03. Velho Amigo

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"Velho amigo, o que procuras?
Após tantos anos fora, voltas
Com imagens que cultivaste
Sob céus estrangeiros
Distante de tua própria terra."

George Seferis

PAT BROWN ERA UM HOMEM de boa aparência, com sobrancelhas bem formadas e grossas, cabelos espessos na altura do queixo, e pele levemente morena

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PAT BROWN ERA UM HOMEM de boa aparência, com sobrancelhas bem formadas e grossas, cabelos espessos na altura do queixo, e pele levemente morena. Limpava o balcão à sua frente e, após terminar de fazê-lo, guardou o pano úmido e colocou o avental sobre a camisa xadrez e jeans desbotados. Era o proprietário do DUSK, um dos vários bares de Corbeauford, e diziam que o lugar pertencia à sua família há mais de cem anos — embora, estranhamente de tempos em tempos ficasse fechado até que um novo Brown o reabrisse, assumindo os negócios. Pat sempre sorria quando o questionavam sobre isso, e desconversava habilmente.

Era sexta-feira, o que significava que o estabelecimento estaria cheio não apenas de trabalhadores, mas também de estudantes da pequena universidade da cidade que procuravam cerveja e um pouco de diversão, enquanto brigavam para escolher uma música no velho jukebox, pois apenas aos sábados a banda dos rapazes tocava ali.

Quando o relógio marcou cinco horas da tarde, Pat abriu o bar, substituindo a plaqueta de "FECHADO" para "ABERTO". A primeira pessoa a chegar foi Dallas Michaud, que era dono de uma das cinco oficinas da cidade; era um homem jovem de vinte e cinco anos. Havia tido uma vida triste, esse rapaz, com uma mãe viciada que morrera de overdose há três anos, e o pai mecânico que tinha sido atropelado por um caminhão.

— Uma cerveja, Michaud? — perguntou, sorrindo, quando o jovem sentou em um dos bancos altos diante do balcão.

— Sim, por favor — foi a resposta, enquanto Dallas acendia um cigarro — Bem gelada.

Pat entregou uma garrafa para ele e observou as outras pessoas começarem a entrar. Joe Mills e Bill McCarthy chegaram juntos e rindo alto, também sentando nos bancos; Joe trabalhava como vigia no grande cemitério da cidade, e Bill no mercado à algumas ruas dali. De qualquer forma, não importava no que trabalhassem, todos se encontravam ali após o expediente.

Pat gostava de estar entre todos, de ouvi-los e trocar sorrisos, e dar conselhos quando fosse preciso; havia algo de agradável em ajudá-los quando possível, mesmo que com apenas palavras ou pequenas gentilezas, e era bom ver a felicidade em seus olhos.

— Como vai Piper? — perguntou a Dallas após um grupo de jovens entrar pela porta, seguindo caminho até umas das mesas — Não virá essa noite?

— Ela vai bem, está de folga hoje e quis passar um tempo com a avó — o rapaz respondeu, com um sorriso. Era muito bonito ver a forma que seus olhos brilhavam quando falava da namorada, ele a amava de verdade — Comentou comigo que uma moça chegou na cidade, você soube? Passou no DENNY'S para comer, Piper disse. Nunca a viu antes. Veio de outro estado, não lembro qual...

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