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Acordei com uma dor latejante na minha nuca

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Acordei com uma dor latejante na minha nuca. O estresse se apresentando antes do dia de fato começar, culminando em uma avalanche de dolorosas  lembranças. O dia mais para baixo da minha triste existência, não que os anteriores a esse e os seguintes não sejam, apenas que esse se encontra no  cume da mais alta montanha. Tornando o ar tão rarefeito quanto.

Mas diferente dos nove anos anteriores, nesse fiz algo estúpido e como consequência sinto não apenas a dor habitual, mas física também. Minha mão tem marcas avermelhadas e meus punhos doem pela força que apliquei nos golpes. Aquele idiota com certeza vai precisar de reparos. Não faço ideia do que me levou a entrar na briga de um desconhecido que claramente luta melhor que eu. Só que, talvez eu desejasse isso, ter algo em que me ancorar. Algo que pudesse ver além de sentir. Real. Palpável.

Aquele desejo incólume de que toda essa dor se tornasse qualquer coisa a qual pudesse socar e socar até ela sumir ou quem sabe diminuir, o mínimo que fosse. Tudo tem se tornado tão insuportável que consigo sentir a deterioração de dentro para fora acontecer lentamente. É como uma punição sem prazo de ruptura. Há dias que tudo que desejo é sufocar misteriosamente com minha própria gravata ou atravessar a rua desatento o suficiente para ser atropelado. Até já tentei, mas constatei da pior maneira que nenhum tipo de dor física é capaz de superar aquela esmagadora contra meu peito. Ainda assim é mais real.

A cada novo dia que a realidade cruel de nunca mais ver duas das minhas pessoas favoritas me atinge, sinto-me mais amalgamado pela dor. Afundando e afundando vagarosamente em um mar sem fim e enfeitado pela sombria escuridão. Ainda sentindo a culpa me abraçar. É inevitável.

Em meio a todo caos que é meu interior, existe algo que me mantém firme. E embora seja exclusivamente pela memória do meu irmão, o grupo Theerapanyakul tem sido a âncora que não deixa meu navio afundar por completo naquele imenso mar. Dew amava carros e mesmo com pouca idade, tinha fixado que cresceria para criar carros tão bonitos quanto as réplicas que os dava de presente. É também em memória dele que todos os anos nesse mesmo período aplicamos testes para bolsas de estudos.

A ideia surgiu alguns meses após o acidente e dediquei alguns outros até que tudo estivesse de acordo. K-WIC entrou em funcionamento dois anos após sua morte, como uma maneira intrépida de manter sua memória viva. E, mesmo que meu corpo doa e minha alma pareça estar sendo arrastada pelo chão, a lembrança do significado desse dia me faz saltar para fora da cama e me arrumar dignamente.

O sistema que criamos, de conceder bolsas de estudos, é destinado a jovens que normalmente não teriam condições de bancar a formação para alguma carreira específica, por isso nossa primeira triagem se dá na inscrição, onde todos os dados inseridos no ato são verificados e se satisfatórios validados. Após isso, um e-mail é enviado com os dados da segunda etapa, um teste teórico, se bem avaliado, existe ainda uma terceira etapa que equivale ao teste prático. Geralmente, é Solar, minha secretária, quem aplica os testes teóricos, que consiste em uma prova de conhecimentos gerais e específicos do ramo automotivo. São perguntas relativamente fáceis para quem entende o básico, mas complexas o suficiente para escolher os melhores. Eu mesmo me encarrego de verificar as fichas e corrigir a prova dos que fazem teste para designer, já que sou aquele quem vai os guiar durante todo o treinamento.

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