Triginta unum

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Eu estava com saudade de vocês. Como estão? Espero que bem! Bom, esse capítulo tá uma delícia porque há um misto de sentimentos nele e surpresas sobre o passado da nossa arquiteta também hahahahahahah

Quem tá curioso????

Ah, e vamos agradecer a pessoa mais linda do mundo chamada Bekinha por tirar uma parte do seu tempo livre para me ajudar com algo que tem no capítulo de hoje. E precisamos agradecer também a outra pessoa mais linda do mundo chamada Dani que sempre está disposta a me ajudar com coisas sobre Sott. Amo muito vocês duas!

Agora vamo???

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Ela não era para todos. Em sua vida não cabia muita gente. Seu mundo era cheio de surpresas, grande parte sempre tristes. Suas palavras eram formais, impactantes e elegantes porém soltas, sem sentido, sem abrigo. E seus dias... bom, eles costumavam ser vividos em preto e branco e apenas isto.

Antes era assim...

Porque agora, aquele delírio de cores e flores lá fora era sua maior vitória.

Sentada de frente para uma tela não mais em branco, a arquiteta misturava as tintas em sua paleta, preparando-se para mais um traço. Camila aproveitava o despertar da primavera e toda sua deslumbrante divisão de contrastes, pintando o que conseguia enxergar através das vidraças da janela daquele lugarzinho que tanto amava em sua casa.

O estúdio artístico que construiu com tanto empenho e ternura guardava mais que suas pinturas. Aquele estúdio guardava suas histórias, seus sentimentos, suas cores, dores, guardava sua essência. Assim como o resto da casa seu piso era amadeirado e tinha as paredes claras. Havia uma enorme janela que tomava conta, oferecendo luz suficiente ao ambiente. Na parede, a esquerda, uma estrutura alta comportava suas telas pintadas, embaixo dela ficava suas espátulas, tintas, gessos, paletas, diluentes e solventes. Havia também uma estante adjacente cheia de livros, cavaletes espalhados por todos os lados, quadros terminados e não terminados. No outro lado uma pequena elevação tomava o piso e nela, havia um colchão de casal embutido com travesseiros e cobertores confortáveis. Algumas cadeiras e caixotes, duas mesas quase que alinhadas, um vaso com violetas, cortinas de seda e cheiro de encanto.

Sua paz. Seu descanso. Seu canto.

Observando a paisagem que se formava a partir do seu pincel, a arquiteta se certificava de usar o máximo de cores da maneira mais correta possível ou não poderia chegar nem perto de como parecia seu quintal agora. Com a nova estação, o jardim de Camila havia florido ainda mais, além das violetas coloridas outros tipos de flores também apareceram por lá. Um verdadeiro milagre.

A arquiteta parou por um instante para admirar aquele começo de noite. Era como se o tempo estivesse propício para a arte pois até mesmo o céu parecia estar tingido em uma harmoniosa mistura de rosa, roxo, laranja e amarelo, presenteando a visão dos cidadãos holandeses. O sol se despedia para dormir cantando o horizonte, lá onde o Rio Amstel morava e, um moinho enfeitava ainda mais a vista, digna de uma pintura do honroso e tão talentoso Claude Monet.

― Eu sabia que você era boa, mas não sabia que era tanto ― a voz da Tournant invadiu o ambiente, fazendo a arquiteta virar-se na cadeira e olhar para trás, para a porta. Lauren estava encostada na soleira com uma sacola do bistrô nas mãos.

― Mijn lot! Que boa surpresa, meu amor! ― levantou-se rapidamente e colocou a paleta de tintas e o pincel em cima de uma das mesas ― Venha. Entre.

Lauren adentrou no estúdio com um grande sorriso e Camila a beijou os lábios, abraçando-a apertado em seguida, sujando um pouco sua noiva que não se incomodou. A verdade era que ela estava com tanta saudade da Tournant que nem sequer parecia que haviam se visto no dia anterior. Estavam se vendo bastante depois do pedido de casamento. A arquiteta dormia mais com Lauren, no apartamento de Lily, do que em sua própria casa. Também eram raras as vezes que a americana fora para a casa da arquiteta, por opção de Camila, é claro.

Sign of the timesOnde histórias criam vida. Descubra agora