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"When you're in the trenches and you're under fire I will cover you..."
O copo estava meio vazio, os dedos finos e longos estavam protetoramente ao redor do vidro, já não sentia a temperatura fria do líquido. O bar estava vazio, poucas pessoas conversavam espalhadas por ali. Escutava o zumbido recorrente no ouvido esquerdo, seu ombro queimava e os arranhões em seus braços por baixo do grosso casaco de couro ardiam, mas nada lhe incomodava tanto quanto o sentimento amarrado no meio de seu peito.
Na outra mão, sobre o balcão desgastado e de madeira, segurando firme entre os dedos estava um pedaço de papel, era velho, não fazia ideia de como não havia se deteriorado completamente. As bordas estavam gastas, manchadas, arranhões, marcas de dobras pelo tempo que a tinha em seu bolso. No papel, duas pessoas, conseguia se reconhecer mesmo com os cabelos ainda escuros, tinham acabado de completar dezenove anos, suas bochechas saltadas e nenhuma cicatriz em seu rosto...tinha certeza de que seu coração também era completamente limpo àquela época.
Ao lado, também com seus cabelos escuros e sua característica franja, estava ela, sua melhor amiga da vida inteira, sua irmã. Lalisa.
Ela tinha um bico nos lábios, se lembrava perfeitamente da sequência da foto, ela sorriu, fez uma piada qualquer e deu sua famosa gargalhada sozinha. De olhos fechados, conseguia escutá-la rindo e gritando seu nome no avião para envergonhá-la, seu peito estava pesado e sua mente em completo silêncio, naquele dia, apenas a Lisa de dezenove anos ocupava aquele espaço.
Haviam se conhecido na escola, ela, recém-chegada da Austrália com sua mãe após largar um casamento quebrado e uma vida difícil, e Lisa, recém-chegada da Tailândia com seu pai, um homem da alta patente do exército coreano, que havia sido transferido de volta para casa. E desde o primeiro dia, elas sabiam que estavam destinadas a ficarem juntas para sempre, eram inseparáveis, mesmo com a vida tão diferente uma da outra.
Lisa era medrosa e tímida, as crianças maldosas de sua escola costumavam implicar com sua franja, com sua altura, com sua voz, seu sotaque e principalmente por ser imigrante e tudo só piorou quando descobriram que Lisa era órfã de mãe. Rosie era bolsista, apesar de ser brilhante, o sistema por si só já a segregava da elite escolar, estava acostumada e estar pelos cantos e foi quando conheceu Lalisa.
Apesar de conhecer como as coisas funcionavam para a sua classe, sua áurea nervosa e irritada desde criança trazia junto um senso de justiça em que não se aguentava quando presenciava covardias ou injustiças. E quando Lisa passou a ser alguém para si, não permitia que saíssem ilesos após fazer sua melhor amiga chorar...puxava o cabelo das meninas, colocava o pé na frente para que caíssem, as empurravam e com os meninos, uma vez havia feito o nariz de um deles sangrar.