Capítulo 2

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  Ao fim da tarde, retornei aos meus aposentos e tomei outro banho a pedido de Jane, que veio me preparar para o baile, após ver a sujeira em meus pés causada pela grama. Ela fez um penteado simples, porém gracioso em meus cabelos, e colocou um colar em meu pescoço.

  — Está deslumbrante, majestade. — Ela falou e eu sorri.

  — Sou grata pela sua ajuda, Jane. Gostaria que pudesse ir ao baile conosco.

  Escutei batidas na porta e, antes que pudesse convidar a pessoa a entrar, a porta se abriu. Era Mary, seguida por Florência.

  — Ah, vocês estão maravilhosas! — Exclamai ao vê-las. Mary se aproximou, ajeitou um fio de cabelo solto que caía em meu rosto e sorriu.

  — Só não mais que a futura rainha de Aires. Se seu objetivo não é encontrar um marido, sinto lhe dizer que será impossível alguém não se apaixonar. — Ela falou e agarrou meu braço, conduzindo-me para fora do cômodo.

  — Se você fosse um homem, já teríamos nos casado. — Brinquei e ela concordou rindo.

  — Certamente, e Florência seria fruto do nosso amor. — Comentou Mary e Florência bateu em seu ombro com um leque. — Ai!

  — Não diga besteiras. — Florência a repreendeu. — Claramente, eu seria um pretendente muito melhor que você.

  — Bem, eu poderia ter um amante... romântico e misterioso. — Falei, e Florência concordou.

  — Belo, cavalheiro e de um bom gosto inegável. — Ela concluiu.

  — Ah sim, seriam o casal mais entediante de todos. Você precisa de alguém que te desafie, alguém que te faça ferver. — Disse Mary, e Florência riu.

  — Quer que Catherine encontre um marido ou um inimigo?

  — Quero que Catherine sinta o amor intensamente. Que entediante seria para ela encontrar alguém que não acenda seu lado mais impuro. Seus romances são interessantes, mas nada supera um bom desafio, é mais excitante. — Declarou Mary e eu apenas neguei com a cabeça.

  — Ah, vejam, chegamos! — Anunciou Florência.

  Assenti, tomando a frente e descendo as escadas. A cada degrau, sentia mais pares de olhos sobre mim, o que, de certa forma, me deixava envergonhada.

  — Aposto meu leque que o primeiro a convidar Catherine para dançar será o príncipe Henrique, ele parecia interessado ontem. — Murmurou Mary.

  Florência concordou, mas logo negou.

  — Você acaba de perder seu leque, tem um homem se aproximando de nós, e não é o príncipe.

  — Estarei fingindo um desmaio. — Brinquei, e ambas me repreenderam com o olhar.

  Respirei fundo antes de sorrir para o homem que agora estava à minha frente.

  — Princesa Catherine, é um prazer vê-la finalmente. — Disse ele, pegando minha mão e beijando-a suavemente. — Me acompanha em uma dança? — Perguntou, e eu dei uma última olhada para minhas damas, que apenas sorriram, e finalmente concordei.

  Dancei com o homem que descobri se chamar Francisco, um duque de boa família e muitas posses, mas nunca desejei que uma dança terminasse tão rapidamente quanto quando ele começou a falar sobre virtude e obediência. Depois, dancei com Charles, príncipe mais novo de onze irmãos. Ele era uma graça, mas fingi um mal-estar quando revelou que seu sonho era se casar e ter onze filhos também. Por fim, dancei com Pietro, que mal conseguia formar uma frase, pois sua atenção estava explicitamente em meus seios.

Segredos Que a Primavera GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora