Capítulo 1

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  A carruagem balançava suavemente enquanto eu e minhas damas de companhia estávamos imersas em um jogo de cartas para passar o tempo. O sol poente tingia o campo com tons dourados, criando uma cena tranquila e serena.

  — O que acham de mais uma rodada, miladies? — Perguntei, segurando um leque de cartas com um sorriso travesso.

  — Certamente, majestade. Estou pronta para vingar minha derrota. — Respondeu Mary, ajustando o decote do seu vestido com um brilho desafiador nos olhos.

  — Guarde sua ousadia para algum príncipe, Mary. Quer me derrotar ou me seduzir? — Brinquei, provocando-a gentilmente. Ela ergueu uma sobrancelha em resposta.

  — Perdão, mas você já parece derrotada, majestade. Vão pensar que está indo a um velório. — Disse ela, implicando pela terceira vez no dia com a cor do meu vestido.

  — Chegamos em Maldar! — Anunciou o cocheiro, e imediatamente senti a ansiedade me inundar.

  — Bom, finalmente! Mais uma hora nessa carruagem e eu desaprenderia a andar. — Falei, tentando não transparecer meu descontentamento.

  Ambas estavam tão animadas com essa viagem que me senti mal por ter reclamado tanto nos últimos dias. Então, prometi a mim mesma que não reclamaria mais, ou pelo menos tentaria.

  Assim que passamos pelos portões do castelo, fomos recebidas com uma cerimônia digna da realeza. O rei Thomas e sua esposa Margot nos aguardavam com sorrisos calorosos de boas-vindas.

  O cocheiro abriu a porta e eu desci, sendo seguida por minhas damas. Caminhei timidamente em direção a eles, sentindo o peso dos olhares curiosos sobre mim. Me curvei, e o rei beijou minha mão antes de sorrir gentilmente.

  — Catherine, querida, seja bem-vinda a Maldar. Espero que sua viagem não tenha sido cansativa.

  — Ah... — Murmurei, surpresa com suas palavras.

  — Algum problema? — Questionou ele.

  — Não, claro que não. Só fiquei surpresa por você saber quem eu sou.

  E então, ele riu.

  — Você é filha de Arthur, a futura rainha de Aires. Todos aqui sabem quem você é. — Disse Thomas, enquanto me conduzia para dentro. — Seu pai foi um grande amigo e aliado. Fico feliz que esteja aqui, mantendo as boas relações que ele construiu em vida.

  As palavras do rei ecoaram na minha mente, um lembrete do peso que agora eu carregava. Eu não estava ali apenas como uma convidada, era uma extensão da influência do meu pai.

  — Quero que conheça meus filhos. — Ele falou assim que chegamos ao hall de entrada. — Este é Henrique, meu primogênito.

  Henrique pegou minha mão, a beijou suavemente e me lançou um sorriso gentil.

  — Princesa Catherine.

  Sorri de volta e me curvei.

  — Príncipe Henrique.

  Observei melhor o homem diante de mim: forte e alto, cabelos claros e olhos azuis. De fato, muito bonito.

  — E este é Matteo, meu filho mais novo e brilhante. — Concluiu o rei.

  Minha atenção se voltou para o outro filho, e me surpreendi com a diferença entre eles. Claro, eram filhos de mães diferentes, assim como eu e Adelina, mas ainda sim, a diferença era gritante.

  Matteo tinha cabelos negros, olhos cor de mel e uma estrutura magra, um pouco robusta, mas não tanto quanto Henrique.

  Me curvando, vi que ele fez o mesmo. Contudo, ao contrário do irmão, não disse nada, apenas me encarava com um interesse evidente, o que me deixou levemente envergonhada.

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