rosa. Emily cuidadosamente pulou a janela e foi de fininho para trás da casa, ela cavou um buraco e de lá tirou uma pequena caixa de madeira, ao abri-la ela pôs a carta lá dentro junto com as diversas outras cartas que escreveu para Bruno, cartas essas que nunca entregaria para ele. Ao enterrar as cartas ela entrou em casa novamente, lavou as mãos, apagou a chama da vela, guardou-a dentro do gaveteiro e deitou-se como se nada tivesse acontecido.

Louco Por Você [REMAKE]Onde histórias criam vida. Descubra agora