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Sob o forte brilho do sol ao meio-dia, Helena encontrou-se diante de uma sala escura. Sem luzes ou vela, a única iluminação que adentrava o local era da porta por onde tinha passado, mas esta foi fechada quando ela passou, deixando-a no mais completo breu.

Seus passos ecoaram no local quando ela começou a andar para o vazio, e não demorou muito para que gritos desesperados, começassem a ser ouvidos. que fizeram os pelos de seu corpo arrepiarem e ela querer retroceder, mas obrigou suas pernas a continuarem. Sabia que estava agora sendo televisionada para toda a arena, seu povo e seus inimigos estavam agora mesmo assistindo-na enquanto buscavam enxergar nela um resquício daquilo que fora ensinada a mascarar.

Fechou seus olhos e tentou concentrar-se. Seu coração saltava pra fora de seu peito, e o ar parecia rarefeito, mas ela não podia se entregar.

--- Voce é uma Zion, uma Sirst, não fraqueje. --- repetiu os dizeres de sua mãe para si. E respirou fundo.

As vozes mudaram seu tom, eram agora de acusação, levavam-na para um lugar que não estava preparada para encarar, mesmo que fosse só mais um entre a dúzia de testes antes da cerimônia de Warlem, ela não queria passar por aquele.

As vozes gritavam o que ela mais temia escutar, havia falhado, era uma perdedora, tinha manchado o sobrenome de sua família e não o merecia. A voz de sua mãe se sobrepunha a todas as outras, assim como a de seu irmão, Saulo. Eles tinham confiado nela, como pudera ser tão egoísta? Seu povo agora passaria fome, porque ela não tinha sido o suficiente.

Apesar do grande medo que sentia reverberar em cada célula de seu corpo, Helena obrigou-se a continuar andando, o rosto, visto de fora, estava cheio de determinação e coragem, apesar da guerra que acontecia em seu interior. Fingir que nada lhe abalava era uma das poucas qualidades das quais ela se orgulhava mais do que sua habilidade de luta.

Mais uma vez, puxou o ar, continuando sua caminhada à escuridão.

De repente, uma porta foi-lhe aberta no horizonte escuro, algo semelhante a chamas parecia tremeluzir através dela.

Helena acelerou seu passo ansiando em passar pela porta e notou tarde demais a armadilha das sereias. Uma sensação de choque tomou conta dela quando pisou em falso sobre um lago congelado no qual afundou. O frio penetrou seu interior de tal forma que sentia seus osso doerem, e seus dentes rangendo um contra o outro.

Sem conseguir pensar muito, tentou voltar por onde tinha vindo, porém, a correnteza já a tinha feito sair do lugar, e não era mais possível voltar.

Suas vestes, com várias faixas onde se escondiam armas brancas, grudavam em seu corpo, e tornavam cada movimento ainda mais difícil.

Sem conseguir respirar, e sem saber se conseguiria sair dali, Helena obrigou-se a continuar. Desistir era quase pior do que perder. E se você era de Zion, nenhuma das duas coisas era suficiente. Era vencer ou morrer, sem terceira opção.

Com cada músculo do corpo tremendo e a agonia da falta de ar se tornando mais intensa a cada segundo, Helena lutou para manter sua mente clara. A sensação de afundar no lago congelado era agonizante, mas precisava encontrar uma solução.
Se deixar levar pela correnteza parecia a opção mais fácil, porém ela sabia que não podia confiar nas sereias, naquela guerra, elas também eram inimigas. Todos eram.

Ignorando a dor e o frio que a consumiam, ela fixou seus olhos no pequeno brilho flamejante acima do gelo, e pegando sua faca, concentrou toda a sua força em um impulso para cima, atingindo o gelo com a arma e o trincou. Guardou a arma e socou.  
Sem muito esforço, Helena rompeu a superfície do lago, emergindo ofegante e trêmula. O ar gélido encheu seus pulmões famintos, trazendo um alívio momentâneo. Entretanto, a correnteza implacável continuava puxando-a para longe de seu recém adquirido local seguro, e o gelo onde se segurava parecia derreter a cada segundo com o calor de sua mão.

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⏰ Última atualização: May 23 ⏰

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