— Não quero brigar crianças...– ele diz e apenas sorri.
Enquanto seguimos caminho, mas dois homens surgiram. Ali foi a deixa pra sairmos correndo.
Sem se quer noção de um rumo, eu apenas o segui, com o fôlego prestes a acabar.
Paramos em frente a um riacho, para pegar fôlego, logo depois dessa corrida repentina.— Você tá bem?– Ele me pergunta, ofegante, se encostando em uma árvore.
Apenas balanço a cabeça confirmando, meu ar estava fugindo.
Depois de poucos minutos, ele se levanta.
— Bom, acho que corremos o suficiente para eles não nos encontrarem.– ele diz olhando ao derredor.
— Eu sou o Mitsuo Takahashi– ele diz e me olha sorridente.— A-Akemi...– respondo nervosa.
Não sabia o que ele iria fazer comigo agora.—Você está um pouco perdida, certo?!.– ele diz e eu concordo.
— Bom, eu te levo de volta.– ele segue em minha frente e eu o acompanho.O caminho foi silencioso, houve comunicação, apenas quando lhe direcionava. Não saia da minha mente o momento passado, as divindades me concederam outra chance. Quem sabe o que haveria de acontecer comigo naquele momento.
— Ah por favor, eu já estou bem perto de casa.– ele para e se vira pra mim.— Pode me deixar aqui mesmo.
— Certo, então está entregue.— Eu lhe agradeço por tudo...
— Não preciso que me recompense por nada, o que preciso não lhe está no alcance.– ele diz me interrompendo.
— Apenas tome cuidado ao sair só.– Ele diz por fim e logo me dá um sorriso caloroso.Há algo nele incomum.
— Minha senhora...– Yumi diz aflita ao me ver .
— Seus pai me perguntaram onde estava, mas menti dizendo que a senhorita estava lendo em seus aposentos, não sabia se iria sustentar essa mentira por mais tempo.– ela dita rapidamente.— Estou bem Yumi.– falo e vou até meus aposentos.
— Já se passou da hora do almoço... – falo olhando pela janela.Minha pequena fuga , quase me custa a vida. Que sorte eu ter encontrado o jovem Mitsuo.
A tarde se passou rapidamente, e em todo os segundos, me vinha a mente a imagem, daquele que me salvara das mãos daqueles crápulas. Os cabelos negros como a noite, seus olhos com cor de avelã, sua pele clara como o brilho da lua e seu sorriso, que faz o sol perder o brilho de inveja do quanto é radiante. Sua gentileza e bondade me tomaram, embora não tenha lhe dado uma mísera palavra, além de um simples agradecimento, ainda as queria ter dado.
— No que pensas Akemi?– mamãe me surpreende com sua aparição repentina.
— Ah mamãe...– falo a observando a entrar.
— Não a vejo desde cedo. O que fazes de tão importante aqui, que a faz rejeitar a presença do jovem mestre Seyji?– ela diz
— Mamãe a Sra amava meu pai quando lhe foi dada a ele?– pergunto e ela pare ia pensar em sua resposta.
— Minha querida, nesses assuntos o amor e o romance são descartados. Os homens são dominados pelo ouro, nada mais importa.– sua resposta não me surpreende
— Então, para a senhora, o amor é algo desnecessário?! Me desculpe mamãe, mas eu não estou preparada pra viver presa a uma vida que não me agrada.– digo quase alterada.
— Chega Akemi!– ela dita autoritária — A vida é injusta com todos... Você é uma ingrata. Tem tudo ao seu alcance, mas prefere hesitar. O amor não passa de uma ilusão, uma mera desconcentração. O amor não te dará uma vida digna, suas roupas, jóias e...
— A senhora só pensa nisso? O ouro também a domina mamãe e eu me recuso a casar com aquele homem.– Digo a interrompendo e saio para fora do quarto.
Caminho até o campo que era próximo.
— Porque? O que precisamos fazer para sermos ouvidas? Ser apenas um enfeite, ou a genitora de um herdeiro. Um ser sem uma mera importância, a não ser, por ser filha de alguém importante.– desabafo comigo mesma deitando na grama verdejante.
— É... Realmente as mulheres e moças sofrem nesse mundo.– Mitsuo surge de repente. Ele sentou em meu lado, cobrindo o rosto do sol.
— Ah você...– falo ao vê-lo, então levanto.
— Por favor, sente-se. Não quero interromper seu desabafo.– Ele diz e o faço .— O que a fez ficar assim?– ele pergunta me olhando.
— Nada de mais... Apenas problemas.– digo mudando minha visão para o horizonte.
— Certo, se poupe de tanta preocupação. A vida é linda demais para ser desperdiçada atoa– ele diz calmante.
— Não para quem está destinada a viver presa a quem não quer.– digo desesperançosa.
— Uma lástima. Se me permite, ninguém deveria ser obrigado a ficar com ninguém se não quiser.– ele diz indignado.
O observo dizer o quanto reprova essa atitude, seguro meu riso, para não tirar a seriedade do assunto, quase impossível, suas feições eram engraçadas de mais. Mas o encontrar ali foi um alívio, poder conversar, expor minha opinião sem que me julguem é ótimo. Senti um pouco do que é ter liberdade de expressão. Me senti tão liberta com alguém que vi duas vezes, não sei de onde veio ou a quem está ligado.
— Se me permite, de onde você é?– pergunto.
— Daqui mesmo. Entretanto, vivo uma vida solta, sempre estou me mudando.– ele reponde.– E você ?– pergunta e me dirige o olhar.
— Akemi, filha do Governador de Shirubāmūn, e futuro, obrigada, esposa do Lord Seyji. – falo desanimando na última parte.
— Temos aqui uma futura primeira dama.– ele diz brincalhão.— Eu não me dou bem com os poderosos daqui, fujo sempre que posso.– Dita sorridente abraçando os joelhos, como uma criança.
— Gostaria de fugir também – Digo e logo em seguida fico de pé.— Então senhor, Mitsuo Takahashi, foi um enorme prazer. Uma pena a conversa ter que parar aqui, mas ainda podemos nos ver, se quiser é claro – Falo.
— Bem, por mim tudo bem. Vejo vossa excelência aqui, amanhã.– ele diz e lhe dou um sorriso.
Me curvo e me retiro.
Uma alma feliz, seria tão se a liberdade me viesse assim, mas não, minha realidade é outra. Foi tão bom respirar ar puro, sem qualquer intoxicação que saia da boca de qualquer um membro de minha família. Eu conto as horas, os minutos e os segundos para que o amanhã chegue depressa.