Oi, estou de volta tão rápido. Que alegria!!
Bem vindos ao sofrimento. Beijos.
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Camila entrou no hospital quase tropeçando, seu coração batia descompassado no peito. As mãos estavam trêmulas de medo pelo que ouvira na chamada de Alycia. Cada passo parecia um esforço monumental enquanto corria pelos corredores, sem prestar atenção aos olhares curiosos dos outros pacientes e funcionários. A iluminação fria e estéril fazia o ambiente parecer ainda mais opressivo. Mas ainda pior que a opressão daquele lugar era a de sua mente, impondo sua culpa a cada mísero instante que se passava.
O cheiro forte de antisséptico invadia suas narinas, trazendo à tona memórias de dias atrás que, com tamanha inocência, acreditou serem os últimos daquele pesadelo sem fim. Pelo visto se enganou mais uma vez. As paredes brancas refletiam a luz fluorescente, criando sombras duras que pareciam dançar em seu campo de visão. O piso de linóleo brilhava sob seus pés e cada passo ecoava pelo corredor vazio, amplificando seu pânico interior. Camila mal conseguia respirar. O ar parecia pesado, como se cada molécula estivesse impregnada com a ansiedade e a dor daqueles que passavam por ali. Sua mente fervilhava com uma cacofonia de pensamentos caóticos, uma mistura de medo e culpa que parecia sufocá-la a cada segundo. Ela sabia que algo terrível havia acontecido com Lauren, mas a incerteza do que a aguardava fazia seu coração martelar em seu peito como um tambor descompassado.
Os rostos dos enfermeiros e médicos que passavam por ela eram meros borrões, figuras fantasmagóricas que se moviam em um ritmo frenético, alheios ao seu desespero. As vozes murmurantes ao seu redor soavam distantes, como se ela estivesse submersa em um pesadelo do qual não conseguia acordar. Sentia o peso do olhar curioso de estranhos, mas isso era o menor de seus problemas agora. Finalmente, avistou Alycia ao longe, uma figura familiar em meio ao caos do hospital. A advogada estava de pé, sua expressão era uma mistura de preocupação e determinação, os olhos verdes estavam fixos na porta da sala de emergência. Camila forçou suas pernas a se moverem mais rápido, ignorando a dor que começava a se acumular em seus músculos. Cada passo parecia um teste de sua resistência, um lembrete cruel de sua impotência diante do que estava acontecendo.
Alycia a viu se aproximando e correu para encontrá-la. Sem palavras, as duas se abraçaram brevemente, em um gesto de apoio mútuo em meio ao turbilhão de emoções.
— O que aconteceu? — Camila finalmente conseguiu perguntar, sua voz era rouca e trêmula. — Nem consegui chegar em casa, apenas fiz a volta de onde estava quando você me ligou. Onde está Lauren? E Clara?
Alycia respirou fundo, segurando as mãos de Camila com firmeza.
— Clara saiu daqui agora, foi para a ala onde está Lily. Ela está arrasada com tudo o que vem acontecendo à sua família — a arquiteta sentiu seu peito doer com as palavras da advogada. — E Lauren está lá dentro — disse, apontando para a porta de emergências. — Parece que foi uma...uma hemorragia. Está complicado, mas ela está sendo atendida agora e está lutando para ficar bem.
Camila sentiu o chão sumir debaixo de seus pés. As palavras se perderam enquanto tentava entender a gravidade da situação. Sentiu-se impotente, sua mente fervilhava com possibilidades terríveis, e o eco das palavras sobre o tempo ainda ressoava em seus ouvidos, como um lembrete constante de sua própria maldição.
— O que causou essa hemorragia, Alycia?
— Eu nem sei como te dizer isso, mas... mas eu não posso deixar você às cegas e... — Alycia parecia ainda mais nervosa. Não queria tomar aquela responsabilidade para si, mas seria injusto não contar a verdade para a arquiteta. — Lauren estava grávida até então — Camila ficou paralisada por um momento, tentando processar a informação. — Foi inseminação, era uma surpresa para você que ela revelaria no casamento, como um presente, mas tudo veio a acontecer e... — a voz da advogada estava embargada.
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Sign of the times
FanfictionA misteriosa casa no final da rua abrigava uma misteriosa mulher. A arquiteta Camila chamava atenção pelo silêncio ao qual levava sua vida. Sempre sozinha, vivendo em Amsterdã, ela sabia bem como era ser castigada. Sim, castigada pelo tempo. A mald...