10 de Junho de 2023.
Se amor fosse um ato criminoso, ela estaria na fileira de jurados que o condenaria por formas hediondas de partir um coração. Ou de dizer palavras sem realmente senti-las como uma emoção borbulhando no estômago. Borboletas eram suas reféns quando diziam que as sentiam bater asas também dentro do que juravam ser um coração levantado, para rugir e bombear sangue e ilusão, até o fim de suas vidas.E se amar fosse um crime, ela seria a vítima.
Amar o que não lhe cabia.
Ser traída por quem jurou amar.
Acreditar que era digna.
Cair nas mentiras sem fundo de um coração vazio.
Seu coração deveria ser vazio.
Jamais deveria sentir alguma coisa. Não sentia, pois mesmo para um coração maléfico, traição era o descaso mais imperdoável e frio que alguém pôdera cometer. E se cometera, então não tinha um coração. Era só ar e pulmões e caixa e nervos trabalhando pelo funcionamento de uma vida desconhecida, torrada a ruína eterna da condenação de muros sujos. De vermes à podridão. De amantes da carnificina ansiando para saciar o próximo desejo com a próxima vítima tola que conseguira barganhar nas armadilhas.
Ele era sujo. Era um ser terrível que conhecera. Um persistente pesadelo em seus pensamentos. Um lixo.
Ele era um traidor.
Que escolhia suas vítimas por contagem intelectual; a mais burra; a mais supérflua; a mais patética; a mais estúpida e ingênua criatura confiando no credo simplório de amor verdadeiro. Amor verdadeiro. E o amor podia ser falso? Monstros como ele não sabiam amar. Estudavam suas presas e arrancavam delas aquilo que juravam pertencer a eles.
Descartavam-nas como plástico, jogadas ao mar para decompor-se à amargura, abandonadas em busca de dignidade.
Elas tentavam encontrar o que tinha se perdido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
LOVE LANGUAGE • BELLINGHAM
RomanceLigações de alma que resultam em caos e corações partidos, logo eles, mantendo acordos para não serem quebrados.