Capítulo 1: O Nascido do Mar

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Phuwin Tangsakyuen, o filho único da família Tangsakyuen, a família mais rica de todo o País e isso faz dele o jovem herdeiro mais rico do País, o filho único e talvez por esse fato tenha atraído alguns olhares para si desde que era apenas uma pobre criança indefesa, olhares maldosos e invejosos, não apenas de pessoas de fora, longe disso, mas sim de pessoas mais perto do que o pobre garoto poderia imaginar, a ganância mora na porta ao lado. No quarto ao lado.

Mas talvez seja por esse motivo que o seu pai sempre fora um homem esperto, afinal de conta de nada vale tamanha riqueza se não tiver sabedoria, até mesmo os cães sabem que não devem morder a mão de quem os alimenta e por isso o seu pai sempre manteve os amigos pertos, mas os inimigos mais perto ainda, esse era o mundo dos negócios, ou talvez esse era o mundo daqueles negócios. Vamos dizer que o senhor Tangsakyuen era um homem bom. Não, ele era um bom pai, isso sim, não, talvez nem isso ele era, ele tentava. Um bom homem ele não era, mas sobre isso o seu filho não precisava saber, não por agora. Ele era bom em negócios, apenas nisso.

Porém o patriarca não poderia proteger o seu filho para sempre, Phuwin iria crescer, ele estava crescendo e virando um homem, um homem diferente do seu pai, e isso era ótimo de se ver, aquele garoto poderia mudar o mundo inteiro se quisesse, se ficasse vivo para isso, se tivesse a oportunidade. O senhor Tang sábia que não viveria para sempre e com a vida que ele levava não viveria muito, mas ele queria que o seu filho vivesse, que ele pudesse ser tudo aquilo que ele não conseguiu ser, o dinheiro muda as pessoas e aquele homem descobriu isso da pior forma possível, tarde demais.

Phuwin cresceu rodeado de pessoas, pessoas essas que as vezes ele nem ao menos conhecia, nunca soube o nome, idade muito menos a sua cor favorita, eram pessoas interesseiras, cobiçavam aquilo que ele tinha. Roupas caras, anéis e relógios de marcas tão famosas que poderiam comprar casas apenas no valor do seu misero anel. Mas sentia que ainda faltava algo, as vezes nem mesmo o dinheiro e capaz de preencher um vazio. Um vazio de um pai ausente. De uma família incompleta, dinheiro nenhum preenche a falta de amor.

Aquela casa enorme cheia de empregadas não preenchia o vazio que seu pai lhe fazia, nada preenchia aquele vazio, mas não que ele fosse um péssimo pai, longe disso na verdade, ele tentava, ele realmente tentava ser um bom pai, mas sempre fracassava no final e sempre que ele tentava de novo, ele piorava tudo, ainda mais. Mas as coisas ficaram difíceis depois que sua esposa morreu, um grave acidente de carro no dia do aniversário do seu querido filho, péssima memória, difíceis no sentido emocional, o seu pai se atolou em trabalho em uma tentativa fútil e banal de preencher o vazio que sua esposa lhe causava, ele vivia para trabalhar, mantinha sua cabeça sempre ocupada para jamais pensar na falecida. De certa forma ajudava e fazia com que ele não pensasse nela, mas isso lhe causou um certo afastamento do seu filho, mas não era culpa dele, afinal de contas eles eram iguais, sempre que Phuwin sorria era como ver ela sorrindo, e isso era demais, ver ele sorrindo dói na pele, dilacerava o coração. Ele a amava mais do que tudo nesse mundo e jamais conseguira amar outra pessoa e com isso ele se afastava cada dia mais, mesmo sabendo que ele também havia perdido alguém. Mesmo sabendo que Phuwin também carregava a perda de uma pessoa, a perda da sua mãe.

Mas tudo realmente começou com um atraso uma vez na saída da escola, depois uma falta na apresentação do Dia dos Pais, ele estava ocupado demais para comparecer, outro dia ele não pode ir buscar os boletins e mandou uma da empregadas, afinal, Phuwin passava mais tempo com elas do que com o próprio pai e, situações assim ficaram cada vez mais comuns, não que isso incomodasse o garoto longe disso, ele já era grandinho para saber que o seu pai era um homem muito ocupado, mas as vezes doía no peito tamanha solidão, ainda mais quando ele esquece o seu aniversário. Não uma vez ou duas, quase todos, ele sempre estava ocupado com reuniões e viagens para países longes, mas ele sempre mandada um presente caro, como se isso fosse anular a falta que ele fazia, mas ele era assim mesmo, qualquer coisa que ele fizesse de errado ele resolvia com o dinheiro, para o senhor Tang, não existia nada que o dinheiro não resolvesse.

