[18 de Abril de 1982]
[Sexta-feira: 8:10 A.M]
O tempo passou como um piscar de olhos. em um dia, eu era apenas a "aluna nova" que não socializava com ninguém. e no outro eu fazia parte de um trio incrível. tão incrível que a minha perspectiva de ver não só a escola como o mundo mudou. A Hilda, pra mim, era uma irmã de outra mãe. um amor de pessoa, aventureira, energética e sempre positiva. A Frida era absolutamente magnífica! Descobri que ela também estudava bruxaria e marcamos sessões a sós pra estudarmos juntas. Eu, ela e Kaisa, obviamente. E o David...o "menino mão de pluma"...ele é simplesmente o menino mais fofinho que eu já vi! Descobri que ele não era gay, só era mais afeminado por andar muito com as meninas. Mas sinceramente, eu não poderia ligar menos. Essa "feminilidade" dele o tornava único. Pelo menos pra mim. Mesmo sabendo que fazer parte desse grupinho traria pessoas muito inconvenientes, eu não os abandonei. Eu não deveria deixar de fazer amizades por conta de terceiros, não é mesmo?
Em um certo dia, lá estava eu. Dessa vez não sozinha e sim com o David. Marcamos de chegar cedo pra ficarmos de bobeira na frente dos portões do pátio esperando pelas meninas. Ele estava sentado na calçada me observando brincar no meio fio. Ele era uma das únicas pessoas que eu me sentia confortável de fazer palhaçada enquanto estivesse olhando.
— David, você sabe quando as meninas vão chegar? — Perguntei, sem tirar os olhos dos meus pés que eu tentava equilibrar no meio fio. Percebi que ele sorriu por ver um esbranquiçado dos seus dentes pelo canto do olho.
— Pra ser sincero...não. Elas sempre chegam a esse horário então deduzi que elas já teriam chegado. — Ele respondeu. Típico do David deduzir coisas que no final estão completamente erradas. Mas eu não ficava brava com ele por isso, muito pelo contrário. Parei de brincar no meio fio e ri baixinho, caminhando até ele e se sentando ao seu lado.
— Você não pode simplesmente deduzir algo e fazer algo a respeito como se sua dedução fosse a verdade absoluta. — Eu disse. Eu o chamava atenção, mas lá no fundo eu gostava.
— Eu posso sim. Ninguém disse que eu não podia. — Ele retrucou, estufando o peito, colocando as mãos na cintura e erguendo o queixo como um cavalheiro. Ergui uma sobrancelha e baixei o queixo dele com a ponta dos dedos.
— Eu disse. Eu disse que você não pode. — Respondi, sem perceber que talvez nossos rostos estivessem perto demais. Nem ele percebeu, no final das contas. Pus a mão no cabelo dele e tirei uma pequena joaninha. — Tem um inseto no seu cabelo.
— Os insetos gostam de mim, Anny. Você ainda não percebeu? — Ele retrucou em um tom confiante. eu gostava quando ele agia dessa forma mesmo que ele não fosse realmente daquele jeito. Gostava até demais.
— Okay...eu não sei o que deu em você, mas eu gostei dessa sua mudança de comportamento. Você agora parece bem cheio de si. O que houve? — Perguntei. Eu estava genuinamente curiosa sobre o motivo dessa mudança e esperava que ele me desse um motivo plausível. Não que eu não gostasse dessa mudança. Eu achei essa "nova personalidade" bem interessante.
— Sinceramente, nem eu sei. Eu só sinto que deveria agir mais confiante hoje. Tipo, eu me olhei no espelho e falei tipo: "hoje não vou abaixar a cabeça pra ninguém." Entende? — Ele respondeu. Ri baixinho e ajeitei a gola do meu uniforme.
— Isso é bom. Não se deve abaixar a cabeça pra ninguém mesmo. Nem mesmo pra aqueles meninos que ficam de gracinha com a gente. A Hilda quase foi pra cima deles um dia desses. — Respondi, me recordando do tanto de esforço que tive que fazer pra segurar os braços de Hilda, que estava prestes a cair no soco com os meninos.
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Entre Insetos e Feitiços (Hilda)
FanficTW: OC X CANON! Anny é uma bruxa em ascensão que fez incríveis amizades logo no primeiro dia de aula, sem saber que iria passar por grandes perrengues em prol do amor repentino que sentia pelo "menino inseto". Ela passará por aventuras mirabolantes...