Mas os dias foram passando, os meses, os anos, agora Phuwin já não era mais uma criança, já não chorava a noite ou sentia falta do seu pai, já não esperava encontrar o homem em casa quando chegasse do colégio. Não mais. Phuwin sabia que ele não era prioridade na vida do seu pai, nunca foi na verdade e isso de certa forma machucava o peito. Por mais que agora ele fosse quase um adulto, as vezes um carinho caí bem. As vezes o afeto é necessário.

Mas aquele homem sabia que seu filho seria um alvo fácil, afinal de contas a família também é sinal de fraqueza, então vendo uma maneira de se proteger e proteger o seu filho, o senhor Tangsakyuen contratou alguém. Alguém que ficaria de olho em seu filho vinte e quatro horas por dia e sete dias por semana, assim ele não ficaria preocupado, pelo menos não tanto, mas coisas assim poderiam ser evitadas se talvez ele tentasse ser um pouco presente. Talvez. Então o senhor Tang achou ele.

Ele era um garoto, tinha quase a mesma idade que o seu filho, talvez dois anos mais velho, ele era alto e tinha um porte físico bom, era bom em esportes, seria um bom guarda-costas, ele teria que ser na verdade, Pond Naravit, o Nascido do Mar. Um garoto de confiança, afinal de contas o seu pai era um amigo de longa data do senhor Tangsakyuen, ele confiava naquele homem mais do que tudo. O senhor Nara trabalhava para o Tang desde que eram apenas adolescentes, ele era quase família, quase..

Agora ele confiaria o seu filho a ele. A sua esperança, a sua vida nas mãos de um desconhecido.

Um garoto.

Phuwin descia as longas escadas que davam acesso aquele enorme salão, ouvia a voz do seu pai e o do seu segurança eles conversavam sobre os negócios, algo que era bastante comum na verdade, por mais que seu pai nunca estivesse em casa e sim em seu escritório na empresa ou na sua sala, sala essa que o jovem mestre não tinha permissão de entrar, talvez pelo menos ainda não. Phuwin chegava mais perto e avistava uma outra pessoa junto do seu pai e o segurança, uma pessoa desconhecida de todas as outras. Não que ele memorizasse todas as pessoas que entravam naquela casa, longe disso, mas ele era diferente.

Ele era alto, cabelos castanhos e olhos cor de âmbar, tinha a pele bronzeada, como se trabalhasse no sol direto, usava um colar bem próximo ao pescoço, era de conchas com pedras azuis e tinha um tridente no meio.

— Ah, Phuwin venha aqui conhecer o filho do senhor Nara. — Phuwin se aproximava do pai com um certo receio, afinal de contas odiava se mostrado como um objeto pelo mais velho, se sentia um produto. — Esse é Pond Naravit, ele vai ficar aqui com a gente por um tempo, ele passou na mesma universidade que você e como somos família não posso deixar ele morar sozinho com pessoas desconhecidas, temos quartos demais aqui. — Phuwin apenas acenava com a cabeça concordando com o pai, não entendia muito bem o que tudo aquilo significava, mas apenas concordava, afinal de contas ele não tinha uma voz ativa naquela casa.

— Muito prazer. — Phuwin cumprimentava o outro garoto, ele era tímido e sempre mantinha a cabeça baixa, como se estivesse fazendo reverência a alguém.

— Certo, Phu, leve-o para o quarto, eu tenho assuntos a tratar com o senhor Nara.

Não que fosse alguma novidade, era sempre assim, ele era ocupado demais para conseguir prestar atenção no garoto.

— Okay, vem comigo.

Phuwin indicava o caminho para o outro, Pond olhava maravilhado, era tudo muito chique, muito nobre, era como se a qualquer toque aquela casa fosse quebrar, Pond sentia receio de tocar em qualquer coisa, se sentia deslocado.

— Pode ficar aqui, o meu quarto fica no final do corredor, se precisar de alguma coisa só bater lá, e seja bem-vindo. — Phuwin tinha um sorriso no rosto, era delicado, caloroso e gentil, igual sua mãe. Ela ficaria tão orgulhosa do filho dela. Do home dela.

Pond entrava naquele quarto enorme, janelas grandes com cortinas de seda e uma cama tão macia que parecia ser feita de nuvens, Pond se pegava pensando em como tudo havia chegado a esse ponto, até ontem ele era um ninguém que morava com os amigos em uma casa que estava caindo aos pedaços com o aluguel atrasado há três meses, mas agora ele estava em um quarto dentro da mansão dos Tangsakyuen. Tudo com um único objetivo, proteger com a sua vida o Herdeiro do Sol.

Mas de uma coisa ele sabia, dali para frente a sua vida viraria de ponta cabeças.

O Herdeiro do Sol e o Nascido do mar. 

O Herdeiro do Sol e o Nascido do Mar -PondPhuwin-Onde histórias criam vida. Descubra agora